terça-feira, 6 de novembro de 2012

Até que enfim notícias do mês de outubro!

Este foi o presente que ganhei dos amigos e irmãos da Pastoral Hebraica em Haifa na última missa que participei no dia 8 de setembro (aniversário de Nossa Senhora). É um trabalho em pano como patchwork, lindo, coisa do Pe.Roman que me surpreendeu com esta delicadeza e escolheu o dizer, tirado do livro do Cântico dos Cânticos 6,3: Eu sou do meu Amado, e o meu Amado é meu. Em hebraico como está escrito acima é: Ani le Dodi, ve Dodi li. Fiquei muito emocionada na hora e bem sem graça mas guardo esse presente como um tesouro da missão onde eu recebi mais, muito mais do que dei. Talvez eu ainda de algumas voltas no mundo mas meu coração estará para sempre em Israel e se pudesse gostaria de morrer em Jerusalém... 

Acho que hoje acordei meio dramática e saudosa, mas enfim, consigo partilhar novamente no blog algumas das aventuras que tenho vivido em Roma neste novo tempo de graça e de missão que é uma continuidade da obra intensa do Senhor em minha vida desde a minha consagração que coincide com a ida para a Terra Santa.

No princípio de outubro 'tive que ir para a França' :-) para a missão de Toulon, por cinco dias para quebrar o galho da missão de Roma por causa de um desencontro. Pense num sacrifício bendito! Precisava que alguém levasse um material para o Fórum Carismático que acontecia na cidade no fim de semana e, como o único alguém desocupado era eu, acabei ganhando esse presente de conhecer o sul da França - eu cheguei em Nice de avião, que fica somente a uma hora de Roma - no último fim de semana de sol antes do frio chegar. Foi uma experiência de beleza pegar um TGV (para quem não sabe um trem de grande velocidade) e por uma hora e meia cortar o sul do país contemplando o Mediterrâneo e campos de golf numa harmonia de cores preciosa. Passei por Cannes, uma das estações no percurso mas não tinha tapete vermelho... Legal mesmo foi ser chamada de madame, 'merci madame' ao comprar o bilhete de trem. Comi muito pão com manteiga, pão e manteiga de verdade e visitei lugares que nunca pensei conhecer. Essa experiência inusitada e muito repentina - quando  me pediram para viajar era quase 11 da noite e viajei no dia seguinte na hora do almoço - me fez pensar na morte e no céu. Digo isso porque pouco antes da hora do convite estava pensando no que faria no dia seguinte e me preparava para fazer uma faxina no Centro GP II. E no dia seguinte, na hora da faxina, lá estava eu, refestelada, cercada de beleza e de surpresa, prestes a conhecer uma missão com irmãos muito bons e santos que eu não conhecia, podendo participar do Fórum Carismático e ainda passear! Muita abundância por um favor tão pequeno... Acho que a morte repentina deve ser assim: a gente se programa para uma coisa bem simples e prosaica a ser feita com fulano e beltrano no dia seguinte ou daqui a pouco, e quando se dá conta está no Céu, abraçada definitivamente por Jesus, vendo-O face a face, sem mais qualquer limite, tristeza, dor ou culpa, recebendo mil vezes mais do que poderiam merecer meus pequenos atos de amor... A experiência da França me fez pensar que a morte pode ser uma surpresa feliz.

E a foto? Foi uma feliz idéia de chamar a atenção dos jovens e de todos para a Jornada Mundial da Juventude no Rio ano que vem. O Papa Bento XVI tendo aos pés um All Star vermelho. Sou testemunha que tinha fila para sentar do lado do Papa e tirar essa foto com ele.

Em Toulon, passeando caminhando na direção do porto onde vi os iates mais maravilhosos do mundo, que só tinha visto em filme e revista. Tantos que parece estacionamento de carro. Enormes, verdadeiras casas... infelizmente a bateria do celular acabou com essa foto e quem tirou as fotos seguintes esqueceu de me enviar depois. 'Tive' que ficar em Toulon mais 3 dias e só voltar na quarta-feira porque a passagem era mais barata... mais um sacrifício.

Um dos passeios perto de uma das praias da cidade. Água azul translúcida do belíssimo Mediterrâneo. Amei de paixão. Engraçado a diferença de cultura: como havia ainda bastante sol a praia estava cheia de gente e muitas mulheres de topless, de todas as idades, mas como os franceses não tem uma cultura sensual como a brasileira, tudo parece tão natural que a gente nem nota... Mas é bom preservar a modéstia e um pudor sadio. Uma das tristezas porém, foi saber enquanto conversava com o Bruno e o Gabriel dessa missão, do número de pessoas, e jovens principalmente, envolvidos e comprometidos com o satanismo... chega a dar dor na alma. Por isso a urgência da nova evangelização, o desejo de dar a vida até o fim para que jovens, e todas as pessoas de todas as idades, possam fazer a experiência do amor visceral, encarnado, forte e eterno de Jesus, o enviado de Deus Pai para nos livrar de todo pecado que nos faz morrer... Ouvi uma homilia estes dias que me marcou o coração pois falava que quando o Senhor na Palavra nos exorta a não pecar parecendo até duro, ou quando Jesus diz à pecadora pública 'vá e não peques mais' Ele está nos dizendo: eu não quero te ver mais sofrer, eu quero você livre sem se ferir, não peques mais, em Mim você pode isso'. Não é dureza, é amor absoluto.
Só para relaxar: uma cerveja para três porque praia combina com cerveja! E viva a França!

Visitando o Monte Faron um dos três mais altos e belos montes que cercam Toulon. Na foto estou com três jovens: primeiro a Talitha, filhad do Nasser e da Debrinha que eu conheci bebê na minha primeira experiência na Comunidade Shalom na década de 90, que estava a caminho de Londres para estudar inglês por três meses, e com a Andrea Saad, da missão de João Pessoa que terminava seu tempo de estudo do inglês em Londres e depois do Fórum programava uns últimos passeios até voltar para casa. E o rapaz é o Gabriel, estudante de Psicologia, que faz uma experiência de um ano em Toulon, como jovem em missão, e é filho da Socorro Frate e do Constantino, gente antiga do Shalom de Fortaleza. Conversamos muito sobre música e falamos dos músicos católicos do tempo que eu tinha a idade dele: Keith Green, John Michael Talbot e até o Bob Dylan na sua fase cristã antes de voltar às suas raízes judaicas... Conviver com esses jovens irmãos foi uma alegria só sem contar o Bruno da Comunidade de Vida que foi nosso cicerone e tem uma voz belíssima e uma simpatia ímpar.

Só para registrar a beleza, as cores, o sol, o vento, a beleza da tarde de outono  no Monte Faron.

Amanda Pinheiro uma das maiores artistas do Shalom, que voz, que unção e que simplicidade de coração. Ela tem dois segredos: o primeiro é que ela é e quer ser sempre mais toda de Deus e o segundo é que ela é de Minas Gerais :-) Conversamos horas em mineirês e sobre comidinhas e jeitos de ser e de falar dessa terra brasileira que quem 'conhece não esquece jamais' e que abusa do direito de gerar grandes músicos. E viva a Amanda missionária em Toulon há dez anos! Tirei essa foto pensando na minha sobrinha Alessandra que sempre sonhou em conhecer a Amanda pessoalmente.

Mudança de cenário: Praça de S.Pedro no Vaticano na missa de abertura do Ano da Fé e comemorando os 50 anos do encerramento do Concílio Vaticano II. Todos da Comunidade Shalom foram e foi um momento privilegiado vivido por nós missionários. Na foto estamos Fátima Lima, eu, Fabiana e Sarah, jovem italiana vocacionada da missão de Civita Castellana. No fim da missa pudemos ver o Papa passar bem de pertinho e devagar no meio da multidão. Ele está bem velhinho mas sua presença cheia de Deus é impressionante. Nessa missa a Tatiane Ximenes que é postulante da Comunidade de Aliança e está em Roma estudando arquitetura por um ano num programa entre as universidades brasileira e italiana, foi escolhida para ser uma das jovens a representar a juventude e receber uma carta das mãos do Santo Padre. Ela ficou muito emocionada e na hora deu branco e ela não conseguiu dizer nada do que tinha programado. Foi o Santo Padre então que pergutou se ela era italiana e depois da resposta ao ver que ela usava o botton da JMJ no Rio sorriu e disse: nos vemos no Rio ano que vem! Ela assentiu e completou: eu sou da Comunidade Católica Shalom. Ele sorriu e disse: Ah! e completou: Grazie! A Tati respondeu: Grazie! E ambos repetiram grazie mais algumas vezes enquanto ela saía. Este Papa é muito humilde...
Uma vista mais geral da praça de S.Pedro pouco antes da missa. Uma experiência muito linda que tive é que na hora de esperarmos o santo Padre passar de Papa móbile, eu fiquei do lado de um jovem oriental que eu pensei que fosse seminarista coreano. Quando eu fiz uma pergunta para alguém da Comunidade para saber de que lado o Papa vinha, este jovem me respondeu em italiano e começamos uma conversa frouxa sobre aquela missa, a vontade de tirar uma boa foto de Bento XVI, etc. Eu me apresentei e quando perguntei quem e de onde ele era descobri que ele era um sacerdote chinês de uma diocese perto de Pequim que estuda em Roma as Sagradas Escrituras, já fazendo doutorado (e eu achando que ele era seminarista). Fiquei comovida porque sei o que isso representa. Pedi para tirar uma foto e ele ficou reticente...Acrescentei: eu não vou nem mostrar sua foto nem tampouco dizer seu nome mas contar a história eu posso. Que o Senhor renove as vocações e a fé profunda do povo chinês. Que o Beato Giovanni XXIII reze por ele e pela igreja da China.
Esta foi outra grande novidade deste tempo de missão: participar do Musical Christus adaptado para 5 minutos (o original são 20 minutos se não me engano) que foi apresentado para os bispos que participaram do Sínodo da Nova Evangelização. Foi uma noite cultural de lazer que a cidade de Roma ofereceu aos bispos reunidos no Teatro mais chic, moderno, bem equipado de toda a cidade. Impressionante a acústica, as cochias, as dependências, os assentos... e nós lá, da Comunidade Shalom fazendo também a nossa oferta pelo tanto que o Senhor nos tem dado em termos de arte e de evangelização. Eu só participei porque precisavam de gente em cena e aí todos os 'meninos e meninas' foram convocados. Ensaiamos duas noites e um ensaio geral no dia no palco. Graças a Deus o autor do musical e diretor estava aqui e nos ajudou, adaptou e com seu jeito amoroso e exigente, cheio de confiança e muita experiência de que Deus é especialista em tirar leite de pedra, fez isso acontecer mais uma vez. Foi lindo! Eu quase não vi nada porque estava sem óculos mas vi  sim e senti muito no coração a alegria da ressurreição, e a alegria manifestada no todo, no grupo, no fazer junto, no ser shalom junto, por amor a Jesus, por amor à Igreja, por amor à Humanidade, por amor... Esta foi a foto da segunda noite de ensaios já com as roupas, no salão paroquial aqui em frente de casa, em Roma. Nessa experiência de teatro eu só me lembrava dos artistas da família, em especial do meu irmão caçula, o Bill que estuda teatro e é ator de verdade.

Depois de espetáculo - postei umas fotos no Facebook que me enviaram - fomos todos de ônibus tomar sorvete na Giollite que é a sorveteria mais famosa de Roma e a preferida do diretor, do amigo e grande irmão Wilde Fábio. E viva o Senhor que nos enche a vida de tantas surpresas e pequenos grandes mimos enquanto esperamos a manifestação da sua vontade. E Ele faz isso porque a sua misericórdia é eterna!
Shalom!

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