terça-feira, 28 de abril de 2009

Procissão de N.Sra do Carmo

Réplica da imagem de Nossa Senhora do Carmo que fica no interior da igreja do Carmelo de Haifa construído sobre a gruta que a Tradição judaica e cristã diz ser o lugar onde o profeta Elias rezava. Na verdade há muitas grutas mas esta, estrategicamente localizada, no alto do monte tendo vista para o mar, justifica o relato do texto bíblico onde o profeta vê uma nuvenzinha do tamanho de seu punho como presságio de chuva depois de três anos de seca. A chuva traz a salvação assim como Maria Santíssima é aquela que discretamente com o seu sim nos trouxe e deu a salvação, dando-nos seu Filho Jesus. Os auto-falantes ficam por conta da breguice que existe em todas as culturas...sem comentários.

As crianças foram levadas às pencas para a procissão o que eu achei sensacional e estes dois, em cima do carro, de celular em punho, me cativaram. Fofos demais!

A Kathryn, uma amiga voluntária que trabalha em Ibillin me enviou esta foto preciosa tirada de um prédio, no meio do caminho rumo ao Stella Maris. Desse jeito tem-se a noção de que havia muita gente, católicos de todos os ritos e não somente de Haifa, mas também das vilas próximas, que vieram prestar sua homenagem cantando e rezando, e testemunhar seu amor à Mãe do Senhor, a mais bela de todas as ovelhas do rebanho do Bom Pastor.


Visão contrária, de quando saíamos da avenida principal e seguindo à esquerda subiríamos a montanha pela encosta rumo ao Stella Maris, devolvendo a imagem de onde ela partiu. Graças a Deus muitas pessoas participaram sendo esta a manifestação cristã pública maior em todo Israel. Não podemos esquecer que não se trata de turistas mas de população local, fiéis árabes-cristãos, cidadãos israelenses.



Essa foto é só para mostrar as pessoas se aglomerando para ver a procissão de Nossa Senhora do Carmo passar. A procissão sai da paróquia latina de S.José, bem perto da Beira-Mar e segue pela cidade de Haifa até subir uma longa e linda ladeira que circunda parte do Monte Carmelo, que dá no grande convento Carmelita chamado Stella Maris onde se encontra a imagem original de N.Sra. Como já falei de outras vezes, monte carmelo é uma grande cadeia de montanhas do norte da Galiléia.

Cristina e eu posando para a foto no meio da procissão que começou às 16 e acabou às 19. O pior é que a gente sobe a ladeira a pé e depois quando acaba o evento desce tudo de novo... Bem diz o ditado: para baixo todo santo ajuda, nem precisa que seja Nossa Senhora.





Quem disse que nordestino e brasileiro é que tem mania de fantasiar as crianças de S.Francisco, Pe.Cícero ou sei lá o que? Foram os árabes que inventaram isso e influenciaram os espanhóis e portugueses até eles levarem esse costume às terras americanas. Vi muitas famílias, muitas crianças, gente de todas as gerações e algumas, como essa menininha, vestida de azul para lembrar Mariam, a Mãe de Jesus.

Tentei dar um close das grandes autoridades eclesiásticas presentes. Da esquerda para a direita: superior dos Carmelitas, Arcebispo Católico Melquita Elias Chacour (com quem trabalho), o Patriarca Latino, o patriarca Católico Maronita, um outro bispo latino e o Pe.David, jesuíta, de quem já falei, responsável pela Pastoral Católica Hebraica em Israel.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Que loucura!

Este fim de semana bateu todos os records de atividades expremidas em dois únicos dias, contando com a noite de sexta-feira, obviamente! Tivemos que nos espalhar em equipes para dar conta de tudo, senão seria impossível. É só conferir: dois casamentos, sendo um deles com uma festança, uma ordenação sacerdotal e uma primeira missa, uma procissão de Nossa Senhora, um enterro, uma primeira comunhão. Ainda a visita de três franceses de Toulon mais uma irmã de comunidade, sendo que 'a motorista' da casa, a Lorena, ainda tinha que busca-los e leva-los num espaço de 24h até a estação de trem, em Haifa. Foi um tal de sobe e desce invejável. E para mim, on top of that, ainda fui responsável pela cozinha - almoço e jantar - de domingo, contando graças a Deus com a parceria da Cristina. Sobrevivi! Sobrevivemos! E foi tudo muito jóia demais. Quando dava, tirávamos um cochilo como foi o caso da viagem até Jerusalém para a ordenação.
Sensacional foi a recepção para para 800 pessoas na festa de casamento. Nunca vi tanta comida! O que eu mais gostei, porém, foi a música árabe, tocada ao vivo. Todo mundo dança, de todas as gerações, não tem essa conversa de timidez, vergonha, principalmente por parte dos homens, adulação para poder dançar, ter par para dançar... Eu, Yara e Viviane bem que nos divertimos com a Nédia, a senhora de 70 anos, avó do noivo que frequenta o grupo de oração. Dançamos, melhor, tentamos dançar e nos achamos o máximo! Ninguém é dançarina do ventre, odalisca ou beduína, cheia de véus e de requebros nas cadeiras e nos ombros - e nem quer ser, Deus nos defenda - mas 'deu para o gasto'. Engraçado foi olhar para a mesa e ver toda a turma de casa que não quis se arriscar, com os olhos 'grudados' na gente para ver se o mico seria grande demais. Até que não foi e quem perdeu a festança foi o Leandro que está de férias em Tiberíades.
Preferi não levar a máquina fotográfica por isso nada ficou registrado mas com certeza vou dar um jeito de gravar um CD com as melodias árabes. Eu antes achava esquisito demais, mas com o tempo e com a inculturação, a gente aprende até a gostar. Quando eu for ao Brasil a gente pode mostrar como é...acho que vai ser uma noite de muitos risos, noite comédia. Só tirei fotos da procissão de Nossa Senhora do Carmo e com o Roman, o polonês, neo-sacerdote, mas sobre isso eu converso amanhã. Ainda preciso tirar um pouco do atraso do sono. Só não consigo entender porque a Providência fez com que todas as atividades coincidissem no mesmo fim de semana...

Shalom!

sexta-feira, 24 de abril de 2009

PPE - Páscoa, Parresia e Escravidão

Uma das revelações mais bonitas destas duas últimas semanas do tempo pascal foi o desdobramento do que significa parresia. Para quem não sabe, esta é uma das palavras mais frequentes e mais caras ao Moysés, fundador da Comunidade Shalom. É quase uma sadia obsessão em seus ensinos e partilhas.
Parresia é uma palavra grega usada largamente no Novo Testamento, em especial nos Atos dos Apóstolos e que vindo do Direito designava o ato de defender uma causa. Após Pentecostes este termo vai percorrer as ações evangelizadoras dos apóstolos e designa a intrepidez, a coragem, o destemor com eles e depois desde sempre se prega o Nome de Jesus, a Cruz de Jesus, a Salvação de Jesus Cristo.
As leituras das últimas semanas nos ilustram com que parresia Pedro vai falar, curar, rezar e não temer nada nem ninguém tendo em vista pregar o Evangelho de Nosso Senhor a toda criatura. Sendo dom do Espírito, ou Ele mesmo agindo em nós, devemos ou deveríamos continuamente pedir o dom da parresia para viver e testemunhar a Palavra de Deus, Sua Igreja, o Reino e a alegria da Salvação. Jamais podemos nos esquecer ou deixar em segundo plano o motivo e a razão primeira para a qual a Igreja Católica existe - eu e você existimos se participamos do mesmo batismo: para evangelizar! E isso foi retomado na Evangelii Nutiandi, a exortação apostólica do Papa Paulo VI, de 1975, com brilhantismo e a atualidade que o fim do século exigia.
Tive a supresa de aprender na Páscoa que Parresia designa também andar de cabeça erguida, com a coluna ereta, olhando para o alto. Com a ressurreição nós nos tornamos verdadeiramente filhos legítimos, herdeiros, amados de Deus. No Filho Jesus deixamos de ser escravos. Aos escravos era proibido erguer o olhar, aos escravos era dado o direito de somente olhar para baixo e para o chão. Somente os filhos andam livres, de cabeça e coração erguidos.
E a Páscoa nos relembra e revigora, nos atualiza a filiação divina e nos impregna de parresia para que olhando para o alto, contemplando a Cruz gloriosa de Jesus, continuemos corajosamente anunciando que somos todos filhos amados do Pai, aquele cuja misericórdia é eterna.
E quando rezarmos e estivermos com o Senhor peçamos a ele que nos de parresia e levante nosso olhar e nosso coração até Ele.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Cenas Urbanas: o Calçadão de Haifa

Aos sábados nossa casa tem 'koinonia' que é um termo grego muito chic e apropriado para designar 'convivência', o estar junto entre irmãos, como irmãos. Nem sempre a gente está com 'muita vontade' de participar, quer dormir, escrever email, ler, ficar sozinho... mas decide ficar e participar, num exercício consciente de comunhão e de abertura e até hoje, sempre valeu a pena. Sem querer filosofar demais e tendo em mente parâmetros normais de convivência, experimento mais e mais que todo movimento que me faz crescer em comunhão e alegria, quando me esqueço de meus próprios gostos, de mim mesma e das síndromes de egoismo, me levam a experimentar uma sincera felicidade e me tornam mais enriquecida!
As equipes (os pares) de irmãos e irmãs se alternam na programação do que fazer nas noites de sábado, e vale tudo: um bom filme com pipoca (mas sem guaraná! snif! snif!), mímica e jogos de competição, baralho, também passear em Haifa, em um dos shopping centers para tomar sorvete no McDonald's (a grana só dá para isso, e olhe lá) e ver as belas vitrines. Outro dia fizemos até uma noite de 'Adedanha' (quem se lembra desse jogo?) que foi sensacional. A gente sempre ri e se diverte bastante quando estamos juntos. Graças a Deus as competições são vividas em clima fraterno e ninguém até hoje se destemperou em agressões ou mau-humor, quando começou a perder.
No sábado fomos passear na orla marítima em Haifa, na beira do Mediterrâneo, e pude ver pela primeira vez quão lindo e seguro é o 'Calçadão' daqui. E longo, bem longo, como Leme e Copacabana. Há vários restaurantes, estilo 'barracas de beira da praia' que se tem em Fortaleza, mas um pouco mais sofisticadas e fechadas para poder acolher os turistas também no inverno. Como o clima está bem mais ameno, meia estação, cruzamos com dezenas de pessoas de todas as idades, famílias, casais mais novos e mais velhos, os adeptos da corrida noturna, outros passeando com os cães, que assim como nós, foram relaxar e lanchar ao ar livre, curtindo a primavera.
Há vários espaços públicos com cadeiras, bancos, mesinhas, para as pessoas fazerem pic-nic e nós, adeptos do delicioso-lanche-levado-de-casa, nos assentamos num lugar agradável, debaixo da luz da lua e saboreamos nossos deliciosos sanduiches com refrigerante, arrematados com chocolate ganho pela Páscoa. Depois fomos fazer a digestão caminhando pelo calçadão até as pernas começarem a doer.
O bom da fraternidade é que a gente vai conversando 'fiado' como se diz na minha família, ora com um, ora com outro e assim os laços se estreitam porque a gente vai conhecendo os casos de família, as histórias engraçadas e simplesmente convive. Foi ótimo. Um assunto entretanto que mais nos impressionou a todos foi a segurança... todo mundo de bolsa, relógio, anel, celular, carteira (mesmo que vazia, kkk, como é o nosso caso), sem medo de ser assaltado, agredido, violentado... nessas horas o coração dói pelo Brasil e por toda violência urbana que se vive e se experimenta por lá que nos marcou a todos. A gente sente que o perigo aqui é muito menor e faz uma experiência de respeito e liberdade completamente nova: não é preciso temer!
Aqui em Haifa quando a violência acontece é bomba terrorista mesmo!

domingo, 19 de abril de 2009

Hoje a Festa é Nossa!

Não é questão de tietagem, mas a festa do domingo da oitava da Páscoa é a festa do Carisma Shalom! Tudo bem que é o Domingo da Misericórdia, festa instituída pelo Papa João Paulo II por causa de Sta.Faustina, mas o texto do evangelho de João 20,19ss é o fundamento cristológico da Vocação Shalom! Jesus ressuscitado que aparece aos seus e por duas vezes lhes diz: SHALOM! Recebei o Espírito Santo! e os envia à evangelização, à testemunhar a experiência que tiveram de ressurreição.
Assim como os apóstolos, a maioria dos seguidores do Senhor está mais S.Pedro, ou seja, com pouca instrução (é assim que nos Atos dos Apóstolos o Conselho se refere a S.Pedro, quando ele é preso por ter curado o aleijado), do que para grandes doutores. Quando é necessário o Senhor suscita os Paulo de Tarso, Agostinho, Tomás de Aquino, Edith Stein, ou o nosso ainda vivo e sábio, muito sábio, Joseph Ratzinger, o Papa Bento XVI, que cada tempo e época precisa para aprofundar as Verdades da Revelação. O belo é que no Reino de Deus e na sua Igreja, cada um, com a instrução e o conhecimento de vida ou o conhecimento intelectual que tem, vai fazendo crescer o grande tesouro recebido no batismo: a capacidade de amar, de crer e de esperar.
Tudo isso porém, só tem sentido real se a graça da ressurreição nos alcançar. E para nos alcançar temos que fazer como Tomé, reconhcermos que como ele também queremos tocar, ver, fazer a experiência, não mais porque alguém contou, mas porque eu também quero! E aí, Jesus se faz presente, se manifesta, deixa-se tocar no lado aberto de onde brota tudo aquilo que cada pessoa humana mais anseia que é ser amado absolutamente, sem medidas e para sempre.
A fonte de todo perdão, beleza, liberdade, sentido de vida, experiência de filiação, sentido para a dor, sentido para a morte está no lado aberto do coração de Jesus! É Jesus que nos chama pelo nome, assim como fez com Tomé, e se apresenta pessoalmente. Penso que ao elogiar antecipadamente a fé de todos aqueles que creriam Nele mesmo não O vendo do jeito que Tomé viu, Jesus nos estava assegurando que se manisfetaria ressuscitado a todos aqueles que desejassem conhecê-lo com sinceridade de coração!
Jesus ressuscitado hoje nas igrejas do mundo inteiro se apresentou a nossa frente e nos ofereceu o seu SHALOM. Tomara que ao recebê-lo tenhamos também respondido: Meu Senhor e meu Deus!

quinta-feira, 16 de abril de 2009

A Alegria da Ressurreição

Por mais que eu tente eu não consigo imaginar como deve ter sido a alegria dos apóstolos, das mulheres, de Nossa Senhora, ao verem, tocarem, comerem peixe assado com Jesus Ressuscitado. Acho que não é questão de imaginar com a cabeça e a mente, mas quere fazer a mesma experiência com a alma, por ação do Espírito Santo, pois é lá que Ele habita... o mesmo Espírito que ressuscitou Jesus dos mortos pode nos mergulhar neste mistério e nos fazer tocar os pés e as mãos do Senhor com mais realidade e certeza do que se O víssemos com os olhos do corpo. Só sei que Ele está vivo e Ele é real. Ele cuida de nós. Ele cuida de mim. E é essa experiência que a gente deseja e deseja e é atendido.
Nesta semana pascal, neste grande dia que se extende por oito, tenho ficado atenta a tudo que me acontece externamente e internamente, das coisas pequenas àquelas mais difíceis, para submete-las ao Amor, à Presença, à Luz de Jesus Ressuscitado. Desde um sentimento de insegurança, um cansaço ou uma situação mais grave como é o caso da renovação da meu auxílio-doença pelo Ministério da Previdência, há quatro meses com a documentação sem uma posição justa e definitiva... tudo indica que na burocracia perderam os laudos que enviei...
Como dizia, é tenta concretamente enxergar e agir em todas as circunstâncias a partir da Cruz Gloriosa de Jesus. De lá me vem a luz e a sabedoria que preciso para ressuscitar em cada assunto e temor, em cada demora e espera, em todos os relacionamentos. É deixar Jesus vencer e o que Ele pensa e quer e não o que a minha miopia pensa ser o melhor. Só assim a gente guarda a paz e consegue agir com calma. Só assim a gente é lembrado que a paciência tudo alcança... que tudo passa... e que quem a Deus tem nada lhe falta. Só assim crescem o amor e a fé e só assim o Senhor tem mais espaço para agir e mostrar sua misericórdia.
Aleluia! Aleluia! El Messih Qam!

domingo, 12 de abril de 2009

Sábado da Luz e Domingo do Amor Vitorioso



المسيح قم حقـًا قم!

El-massih qam,
haqan qam!

CRISTO RESSUSCITOU!
VERDADEIRAMENTE RESSUSCITOU!

É com essas palavras que todos se cumprimentam neste tempo pascal a partir de Domingo. Jesus está vivo! Ele é real e levou até as últimas consequências seu amor absoluto por nós e pelo Pai. Ele deu a vida, deu tudo de si para que novamente pudéssemos ser filhos e filhas de Deus, pudéssemos ter a dignidade, a beleza, a liberdade, a eternidade, a comunhão com o Pai e uns com os outros, que o primeiro homem e a primeira mulher perderam. E Ele nos conquistou isso! Como não ama-lo? Como não desejar corresponder à seu chamado? Como não mudar de vida? Como não acreditar que minha vida tem beleza própria e dignidade únicas? Como não desejar odiar o pecado e tudo que me oprime e escraviza e não dar a vida para que mais pessoas conheçam Jesus e seu Amor? Como não ter esperança para cada pessoa e situação de sofrimento e dor que nos cerca? Aí se encontra a fonte de toda esperança, e esta fonte jamais secará pois ela jorra até a eternidade e para sempre, para sempre...

Quis demais escrever todos os dias, mas com a agenda muito cheia por causa do retiro para as pessoas da Obra além das coisas de casa para ajudar, me vi impedida. Mas ainda dá para retomar e tentar em poucas palavras relatar o quase indizível destes tríduo pascal já que o mistério e a unção das celebrações litúrgicas jamais se repetem. Tento porém, fazê-lo no desejo de partilhar e fazer chegar, quem sabe, um sopro de esperança e de ressurreição para quem, eventualmente, leia este blog missionário. Se Deus me deu a alegria de poder passar a Semana Santa onde ela de fato aconteceu na História, o mínimo que tenho que fazer é partilhar.

No sábado pela manhã já se celebra a vitória do Senhor. Em determinado momento da celebração o sacerdote passa pelos corredores da igreja jogando folhas de louro que representam a vitória do Senhor, sua coroa de espinhos é substituída pela coroa de Rei e Vitorioso. O texto do dia é o de S.Mateus onde os anjos perguntam às mulheres porque elas procuram entre os mortos aquele que ressuscitou. É o grande grito da ressurreição: não é mais preciso temer nada nem ninguém, nem a si memso, pois Jesus está vivo! Ele é o Senhor! Ele é Amor absoluto! Ele é Senhor de todas as realidade humanas e sobrenaturais, inclusive e principalmente Senhor de todas as situações de sofrimento e dor, de pecado e morte, pois não há nada que não tenha sido alcançado pelo amor e a salvação de Jesus! O bispo Elias Chacour pregou com tal autoridade espiritual que mesmo a gente ouvindo em árabe e recebendo a tradução somente das principais idéias, tinha a impressão de ver um apóstolo, de estar diante de um homem que verdadeiramente tocou o Ressuscitado que passou pela Cruz!

A festa de sábado canta fundamentalmente a descida de Jesus em busca de Adão e Eva na região dos mortos. Os cânticos milenares, repetem no refrão as palavras do Senhor que chama os homens e as mulheres, obras de sua mão à vida, à liberdade. São mais ou menos aquelas palavras da famosa homilia do Sábado Santo que diz: 'Levanta-te obra das minhas mãos! Levanta-te, ó minha imagem, tu que foste criado à minha semelhança. Levanta-te saiamos daqui: tu em em mim e eu em ti, somos uma só e indivisível pessoa'. Foi uma novidade para mim celebrar esta descida à mansão dos mortos antes de subir ressuscitado para os vivos! Dizer que me emocionei é pouco... carregava comigo todos aqueles que amo e por cada pessoa pedi que o Senhor descesse à mansão dos mortos e os ressuscitasse.

Foi uma experiência muita profunda. Foi uma experiência 'esponsal', que é aquele Amor que encanta, atrai, constrange, cura, dá segurança e seduz, como diz o profeta Jeremias. É como se a minha compreensão não só intelectual mas espiritual principalmente, tivesse se alargado a respeito da salvação de Jesus. O Senhor desce aos infernos, aos túmulos, às escuridões, ao impensável e definitivamente perdido, quebrado, destorcido, arrasado, esmagado, morto, destruído, em busca das pessoas, em busca de mim e de cada um e cada uma para de lá nos tirar...

Neste dia também canta-se um canto dos anjos que cercam Nossa Senhora, Maryam, para lhe contar que seu Filho Amado ressuscitara. Os anjos que estavam presentes na hora da Anunciação da Encarnação de Jesus, felizes, querem anunciar que Ele está vivo e que venceu a morte com a sua morte. Conta-se a tradição que este hino foi inspirado em sonho por revelação de Deus a uma criança. Verdade ou não, importa pouco, porque é tão lindo e tão celestial que a gente só falta mesmo ver os anjos cantando em coro junto com os fiéis que nesta hora cantam com toda força.

A Igreja Oriental tem profunda reverência e amor à Virgem, à Theotokos, à Maria, a bela ovelinha como a chamou Melito, padre da Igreja, bispo de Sardes. Ela é a bela Rainha de Jerusalém, a Rainha da Cidade da Paz, e não há quem não a ame profundamente por aqui. Só mesmo os protestantes que por cegueira espiritual, coitados, preferem ficar órfãos, como se a Virgem não lhes pudesse ensinar como ninguém a amar e adorar, servir e viver para o Filho...

No domingo de Páscoa, a igreja estava lotada às 5 da manhã para a auvorada da Ressurreição. Com todo espírito aventureiro que caracteriza a Comunidade Shalom, dormimos em Haifa, na casa de uma família da Obra, para podermos chegar nesta hora na Catedral. O primeiro ato litúrgico foi acender as velas no Círio Pascal. Todos saem. Todos mesmo pois a igreja fica às escuras e as portas são fechadas. Do lado de fora há uma longa salmodia, sempre cantada pois não há ato litúrgico no rito católico-melquita, fora a homilia do sacerdote, obviamente, que não seja cantado. Mesmo que no princípio a gente estranhe, acostumados que estamos com nossas melodias 'ocidentais' e tantos instrumentos, com o tempo, as vozes e somente as vozes mais as melodias orientais que 'combinam' com o árabe, vão criando espaço interior e estético conquistando seu lugar ao sol no quesito beleza e apreço.

Depois da salmodia o bispo bate três vezes na porta da igreja com a cruz, e pede para entrar. De dentro se pergunta quem é. Há um seminarista ou um cantor que faz este papel. O diálogo deles porém se dá com o salmo 24 que diz: 'Levantai as vossas portas pois o Rei da Glória quer entrar! É o Rei da Glória! O Senhor todo poderoso! É Ele quem vai entrar!'. Se alguém quiser imaginar uma cena belíssima, pode imaginar esta pois seguramente foi. As portas são abertas e todos com as velas acesas entram. Ainda é noite do lado de fora, mas a vitória do Senhor, sua Luz e Vida, chegou finalmente à região dos vivos!
A celebração durou aproximadamente 3 horas e às 8 quando saimos, o sol de primavera brilhava forte e radiante e todos se abraçavam e diziam: o Senhor ressuscitou! (El-massih qam) e respondem: verdadeiramente ressuscitou (haqan qam!). Não tem aleluia porque no rito melquita não se exclui nem o glória nem o aleluia durante a quaresma nas celebrações eucarísticas. O clima, os paramentos, as leituras são próprias mas os cânticos que têm louvor e aleluia permanecem sendo cantados.

Domingo à noite fomos celebrar como irmãos, as três casas da Terra Santa, em Nazaré. Rezamos juntos como vocação Shalom, como irmãos, como leigos consagrados e 'almas esposas' e o júbilo e a gratidão nos alcançou a todos. O Senhor nos pediu que deixássemos que Ele nos salvasse onde em nós ainda havia morte e prisão, dor e tristeza, marcas do pecado pois seu maior desejo é nos ver totalmente livres e ressuscitados para o Amor.
Na foto acima tirada depois da oração e minutos antes do delicioso yaksoba que nos esperava, estamos todos, com exceção da Lorena que fez questão de bater a foto. O franciscano sentado que está conosco é o Frei Sinisha, croata, grande amigo da Comunidade, e o outro, de pé, é Frei Ricardo, argentino, superior do convento de Nazaré, que tem protegido, ajudado e de certa maneira sido conquistado pelo novo que o Shalom, como carisma e Comunidade Nova traz à Igreja. Tudo faz parte dos caminhos perfeitos e misteriosos do Senhor... Eles passaram por lá para dar um abraço de Feliz Páscoa e entraram na foto meio sem querer... Quem sabe esta foto um dia não será histórica?
Histórica foi esta Semana Santa! Aleluia! Aleluia! E os anjos com certeza dizem Amém.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Sexta-Feira: a Unção da Esposa

A celebração de hoje é toda louvor e exaltação, um exultet quase ininterrupto: como o Deus imortal, incorruptível e santo, três vezes santo pôde morrer? É um canto contínuo de vozes humanas unidas às vozes do anjos que ficaram 'assombrados quando viram depositado no túmulo como morto Aquele que está sentado no seio do Pai, o Imortal que as legiões angelicais rodeiam e glorificam'.
É a proclamação cantada e repetida de geração em geração desde que a Igreja era somente a Santa Igreja Católica da misericórdia de Jesus que 'veio sobre a terra para salvar Adão e não o encontrando nela, Senhor, descestes até aos infernos a procura-lo'. E assim, com linguagem esponsal, bíblica e patrística, por duas horas, cantamos diante do esquife de Jesus coberto de flores, o que Ele fez, o que significa para a Humanidade o Filho de Deus, aquele que é a Vida, habitar um túmulo e aniquilar o poder da morte, ressuscitando dos mortos. Jesus é verdadeiramente 'o grão de trigo que enterrado nas entranhas da terra, germinou uma espiga bem fértil ressuscitando os mortais da raça de Adão'.
Essa é a nossa herança! Pelo meio da celebração o bispo corre a igreja ungindo com perfume como fizeram as santas mulheres e a especialíssima Santa Maria Madalena, não o corpo do Senhor morto, mas o corpo do Senhor vivo, que somos nós a Igreja, a assembléia dos fiéis, sua Esposa! Foi forte a emoção e a beleza da experiência esponsal, mesmo cansada porque ao contrário de ontem, hoje a catedral estava ainda mais cheia e não encontramos lugar para sentar. Mas a alma cantava em festa.
Uma das novidades mais belas para mim, porém é a melodia contínua. Nada é lido, nada é recitado. Tudo é cantado, salmodiado, sem instrumentos, somente por vozes masculinas e femininas. Entre os louvores há a intercesseão pela Paz e pela Unidade da Igreja pela intercessão da Mãe do Senhor. A cerimônia termina com a procissão do Senhor morto em esquife coberto de flores que ao sair recebe uma chuva de flores jogadas pelo povo que homenageia Jesus Vivo e Senhor. É feita a memória do que a sua morte causou e gerou de vida, mas não se chora a sua morte que aconteceu uma vez somente e para sempre! Muitos aleluias são cantados desde ontem e não se espera somente a vigílai pascal para se dar glórias novamente ao Senhor.
Quando o esquife volta para dentro da nave da igreja se proclama a leitura do Evangelho de S.Mateus que relata a mentira que os soldados passaram a espalhar (Mt 28,15) de que o corpo do Senhor foi roubado pelos discípulos para que não se acreditasse na ressurreição, e se recebe a bênção final que diz assim:
'Que o Cristo Nosso Verdadeiro Deus, que por nós homens e pela nossa salvação, suportou na carne a paixão terrível, a crucificação vivificante e o sepultamento voluntário, tenha piedade de nós e nos salve, pela intercessão de Sua Mãe Puríssima, pelas orações dos Santos e Gloriosos Apóstolos dignos de todo louvor, dos Santos e Justos Avós de Cristo Deus, Joaquim e Ana, e de todos os Santos, Ele que é Bom e Amigo dos Homens'.
Amém. Para sempre Amém.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Quinta-Feira Santa que é Sexta

Minhas expectativas não foram em vão no que diz respeito à Liturgia do tríduo Pascal no rito católico greco-melquita que é, na origem, bizantino. Pela manhã a festa da instituição da Eucaristia e do sacerdócio na paróquia de Isifya, foi simples e muito bela, principalmente pela salmodia. As melodias não têm nada a ver com as melodias 'ocidentais' mas guardam um mistério que eu tenho pra mim, remontam ao canto livre no Espírito. Não teve também lava-pés como temos no rito latino, e toda a ênfase fica na Palavra de Deus, quando Jesus, Senhor e Mestre, se faz servo e escravo e nos promete a felicidade se nos tratarmos mutuamente desta mesma maneira: em atitude de serviço e não de dominação.
Na Catedral houve uma festa mais solene por conta da instituição da Eucaristia e do Sacerdócio e, pela primeira vez a Eucarista é deixada em adoração num ostensório belíssimo com todas as pompas e flores como merece a festa, a solenidade.
De tarde tivemos o primeiro dia de retiro para os membros do grupo de oração, já em caminho vocacional, que fazem parte da Obra Shalom. O clima e o 'tema' da tarde já era a Paixão do Senhor porque na perspectiva judaica-bíblica e oriental-cristã, no entardecer já celebramos o dia seguinte. Às 18h fomos para a Catedral Melquita, do lado de Centro de Evangelização, e lá participamos da celebração da morte do Senhor. Foram três horas de celebração e doze textos do evangelho alternando os 4 evangelistas, fundamentalmente S.João, de 13 a 19, e Mateus. Descrito assim a primeira reação é pensar: 'ninguém merece! quem é que aguenta?'. E eu entrei na igreja pensando que o cansaço fosse me alcançar, com o agravante de não conseguir acompanhar os cantos que alternam cada texto do evangelho, por serem em árabe. Mas tenho que confessar: o mistério, a Palavra de Deus (lidas em português, graças a Deus), as melodias, mesmo sem eu entender, de tal modo me tomaram pela força da unção e da glória de Deus, que eu não senti sede, cansaço, fome, nem vi o tempo passar!
A morte do Senhor é cantada com salmos de louvor, palavras de glória, de Santo, Santo, Santo. Segue a lógica de S.João que fala da paixão do Senhor como sua glória! O relato da Paixão começa no lava-pés, passa pelo julgamento, a flagelação, a crucificação e o supultamento. Na hora que chega o evagelho que fala da morte as luzes da igreja se apagam e o bispo arrasta uma cruz de madeira em procissão pelo interior da igreja, dando três voltas. A sua frente segue um sacerdote incensando o ambiente. Atrás dele segue um outro sacerdote carregando numa bandeija um martelo de metal e pregos do jeito que foram os usados em Jesus. Um terceiro sacerdote carrega um cristo de madeira como um corpo morto e atrás destes três vem o bispo carregando a cruz ajudado por um jovem que faz o papel de Simão Cirineu. O coral canta os louvores do Servo Sofredor e salmodia, e o povo participa com profunda reverência e amor, de coração. No fim da terceira volta o Cristo é literalmente pregado na Cruz, a gente ouve os pregos sendo fincados, e a Cruz é suspensa e fincada num calvário de faz de conta montado na lateral da igreja.
Eu chorei de pura emoção e gratidão pela celebração litúrgica, pelo mistério presente naquela igreja, pois não era um teatro, uma representação, uma encenação. De alguma maneira o Espírito Santo atualizava a salvação do Senhor no coração de todos os que ali estavam presentes, sedentos e cheios de gratidão. Foi lindo demais, é o mínimo que posso dizer!
Quanto amor, meu Deus! Com que amor tu nos amaste, tu me amaste! Bendito seja o Senhor cujo rio de vida e salvação, corre desde aquele grito do Calvário: 'Pai, tudo está consumado' por dentro da história alcançando todos aqueles que são dele desde sempre e para sempre... Como não te amar Senhor?
Amanhã, sexta-feira, éxequias do Senhor, me disseram que é mais lindo ainda... Sempre aprendi que a riqueza do rito oriental era única, mas nunca pensei que fosse tanta. Acho que tive uma experiência de eternidade, quando a beleza e o amor param o tempo e ele também se dobra em adoração diante do Filho de Deus, Jesus Cristo.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

A amizade

O evangelho da terça-feira Santa me comoveu imensamente por ver a intimidade do jovem João com Jesus. Este apóstolo chamado uma vez de filho do trovão, que desejava que caísse um raio do alto sobre aqueles que não receberam o Senhor com a devida fé em Samaria, fala de si mesmo, neste relato da última ceia, como estando próximo de Jesus, perto de seu coração, sentado ao seu lado. É interessante e belíssima a descrição, porque ele faz uma pergunta pessoal a Jesus a respeito dos demais apóstolos, e Jesus responde! É como se eles trocassem um segredo.

Para mim fica mais evidente ainda como o Senhor nos chama à amizade com Ele, à intimidade da partilha recíproca. E essa possibilidade é tão extraordinária que mereceria todas as exclamações do teclado do computador e do alfabeto! Ser amigo de Deus! Ser confidente de Deus e tê-lo como confidente! Que diferença absolutamente extraordinária a face do Deus cristão diante de todos os demais deuses de todas as outras culturas e religiões.
Entretanto, para que essa amizade aconteça concretamente na vida de alguém, necessariamente há que se ter vida de oração silenciosa, de contemplação, de lectio divina levada à sério, de adoração, de tempo gasto na capela com a Palavra de Deus.
De todas as tentações que nos cercam neste século XXI creio que uma das mais sérias e sutis, seja a dificuldade para dar prioridade à oração MESMO! Sinto isso na pele e nos ossos, no coração. Uma oração longa, parada, como diz o Moysés, aos pés do Senhor, como Maria, para ouvir o Senhor falar e para que Ele também nos escute. E mesmo para quem já tem esse tempo 'por obrigação', há que se vencer a superficialidade e buscar o silêncio e a verdade, dons desejados mas também temidos.

Talvez valesse a pena desejar que nossa vida de oração nesta Páscoa seja ressuscitada e se transforme na prioridade zero, como se costuma falar nas empresas, aquela que vem antes de todas as outras.
Ah! S.João, intercede por nós! Ajuda-nos a passar, também nós, de trovão para brisa suave, de rebeldes para dóceis, de trabalhadores da vinha para amantes do Senhor da vinha.

domingo, 5 de abril de 2009

Ramos, ressurreição e crianças

Passei a quaresma na expectativa de como viveria a Semana Santa e o tempo pascal no contexto católico-melquita, ou seja, é oriental-bizantino. Já a quaresma me edificou pela seriedade como o jejum e as orações litírgicas são vividas, todas tendo em vista não o privar-se somente, mas fazê-lo para que haja mais espaço para o Ressuscitado nos corações e na vida das pessoas. Vive-se este tempo de quaresma como um tempo de salvação, como uma chance nova que nos é dada por Deus.
Não percebo tanta consciência espiritual assim entre os paroquianos, seja de Haifa, seja de Isifya pois contumamos não perceber a riqueza que temos quando o tesouro está guardado no quintal da casa, no entanto, para mim e para nós, comunitariamente, é uma descoberta atrás da outra. E a Semana Santa começou.
Na liturgia de sábado lembramos Lázaro e na certeza de sua ressurreição, esperamos também a nossa. Jesus também nos ressuscitará. E agora, Domingo de Ramos, cantamos Hosana ao Rei vendo a igreja lotada de crianças, vestidas na grande maioria de branco, com vestidinhos de tule, centim e mini-terninhos para os meninos. Muitos bebês lindos, crianças de colo, outros maiorezinhos que na procissão, no colo de seus pais ou andando, homenageiam Jesus.
Eu diaria que o Domingo de Ramos corresponde ao nosso ocidental dia das crianças, ao menos entre os cristãos. As paróquias se enchem de famílias e crianças com buquês de flores com uma vela no meio para saudarem o Senhor numa procissão que acontece nas imediações do território das igrejas. Muitas famílias só aparecem na igreja na festa de hoje, como que para desfilarem com seus belos e fofos pimpolhos... Os padres chegar a brincar, dando boas vindas aos adultos, como se eles fossem novos membros da comunidade.
Só sei que foi uma barulhada sem fim, choradeira, um mar de máquinas fotográficas e filmadoras, e a certeza de que muito louvor subia aos céus pois, como diz o salmo 8, o verdadeiro louvor sai dos lábios (e também do sono, do choro, das lágrimas, dos sorrisos, da festa, dos gritinhos) dos mais pequeninos.
Começamos a Semana Santa, e o Senhor vem!
Ele vem para nos salvar! Que vontade de cantar Aleluia!

sexta-feira, 3 de abril de 2009

A verdade dos fatos

Queridos amigos e leitores do blog, por favor acessem, leiam e divulguem as informações que se encontram neste documento que segue abaixo, que relata tin-tin por tin-tin sobre a verdade dos fatos acontecidos em Pernambuco, com a menina de 9 anos, obrigada a abortar. O texto é longo mas vale a pena o sacrifício da TV desligada por uma hora.


http://www.pesquisasedocumentos.com.br/silencioabortolegal.pdf



Quem me enviou este arquivo foram duas pessoas (um economista e uma filósofa) que leram o artigo publicado no jornal O POVO e me escreveram agradecendo, apoiando e pedindo que eu divulgasse o máximo possível a verdade desta campanha diabólica para disseminar a mentira contra a Igreja Católica e implantar o aborto.


Como vivemos este tempo privilegiado da troca rápida e da riqueza de informações, publico também esta belíssima carta enviada ao jornal O GLOBO também dando voz à voz dos católicos deste país. Apreciem e divulguem!



À REDAÇÃO DO JORNAL “O GLOBO” - CADERNO “OPINIÃO”A/C DOS ILUSTRES JORNALISTAS ZUENIR VENTURA E PAULO GUEDES
Helena de Farias Barreto de Macedo, esposa do leitor e assinante do jornal “O GLOBO” José Afonso Barreto de Macedo, há mais de quarenta anos, solicito o obséquio de encaminharem cópia desta carta aos Jornalistas Zuenir Ventura, e Paulo Guedes.Desde já agradeço e coloco-me à disposição da Redação e dos Jornalistas, para eventuais esclarecimentos.


Ilustres Jornalistas,


Leio sempre os artigos desta coluna “Opinião” e admiro o conteúdo político que ela sempre contém, principalmente quando denuncia injustiças e corrupção no governo. A Democracia nos beneficia com esta prerrogativa de falarmos o que queremos e o que achamos.


Só lamento que a Igreja não possa usar desta prerrogativa, mesmo quando fala apenas para os “CATÓLICOS”. Se um budista, protestante, judeu ou espírita lê os seus escritos e seus pronunciamentos, não deveria se incomodar com eles. Se a Igreja condena o uso da camisinha, por exemplo, os que detestam a Igreja como Instituição, deixem ao menos, que ela fale para os seus fiéis! Mas não. Ela “incomoda”, porque no fundo sabemos que ela quase sempre tem razão. Camisinhas furam e então se engravida, contrai-se HIV etc. O correto não seria praticar o sexo responsável, com seu parceiro/a numa união estável?


No Coliseu os cristãos eram devorados pelos leões para divertirem os romanos. Devem saber que hoje ainda morrem no mundo centenas de cristãos quando defendem os excluídos. (Irm. Dorothy lembram-se?). O Movimento Pró-Vida vai para as portas das clínicas oferecer ajuda material e psicológica às mães e tentar salvar seus bebês. Seus participantes são ameaçados de morte pelos seguranças, às vezes apanham, mas eles já salvaram centenas de vidas! São moças e rapazes que se prontificam e se empenham nessa luta. Um testemunho maravilhoso que à mídia não interessa mostrar.


Li nesta semana, vários artigos dos senhores e me entristeci ao ver como os Jornalistas (parte do povo também), andam insensíveis, na contramão da VIDA. Lutam pelo aborto, torcem por ele o tempo todo. Determinam quem deve ser eliminado e ponto final. O governo e o Ministro da Saúde dizem que é problema de saúde pública. Matar crianças no ventre materno mudou de nome. Outros dizem que é problema de consciência de cada um. O mundo está cheio de consciências mal formadas, e aí?


A Igreja não tem o direito nem de protestar?Alguns se dizem favoráveis ao aborto apenas no caso de estupro; outros quando há má formação cerebral (anencéfalos que têm cérebro sim, porque comem, se mexem, riem, urinam etc.); outros quando há risco para a mãe (hoje quase zero diante dos recursos da medicina); outros que cada mulher possa livremente optar por fazer ou não fazer o aborto (são as deusas que decidem sobre a criação). Desculpas!


Todos querem mesmo o aborto “geral”. As feministas se dizem “donas dos seus corpos” (e são. Mas não são donas dos corpos dos seus filhos). O governo que não tem condições de atender os velhos e doentes, quer criar a fila do ABORTO no INSS. Legal!


O nosso Presidente, com a 1ª dama, jogava camisinhas da arquibancada do Sambódromo para os jovens transarem à vontade, com qualquer um que “pintasse” no bloco. Se a camisinha furasse e a moça engravidasse, o governo faria um aborto “legal”. Que vergonha essa imagem levada mundo afora! Onde deveria haver programas de incentivo aos jovens pela maternidade e paternidade responsáveis, planejamento familiar para os casados, há o incentivo à “sacanagem” (desculpem-me o termo, é a indignação).


Foram gastos (ditos na mídia), 40 MILHÕES em camisinhas e lubrificantes para os gays no carnaval. Enquanto isso, Santa Catarina espera ajuda para os desabrigados, escolas sem poderem funcionar etc., mas a Igreja não deve falar Nada, nem para os seus fiéis!Mesmo as outras religiões cristãs que não aprovam o aborto não disseram nada. Deixaram os católicos apanharem sozinhos. Covardia pura.


A minha maior decepção é com os que se dizem “católicos” (mas na realidade não são), como o médico que realizou o aborto da menina de Alagoinha e o nosso Presidente da República. Nesse crime hediondo de um padrasto covarde, os únicos condenados foram os dois bebês (4 meses de gestação, se mexendo no útero da mãe, retirados, me parece que não por uma cesariana (porque a menina teve alta na manhã seguinte) e sim aos pedaços, cortados com uma tesoura parecida com aquela que corta frangos). Que horror! Deveria passar na TV esse filme de terror para as pessoas “acordarem”.


Só o bispo se indignou e comunicou à Imprensa a pena AUTOMÁTICA que o Código Canônico (da Igreja Católica) prevê para este pecado que clama aos céus, por ser o pior deles: uma mãe que sacrifica o seu filho inocente, SEM POSSIBILIDADE DE DEFESA, SEM PODER AO MENOS GRITAR POR SOCORRO. Balela! Isso é fanatismo das velhas da Igreja! Drama para comover o povo! São apenas embriões... (esperem mais uns meses e verão esses embriões se tornarem lindas criaturas de Deus chegando ao mundo!).


Nenhum de nós se fosse fruto de um estupro gostaria de ter sido abortado.


E as leis duras para os bandidos? Quem dera... Cada vez mais abrandam, criam indultos, regimes semi-abertos, porque não querem construir presídios. Com esses 40 milhões construiriam vários presídios. Não foi o Bispo que excomungou as pessoas envolvidas. Essa excomunhão é automática para quem participa direta ou indiretamente de um aborto. Na minha visão, muitos políticos e governantes já estão excomungados (em pecado grave), há muito tempo. Só falta o Presidente assinar a lei que permitirá o aborto no Brasil para também fazer parte da “lista”. Se realmente for católico, não se sentirá “confortável” sabendo que nem a unção dos enfermos (antigamente chamada de extrema-unção) poderá receber se não se arrepender e confessar seu pecado ao bispo (padre não tem poder de perdoar pecado de aborto).


Quanto fanatismo da Igreja! Como ela está na idade da pedra! Será que os que querem a morte são os moderninhos?O bispo que já é velho falou muito bem: “Um Holocausto silencioso”! Hitler matou 6 milhões de judeus e acabou a matança. No mundo matam-se 60 MILHÕES de crianças no ventre das mães POR ANO e no Brasil 1 MILHÃO POR ANO!


Alguém precisa gritar e que seja a igreja, porque Cristo derramou o seu sangue na cruz, por todos (inclusive e principalmente pelos excluídos). Crença dos católicos. É dramático? Um drama para a menina e a família? Sim. Mas o trauma de um aborto não terá sido pior? (a menina sabia que iriam tirar seus bebês e disse na sua inocência que a irmã ajudaria a cuidar deles). Os médicos dizem que ela não sabia de nada (acho que sabia ou então a imprensa inventou o que ela disse). E o risco? E o risco de uma ruptura uterina numa curetagem? E uma hemorragia? E um problema com o anestésico? NADA? Só uma cesariana daqui a dois meses seria um risco para ela? Ela estava bem, sem risco IMEDIATO de morte. Balela! Queriam o aborto.


Ouvi o médico e a enfermeira e refleti no que disseram: ”Jesus quer a misericórdia”. A mesma que eles tiveram pelos bebês? “Não é essa Igreja que o povo quer”. Quer uma que aprove o aborto? Espere sentado. O chavão: “E se fosse sua filha?” Que cada um seja fiel ao que crê e aja com coerência na sua vida. Não se trata de faça o que eu digo e não o que eu faço. A opção pela morte desses bebês foi a solução encontrada para o caso.


Enquanto isso, na República do Peru, outra menina de também 9 anos de idade, deu à luz a um bebê de 2,5kg no dia 07.03.2009 (sábado passado), com toda a assistência do governo e da Igreja (a única que ajuda nesta hora) e passa bem, obrigada. Viva os peruanos! Viva a cultura da morte brasileira! Garanto que se fossem duas baleias encalhadas numa praia, centenas de pessoas estariam em volta tentando salvá-las. Esta semana vi na internet que salvaram uma vaca que caiu num poço, mas salvar dois seres humanos, criados à semelhança de Deus? Nem pensar... Isto é coisa de católicos alienados e de uma Igreja retrógada.


É como o Jornalista Paulo Guedes disse nesta semana em seu artigo: “cada macaco no seu galho!” A Igreja não impede e nem pode impedir as ações do governo, mas pode e tem o dever de defender a vida desde a sua concepção até a morte natural. Como já disse acima, Cristo derramou o Seu sangue na cruz até a última gota por todos, inclusive e principalmente pelos abortados, os excluídos da modernidade (crença católica).


Estamos à espera da Páscoa.

Que o Cristo ressuscitado nos traga a paz que todos queremos.

Sem mortes inocentes.

Feliz Páscoa! (para os católicos, claro!)


Helena F.B.macedo

"Encontro minha alegria na Vossa Palavra, como a de quem encontra um imenso tesouro".(Sl 118, 162)


Shalom! O Senhor está chegando com seu Amor!

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Esclarecendo um pleonasmo

Minha querida sobrinha Bruna, ao me agradecer o envio e o esclarecimento que lhe causou a carta escrita para o Presidente Lula, me perguntou se a expressão pessoa humana não seria um pleonasmo. Eu disse que não, que pela força do uso estava correto. No entanto, ao comentar a respeito, nem sei porque, com o João Etienne, meu querido primo-como-um-irmão, que é filósofo e muito preparado, não só inteligente mas também culto, recebi esta explicação didática e clara que ilumina a inteligência.
Publico-a aqui porque acredito que precisamos dar raizes consistentes às nossas convicções religiosas-espirituais. Também porque ao esclarecer o conceito filosófico e ilustrando o sofisma e a manipulação diabólica que a massa de 'abortistas' faz nos EUA, entendemos o quão fundamental é apoiarmos, cultivarmos e defendermos a cultura da vida.

"Quanto à observação da Bruna, de que "pessoa humana" é um pleonasmo, acredito que e vital que usemos "pessoa humana" sempre que se discuta a santidade da vida humana e a dignidade intrínseca de todo e qualquer ser humano. Enfática que seja a expressão em seu uso corriqueiro. Por dois motivos.
Tecnicamente falando, a extensão do conceito "pessoa" se aplica a um conjunto de indivíduos maior do que o conjunto dos seres humanos: Deus e os anjos são também pessoas. (A definição clássica de Boecio de pessoa é: substância individual de natureza racional).
O motivo maior, porém, é que a separação entre os conceitos "pessoa" e "ser humano" é fundamental em todos os esforços de aviltamento da pessoa humana. O aborto é legal nos Estados Unidos, por exemplo, porque Roe vs. Wade nega que a criança in utero seja uma pessoa... Tal distinção é feita aberta e propositadamente naquele caso, porque, segundo um dos juizes da Suprema Corte, se o conceito legal de pessoa fosse estendido às crianças in utero, a emenda XIV da Constituição Americana proibiria o aborto, dado que ela garante que não se pode tirar a vida de nenhum indivíduo sem processo legal justo.
Enfim, não somente está correto usarmos a expressão pessoa humana mas é necessário que o façamos para não cairmos na barbaridade de achar que seres humanos em qualquer fase da vida não sejam pessoas.
Agora dureza mesmo é continuar respeitando, amando, convivendo, rezando pelos seres humanos que não se comportam como pessoas... aí, só mesmo a Pessoa de Jesus para nos ensinar o que fazer e nos dar um coração de carne, misericordioso que una-se ao dele e também reze, intercedendo: 'Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem!'