Uma das revelações mais bonitas destas duas últimas semanas do tempo pascal foi o desdobramento do que significa parresia. Para quem não sabe, esta é uma das palavras mais frequentes e mais caras ao Moysés, fundador da Comunidade Shalom. É quase uma sadia obsessão em seus ensinos e partilhas.
Parresia é uma palavra grega usada largamente no Novo Testamento, em especial nos Atos dos Apóstolos e que vindo do Direito designava o ato de defender uma causa. Após Pentecostes este termo vai percorrer as ações evangelizadoras dos apóstolos e designa a intrepidez, a coragem, o destemor com eles e depois desde sempre se prega o Nome de Jesus, a Cruz de Jesus, a Salvação de Jesus Cristo.
As leituras das últimas semanas nos ilustram com que parresia Pedro vai falar, curar, rezar e não temer nada nem ninguém tendo em vista pregar o Evangelho de Nosso Senhor a toda criatura. Sendo dom do Espírito, ou Ele mesmo agindo em nós, devemos ou deveríamos continuamente pedir o dom da parresia para viver e testemunhar a Palavra de Deus, Sua Igreja, o Reino e a alegria da Salvação. Jamais podemos nos esquecer ou deixar em segundo plano o motivo e a razão primeira para a qual a Igreja Católica existe - eu e você existimos se participamos do mesmo batismo: para evangelizar! E isso foi retomado na Evangelii Nutiandi, a exortação apostólica do Papa Paulo VI, de 1975, com brilhantismo e a atualidade que o fim do século exigia.
Tive a supresa de aprender na Páscoa que Parresia designa também andar de cabeça erguida, com a coluna ereta, olhando para o alto. Com a ressurreição nós nos tornamos verdadeiramente filhos legítimos, herdeiros, amados de Deus. No Filho Jesus deixamos de ser escravos. Aos escravos era proibido erguer o olhar, aos escravos era dado o direito de somente olhar para baixo e para o chão. Somente os filhos andam livres, de cabeça e coração erguidos.
E a Páscoa nos relembra e revigora, nos atualiza a filiação divina e nos impregna de parresia para que olhando para o alto, contemplando a Cruz gloriosa de Jesus, continuemos corajosamente anunciando que somos todos filhos amados do Pai, aquele cuja misericórdia é eterna.
E quando rezarmos e estivermos com o Senhor peçamos a ele que nos de parresia e levante nosso olhar e nosso coração até Ele.
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