É...o tempo passa. Hoje completo oito anos de cirurgia do câncer de mama e já se vão vinte e oito anos daquela sexta-feira de Carnaval que o Papá morreu num enfarte fulminante em casa. Emoções fortes afloram num misto de saudade, gratidão, rostos, vozes e presenças. O tempo cada vez me convence mais de que as pessoas vivem dentro de mim, não importando o quão distantes fisicamente elas estejam. Assim é com o Papai, Papá, melhor dizendo, como o chamávamos em italiano.
O amor por ele e dele, permanece intacto mesmo que muito purificado pela maturidade dos anos e a força do Amor de Deus que ajusta o relacionamento e elimina as arestas, mesmo ele já tendo voltado para Deus há tantos anos... Acho que é o lance do amor e da vida serem mesmo eternos e sem fim... Como acredito nisso, como aposto minhas fichas neste jogo, na certeza de que o que me espera, na hora que receber as cartas para a jogada final é muito mais do que um royal street flash! Neste jogo não há blefe, só surpresas e boas... e o que me espera é a felicidade perfeitíssima em Jesus, na eternidade, onde todos estarão e tudo se fará ver e terá sentido...
Será que ainda sei jogar poker como aprendi na adolescência, nos tempos de Belo Horizonte? Royal Street Flash...de ouros, Street Flash, Sequência do mesmo naipe, dois pares que valem menos que uma trinca e um par...tudo volta à memória... Como hoje é noite de koinonia vou ver se alguém já ouviu falar ou sabe até jogar poker mas tenho minhas dúvidas...se não, aceito ao menos uma partida de buraco. Papá não era viciado mas gostava de jogar cartas de vez em quando, e com ele, tio Chiquinho e tio Pimentel aprendi.
A noite em Isifya muito fria, com chuva forte está bem propícia para uma atividade relaxante. Só as meninas estão em casa e com elas vou tentar me distrair e na simplicidade, agradecer em meu coração mais uma vez o dom da vida que o Senhor me preserva há oito anos desde a cirurgia e o fim do tratamento de quimio e radioterapia. Tivemos missa em casa e agradeci por tudo mas nem comentei com ninguém...
Seria bom que o Brasil fosse logo ali na esquina e que bastasse pegar o ônibus no terminal rodoviário Tietê e chegar no Rio seis horas depois, como fiz vários e vários fins de semana quando morava em Sampa, às sextas-feiras, só para passar o fim de semana em casa.
'Papá, reza por mim! Reza por nós!'. Sei que em Jesus, no mistério da Comunhão dos Santos, o senhor continua cuidando e intercedendo por nós, sua família e por tantos que o senhor aprendeu a cultivar a amizade e o respeito mesmo tendo vivido tão pouco tempo aqui na terra.
Mas sem ser fúnebre, quando chegar a hora da graça final, a gente vai se reencontrar e vai ser bom demais!
Amém.
3 comentários:
QUERIDA ELENA, EU CONHECI SEU QUERIDO PAPÁ E NO FIM DO BLOG ENTENDI QUE VOCÊ SE REFERIA A ELE E NÃO AO 'PAPA' DA IGREJA...JOÃO PAULO I QUE TAMBÉM MOREU DE REPENTE... QUERIDA, VOCÊ ESTÁ SE 'CONVALECENDO DO CHOQUE. É ASSIM MESMO. VÁ EM FRENTE E JESUS ESTÁ COM VOCÊ EM TUDO!! SEI QUE VOCÊ TEM ESTA CERTEZA! DEUS TE ABENÇÔE SEMPRE! SUA TRINITY
Oi Elena!!!
Que Deus te abençoe querida.Peço que nas suas orações, reze por mim.
bj
Shalom!
Raiane
Seu Papá era bonito e doce e bravo e forte. Marcou fortemente todos que o conheceram, o amaram e receberam dele o amor sorriso que ele tinha tão belo.
Fique com Deus, minha querida. Viva a vida! Nossa e dos que já foram.
Postar um comentário