De um jeito bem inculturado e árabe de celebrar o dom do amor entre um homem e uma mulher, nesta semana, desde segunda-feira temos tido festa em casa, preparando o casamento da Silvania e do Tennessee. Começa por volta das 20 e termina por volta da meia-noite. Digo por volta porque nada que se refira a horário no mundo árabe é exato e preciso: pode ser meia hora antes ou meia hora depois... Às vezes me pergunto como os árabes fazem para viver na Dinamarca e na Noruega com aquela precisão escandinava... Comentários a parte, tem sido uma alegria só e uma canseira sem fim, honestamente, mas tem valido a pena demais! Como escrevo do trabalho não tenho fotos aqui comigo mas as postarei a seguir.
Os vizinhos, crianças e adultos, drusos, muçulmanos e cristãos, e os amigos da Obra, vocacionados e participantes do grupo do oração, se revesam nos petiscos e doces, refrigerantes, sucos para a noite e a música árabe corre livre! Isso sem contar os idosos do asilo que fizeram questão de ir. Nunca se sabe exatamente quem vai, e as pessoas simplesmente aparecem, e a cada noite a casa enche! Como missão e família, preparamos a casa com uma faxina caprichada e o jardim foi todo capinado - voltou a ser jardim! A cada noite uma travessa imensa de tabule é preparada e servida, junto com charutos de folha de uva. Cada um se levanta e se serve e nós, anfitriões, sob a supervisão eficiente da Vivi(ane), vamos coordenando a distribuição das bebidas e comidinhas. O tabule não pode faltar de jeito nenhum, assim como não falta pão de queijo em festa de mineiro, tapioca em casa cearense e empadinha no Rio de Janeiro... Ai que saudade! deu água na boca!
As cadeiras de plástico se espalham na área externa da casa e os grupos de amigos, mulheres e jovens conversam e cantam e, quem quer, se levanta e dança as melodias árabes típicas. E é fantástico porque todos querem e me parece que dançar faz parte do 'jeito árabe der ser', e dos 9 aos 90 todos se expressam e participam nas palmas e na voz, partilhando a alegria de celebrar o amor de mais um casal e família que surge. As músicas, meio folclóricas, tradicionais, passadas de geração em geração, são sabidas de quase todos - infelizmente os jovens estão se ocidentalizando e perdendo este patrimônio cultural - e, as letras na maioria, cantam os encantos da noiva. Ela é, mais do que em qualquer outra cultura, o centro das atenções de todos, não só do noivo!
Testemunho aqui a grande experiência de inculturação e de adesão e oferta de vida à missão na Terra Santa, como consagrados e vocação Shalom, que Tennessee e Silvania fazem e aprofundam. Dizem as crônicas que no Brasil eles sempre se sentiram tímidos e pouco à vontade para dançar, não sendo este o 'forte deles'. No entanto, aqui, se dispuseram a aprender e a vencer esta barreira para poderem abraçar integralmente a cultura que vivem, por amor a Jesus, por amor ao Evangelho, por amor! E tome dança! As melodias árabes tão estranhas para os nossos ouvidos acostumados com o pop, a mpb e outras linhas melódicas, tanto sacras quanto populares, também no modo de interpretar e usar a voz e outros instrumentos, estranha um pouco, a princípio, mas com o passar dos meses e pelo contexto geral, aprende até a gostar. É o meu caso. O mesmo acontece com a hululação que na TV a gente só vem em momentos de dor e desespero, quanto as mulheres, geralmente muçulmanas, aos prantos, choram as mortes trágicas de seus filhos e maridos. No entanto, as frases rimadas puxadas livremente em tom muito agudo por uma mulher, cantam e expressam também a festa, o amor. E todos os presentes, com uma das mãos sobre a boca, respondem hululando alegremente. A Lorena sabe fazer direitinho mas só em casa, no meio do povão fica meio envergonhada...
Hoje teremos a última noite que promete ser muito boa! E é dia dos namorados! No decorrer da semana tive uma certeza intuitiva, nada provada pela exegese mas pela experiência humana, cultural deste tempo privilegiado que vivo, de que Jesus, Maria e José e todos os apóstolos deveriam dançar muito bem e lindamente... Só de pensar me emociono! Mas não há dúvida, afinal, em Caná como descrito em João 2, houve também uma semana de festa e quando o melhor vinho foi servido dá para se imaginar a redobrada celebração, a cantoria, as palmas.
Também conosco O Esposo, Jesus, O Amado, dança e festeja! Ele está no meio de nós! E Sua Mãe, Maria Santíssima intercede pelos noivos para que não falte em suas vidas o vinho novo do Espírito, o amor esponsal, fonte de toda verdadeira festa e alegria!
Shalom!
2 comentários:
Menina, q festa boaaaa!!
Deus abençoe todos vocês.
Fiquei muito feliz em ver tantos irmãos aí.
Um grande beijo
na alegria de ser Shalom
Raiane
Ah, sou vocacionada na missão de Senhor do Bonfim-BA.Reze por mim.
Shalom
Eu ia adorar aprender ULULAR... hahaha
Imagina? lógico né!
Bj
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