A Festa de Santa Martha, quinze dias depois da Liturgia de domingo nos ter oferecido o texto de Lucas que fala das duas irmãs que recebem Jesus em casa, me fez pensar ainda mais sobre o presente de se ter amigos e amigas, de acolhê-los, e de manter esta presença mútua acesa, alerta, viva. Fantástica é a tecnologia e os meios virtuais que ajudam amigos reais a permaneçerem próximos, e propiciam que outras amizades tão reias quanto sejam feitas, mesmo que as pessoas nunca tenham se encontrado pessoalmente. Novos paradigmas da amizade, sem dúvida! Às vezes eu penso como será o dia em que eu der um abraço real, forte e sorridente nas pessoas com quem tenho me comunicado e feito amizade via internet, blog, nos caminhos surpreendentes e ricos das relações humanas. Há pouquíssimo tempo atrás só havia duas opções: ou ao vivo ou por carta, para quem sabia escrever, e nada mais. Acho que as pessoas sofriam bem mais da dor da saudade do que sofremos hoje.
Marta ou Maria? Assim como o joio e o trigo que crescem juntos até a hora da colheita, o intercâmbio entre as duas irmãs será uma realidade interior constante para quem tem vida espiritual e entendeu que a base da vida é um trato de amizade entre a pessoa e seu Senhor, como diria Teresa de Jesus. Dá vontade de saborear demoradamente esta realidade, este convite: ser amiga de Jesus, tê-lo como amigo, confidente, e aprender a estar com Ele todo o tempo, mesmo quando não se está sentado, rezando... Este me parece um aprendizado constante de priorização, de estar aos pés, buscar em Deus a sabedoria para a vida, para ama-Lo, ouvi-Lo, e receber o Amor e a afirmação que tanto precisamos. Mas como é desafiador ser fiel ao que é essencial, como Jesus mesmo apontou! Tudo nos dispersa, agita, e nos dividimos em mil atividades, a maioria delas legítimas e muito, muito facilmente dispensamos a oração pessoal, a busca do silencio... É um exercício contínuo acolher de fato o hóspede que vem ao encontro ficar conosco. É interessante pensar que Jesus fazia a opção de estar com os três irmãos e amigos, Lázaro, Marta e Maria, que Ele foi quem tomou a iniciativa de visita-los e de estar junto... Ele faz o mesmo hoje e eu preciso me afastar das pessoas para estar com Ele.
Diz Santa Teresa num de seus livros, orientando as irmãs no século XVI, (o conselho porém permanece atualíssimo), que o fato de Jesus ser o hóspede e de estar presente na casa, no carmelo, é que é si o mais extraordinário! Esta presença é a fonte de toda alegria e merecedora da atenção e da atração de todas as Martas e Marias, dos Lázaros também...
Um comentário:
"Mas como é desafiador ser fiel ao que é essencial, como Jesus mesmo apontou".
Foi um rhema para mim.
Abraços,
Fátima - Belém - PA
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