quinta-feira, 26 de maio de 2011

Está tudo bem

Tem gente que anda preocupada com o meu sumiço semana após semana. Agradeço pelo amor manifestado nos emails recebidos, pela vontade de saber mais de mim por pura amizade...De fato ando muito cansada e passei esta última semana fazendo uma tradução de última hora para ajudar um irmão de Roma que estava organizando uma reunião de autoridades da Comunidade, chamda Regional, que deve ter começado hoje à noite. Esta tradução me roubou o restinho de tempo livre que tenho a noite. Ainda faltam 5 páginas que tentarei mandar amanhã. Hoje preferi descansar minha cabeça escrevendo este post com jeito de diário e de email, meio desabafo e partilha para falar com meus leitores e amigos. 

O texto, do italiano para o português, me deu um pouco de trabalho porque nem dicionário eu tenho, mas foi verdadeira pérola do Amedeo Cencini, dom da providência divina para me ajudar a viver este tempo que vivo. O texto fala sobre a crise na vida dos consagrados. Como enfrentar a crise de maneira saudável e inteligente, quais critérios escolher para que ela não se perca em seu valor de desafio e de crescimento, e seja encarada somente como inimiga e fonte de dor. Crise é para ser vivida com verdade, com critérios espirituais e muita vontade de crescer no auto-conhecimento e no conhecimento de Deus. Nem todo mundo tem coragem de abraçar uma crise e simplesmente passa por cima dela ou vive-a por cima, na supercialidade.

Não sei se estou em crise porque meio adoentada e cansada - continuo tossindo principalmente à noite e não há o que fazer - ou se meu organismo está gritando porque estou em crise. Não há dúvida que vivo o fim de um ciclo, pelo menos sinto assim, completando três anos de missão em junho, e me vejo avaliando, ponderendo dentro e fora de mim tudo o que foi feito e alcançado. Esta avaliação não deixa de ser dolorosa porque exige transparência, aceitação dos limites, um olhar sincero de gratidão quando olho para trás e esperança quando olho para frente, sendo que o processo acontece simultâneo. No coração, porém, as avaliações não acontecem como dados estatísticos, frios, elas têm a carga das minhas emoções, do meu olhar feminino sensível, da minha humanidade tantas vezes exigente, da minha sede de liberdade na vontade de Deus. Jesus está perto, bem perto, mas o tempo que vivo é de poda e purificação, de limpeza, de adubar as raízes e cortar os excessos, de enxergar-me melhor para melhor ver o Senhor. Sinto que preciso de férias, como quem vai para uma estufa, assim como vão as orquídeas para dar mais brotos ressurgindo para um novo ciclo, uma nova fase, de mim mesma como missionária, como consagrada, como flor. 

Agradeço o carinho de quem entende e reza pelos missionários, por mim pessoalmente, com tanta amizade em Deus. Gente que só me conhece virtualmente sem saber o tom da minha voz ou a força do meu abraço, mas que acompanha as batidas do meu coração, parte dos meus pensamentos nas simples experiências humanas-espirituais que vivo como leiga missionária em Israel partilhadas às vezes com tanta subjetividade neste blog. Gente que testemunha meu desejo sincero de evangelização com as palavras e com a vida, sempre apontando para o coração de Jesus ressuscitado, fonte da paz, fonte do Espírito. Vivo hoje a certeza de que sou como Tomé e preciso ainda mais tocar o coração de Jesus e nele permanecer sendo, simultaneamente, pescadora de Tomés no desejo de que mais pessoas façam a minha mesma experiência contínua de morte e de ressurreição encontrando o Amor vivo de Deus, encontrando o seu Shalom.
Eu estou bem, eu vou sobreviver e vou tentar em meio à crise escrever com mais frequência até poder dar a boa notícia que vou tirar férias!

2 comentários:

Anônimo disse...

FÉRIAS JÁ! CLAMANDO A DEUS!

Anônimo disse...

OI Elena!!

Suas palavras sempre geram em mim o desejo de corresponder a vontade do Senhor mesmo com minhas fraquezas e limitações.
Sei que vida de missionário não é fácil e por isso vou rezar para que vc tire férias logo.

Shalom!!
Raiane