Desde que participei do retiro com a Pastoral Hebraica na semana do Yom Kippur resolvi ler de cabo a rabo, atentamente, três livros citados exaustivamente pelo Pe. David Neuhaus, jesuíta, nas palestras que nos deu nos dois dias de retiro que tivemos em Kiriat Yarim. Os livros são o Gênesis, o Êxodus e o Levítico, os três primeiros que formam a Torah, o livro sagrado dos Judeus.
Em post anterior na época da Páscoa eu falei sobre este lugar santo que pertence às Irmãs de S.José da Aparição e que está muito próximo de Jerusalém. Segundo achados arqueológicos foi o lugar onde a Arca da Aliança esteve guardada até ser levada pelo Rei Davi, em cortejo e procissão com muita música e louvor, como se le no livro dos Reis, até o recém construído Templo em Jerusalém. Em Kiriat Yarim a igreja construída pelas irmãs se chama Notre Dame del Arche d'Alliance. Nem sei se o francês está correto, mas ao se olhar para aquela belíssima imagem de Maria Santíssima carregando o Seu Menino e contemplando o mistério que os envolve, se compreende que o mistério que envolve a Virgem é mesmo que sou chamada a viver: ser Arca da Aliança. Ser testemunha na Nova Aliança, carregando não as tábuas da Lei ou a Torah, mas um coração e uma vida transformadas, paulatinamente, pelo amor de Deus, pela presença de Jesus Cristo em minha pessoa! A Lei impressa não mais em pedra mas pelo fogo do Amor do Espírito Santo no meu coração humano, de carne, chamado a ser santo participando da santidade de Deus!
Este foi o tema do retiro: a santidade. O chamado de Deus à santidade, desde Gênesis, fazendo de nós um povo sacerdotal, antes o povo eleito, o povo de Israel e a seguir, todos, todos, sem exceção, em Cristo Jesus. Como o padre David transita pelo Novo e Antigo Testamento com uma propriedade e uma intimidade ímpar de exegeta que também conhece, ama e reza com a Bíblia como Palavra de Deus, ele provoca na audiência a mesma fome e sede da Palavra, que é também marca indelével do carisma Shalom! Ler e se aproximar da Bíblia como quem se aproxima de Jesus mesmo, para com ela (ou Ele) estar, falar, se deixando iluminar e transformar pela Palavra eterna, pelo Verbo eterno, pelo Amor eterno...
Só sei que me debrucei de um novo jeito sobre a Palavra de Deus, em especial estes três livros. Parece que se acendou em mim um novo ardor, uma curiosidade saudável, um desejo de mais intimidade com o texto bíblico expresso em atitude orante e atenta de quem se habituou à Lectio Divina. Ainda estou no Gênesis e por isso foi uma figura deste livro quem 'me falou' fortemente, Sarai, a mulher de Abrão (depois, respectivamente, Sara e Abraão) por sua atitude muito humana de ansiedade mas que esconde também a falta de confiança. Ela já bem avançada em anos não conseguia ver como a promessa de Deus de fazê-la mãe se cumpriria e resolve dar uma ajudinha ao Senhor e apresenta sua escrava Agar para Abrão a fim de que ele pudesse ter herdeiros. O fim da história a gente conhece. Nasce Ismael, Sarai fica com ciúme do menino e inveja de Agar e aí caldo entorna porque um fruto da carne puxa outro e vem as vinganças e iras, injustiças...
Mais do que o fim da história penso, rezo e reflito sobre o princípio dela pois desejar, abraçar e viver a vontade perfeita e amorosa de Deus implica também em abraçar e confiar no como de Deus e no quando de Deus e aí reside o exercício do amor, da paciência, do crescimento, de confiar mais Nele do que em si mesmo. E de abrir mão de querer dar jeitinho quando é hora de esperar, de confiar, vivendo bem e intensamente o presente, na certeza de que não quem nos ame mais e quero a nossa plena felicidade do que Deus.
Que Nossa Senhora que creu contra toda esperança me ajude, nos ajude a amadurecer na confiança e na espera do cumprimento das promessas do Senhor porque Ele é bom, seus caminhos perfeitos e sua misericórdia é eterna.
Mais do que o fim da história penso, rezo e reflito sobre o princípio dela pois desejar, abraçar e viver a vontade perfeita e amorosa de Deus implica também em abraçar e confiar no como de Deus e no quando de Deus e aí reside o exercício do amor, da paciência, do crescimento, de confiar mais Nele do que em si mesmo. E de abrir mão de querer dar jeitinho quando é hora de esperar, de confiar, vivendo bem e intensamente o presente, na certeza de que não quem nos ame mais e quero a nossa plena felicidade do que Deus.
Que Nossa Senhora que creu contra toda esperança me ajude, nos ajude a amadurecer na confiança e na espera do cumprimento das promessas do Senhor porque Ele é bom, seus caminhos perfeitos e sua misericórdia é eterna.
Um comentário:
Querida Elena
Quantos de nós não "choramos amargamente" por ter apressado o tempo de Deus em nossas vidas?
"...Sua atitude muito humana de ansiedade mas que esconde também a falta de confiança"meditemos nesta frase!!!
Saudades
Valéria
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