segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Inácio e Lucas

Eu tenho um sobrinho Lucca que faz 14 anos amanhã. Quase nasceu no dia de seu santo padroeiro. Somente desejo que aconteça com ele, que conhece Jesus desde menino, o que aconteceu com Inácio de Antioquia, santo comemorado dois dias atrás, que segundo antiga tradição foi uma das crianças que Jesus abraçou e abençoou segundo está em Marcos 10,16, e que seguiu Jesus por toda a vida até tornar-se sacerdote e suceder S.Pedro.

Também foi o evangelho de domingo sobre a intercessão de Moisés e a orientação de Jesus de que 'é necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo' (Lucas 18,1), que mais me interpelaram neste tempo intenso que vivemos no Brasil, por conta do segundo turno, e no Oriente Médio por conta do Sínodo. Não há possibilidade de verdadeira vitória sem a intercessão, sem estar na presença do Senhor, ora suplicando sua misericórdia e perdão por tantas barbaridades e desumanidades que somos capazes de fazer, ora louvando o Seu Santo Nome pois sua misericórdia é eterna, cobre a face da terra e sustenta a vida de todos os homens. Mas a oração vem primeiro e deveria preceder todas as ações se queremos a vitória de Deus unida a nossa. Esta inversão de prioridades é um segredo a ser vivido, aprendido e aprofundado.

Do Sínodo tenho a notícia interna de que os trabalhos têm sido extenuantes e também fascinantes. A presença de todos os ritos e o desejo de construir mais efetiva unidade no interior da Igreja de Cristo, principalmente em Israel e em Jerusalém, circula por muitos depoimentos e partilhas dos bispos. O Iraque pede socorro em lágrimas. As autoridades judaicas e muçulmanas reconhecem a importância da presença cristã no Oriente como força de conciliação. Uma das maiores ameaças na região é 'a supressão da liberdade de consciência' pois o Islã político pensa em bloco. A religião é uma escolha nacional e social e não individual. Liberdade religiosa significa liberdade de culto e não liberdade de crença, de crer ou não crer. Por isso trocar de religião representa traição à nação e não há este conceito - quase inconcebível para quem tem cultura ocidental - de liberdade de consciência, de praticar privadamente ou publicamente a religião pela qual se optou. Por isso o papel da Igreja Católica e da fé cristã é tão fundamental para esta região do mundo, em especial, porque sugere e aponta os direitos humanos e o bem da pessoa humana como o primeiro critério a ser adotado para julgar todo o sistema político e social. E o documento Instrumentum Laboris, falou disso com clareza e transparência. Sem a presença cristã e sua dimensão sobrenatural, e não podemos nos esquecer um minuto sequer deste dimensão, o que pode vir a prevalecer no Oriente Médio é a 'jihad' ou guerra santa, defendida pelo Islã político que crê que o mundo está do jeito que está porque ainda não se fez todo muçulmano e que para se alcançar este fim, que todos abracem o Islã, toda guerra e ação terrorista é válida. E para os extremistas não há espaço para a convivência com o diferente e nem a possibilidade de 'liberdade de consciência'. A presença da Igreja é capaz de continuar contribuindo para um laicismo positivo que permita liberdade, mais justiça e leis igualitárias para além das confissões religiosas.

Quando Jesus pergunta no fim do Evangelho se quando o Filho do Homem voltasse encontraria fé sobre a terra, louvei muito o Senhor pela coragem, docilidade ao Espírito Santo e fé de Bento XVI ao convocar este Sínodo do Oriente e para o Oriente Médio. Tenho fé que muitos e abundantes frutos se farão ver porque na comunhão e na escuta recíproca que tem acontecido em Roma, a fé de todos e a esperança está sendo purificada e renovada.

A nós leigos, povo de Deus, cabe as vezes de Moisés, intercedendo sem esmorecer, sem deixar os braços penderem, pois, o que não falta são Abimaleques a serem derrotados e vencidos, tanto no Brasil quanto em Israel e região, que querem tão somente a guerra, a morte, a cultura de morte e a negação do Jesus Cristo e Sua Igreja.

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