Não sei se é influência do Sínodo do bispos que acabou de acabar, depois de vinte dias, em Roma sobre a Palavra de Deus, ou que é que está acontecendo, mas os textos de cada dia da Liturgia têm me falado tanto ao coração! Um deles foi o de ontem quando Jesus movido de compaixão e atenção com o estado de sofrimento de uma mulher doente e encurvada, vai ao seu encontro e a cura e liberta, para total desespero dos fariseus e doutores da Lei, pois Ele desrespeita o Shabat!
Por estar em Israel hoje eu entendo porque vejo como os judeus ortodoxos e os ultra-ortodoxos se comportam a partir das 15h de sexta-feira, por causa do Shabat. Até o sinal de trânsito fica no amarelo querendo dizer que naquele bairro as pessoas não estão trabalhando, estão em repouso em respeito ao Senhor. E aí Jesus vir e curar no Shabat, é de lascar! E eles criticam a mulher de ter procurado Jesus no Shabat, ao que Ele fica furioso, pois as pessoas terão sempre mais valor para Deus do que a Lei! Como eu preciso crescer verdadeiramente neste entendimento, nesta sabedoria...
Chamou-me atenção o texto bíblico dizer que a mulher não podia 'absolutamente erguer-se' e aí, esta cena, que sempre esteve lá fora, falando de alguém, tornou-se minha, por atualização do Espírito Santo, que me fez imediatamente pensar: de quais situações interiores, pecados, vícios de temperamento, vícios de comportamento, manias eu estou de tal forma presa que delas eu absolutamente não consigo me erguer? Diante de quais misérias, pecados, compulsões, justificativas, estou de tal forma encurvada, que meu rosto não consegue olhar livremente o de Jesus?
E passei a Eucaristia rezando com esta palavra, deixando que o Espírito Santo a atualizasse e fizesse o mesmo milagre acontecer em mim. Entendi que eu também, como aquela mulher precisava de libertação, precisava que Jesus viesse a mim, movido de compaixão, quebrando todos os esquemas e lógicas e me endireitasse! Entendi que havia realidades de sombra, dores, feridas, pecaods cometidos e pecados recebidos vida afora, falta de arrependimento, que eu carregava em mim há bem mais de 18 anos! Quanta murmuração, quanta falta de esperança, quantas mesmices em meu comportamento e vivência medíocre do Amor de Deus...
De tudo, o que mais me encantava era perceber a pressa, o desejo de Jesus de vir ao meu encontro, assim como aconteceu no relato do Evangelho. E dessa vez Ele não impunha somente as mãos, mas vinha a mim dando-se por inteiro: na Sua Palavra e na Sua presença total Eucarística. Ele também queria me livrar de todas as doenças que me deixam de cabeça baixa, incapaz de erguer-me. E foi o que Ele fez e faz: nos desencurva e nos faz andar para além daquilo que para nós é impossível e impossível há muitos anos, de 18 para mais! Aquela mulher olhou para Jesus, ergueu os braços e louvou e glorificou o Pai. Também eu podia fazer o mesmo.
E a partir deste dia a mulher de encurvada, passou a ser a mulher erguida, que reaprendeu a viver como pessoa livre, capaz novamente de olhar para o Céu.
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