Nunca pensei que esta passagem do Evangelho de domingo passado, quando Jesus responde à provocação dos fariseus sobre pagar ou não impostos, dizendo que eles dessem a Deus o que fosse de Deus e a César o que fosse de César, fosse gerar tanta reflexão em meu coração. Com certeza esta é uma daquelas palavras de sabedoria ditas por Jesus, inspirado pelo Espírito Santo, que gera uma revolução conceitual, uma mudança de paradigma, que terá sempre repercussão no coração de quem tiver ouvidos para ouvir, seja em que cultura for, em que tempo for.
Fiquei a me perguntar se eu estava dando verdadeiramente a Deus o que era de Deus e a César o que era de César, ampliando minha visão e compromisso com um por causa do outro. Ao responder desta maneira 'encarnada', Jesus dá a entender que o Reino que Ele viera implantar e que está no meio de nós, ESTÁ NO MEIO DE NÓS, ou seja, não virá dos ares! E viver neste Reino e construi-lo implica em pagar os tributos (impostos), viver em sociedade, gerir a vida pessoal e comunitária, estudar, trabalhar, descobrir, inventar, criar arte, criar tudo, fazer a vida acontecer, em toda a sua formosura e plenitude. Assim a criatura humana 'domina a criação' segundo ordem do Senhor dada desde Gênesis, e se perpetua na História e na cultura de todas as raças e nações.
Jesus quebra a dicotomia entre 'Deus e César', me parece. Fica evidente que se eu não der a Deus o que é de Deus tampouco darei a César o que é dele, na medida justa. Se prescindo de Deus farei de César e das coisas temporais, inclusive do poder e da política, um outro Deus, fruto das minhas mãos, um deus de pés de barro que deixa árido o coração, e torna as desolações cada vez mais longas e constantes. Mas não somente prescindindo de Deus farei de César o meu Deus. Se vivo uma experiência de Deus que não alcança e encarna as exigências de transparência do Evangelho ilustradas na própria vida e pessoa de Jesus, também não estou dando a Deus o que é de Deus. E tendo Jesus como modelo, como protótipo de plenitude humana e de felicidade, a bendita que a gente tanto busca e precisa, eu estou pensando em sua castidade, desapego, perdão, honestidade, respeito ao sacrado, horror à hipocrisia, simplicidade, respeito à cultura, à família, à vida, às pessoas - todas elas. Falo de sua sabedoria para gerenciar o tempo, as pessoas, os amigos, a capacidade de se divertir, de conversar, de acolher e dar-se ao outros, sabendo ficar sozinho e ficar sozinho também para ficar com Deus, o Pai, e rezar, rezar muito, sem temer o silêncio, a contemplação. Mas tem mais, tem muito mais a respeito de Jesus nas páginas do Evangelho.
Enfim, compreendo que em Jesus é possível aprender a dar a Deus o que é de Deus e a César o que é de César. E Jesus não estava 'dando lição de moral nos fariseus', mas queria ensina-los a viver e viver bem. A mim cabe ver para qual prato da balança estou pendendo, fazendo de César, Deus, ou não dando a Deus aquilo que lhe é devido de meu amor e abertura para uma conversão ainda mais profunda, que 'faça brilhar diante dos homens as minhas boas obras para que os homens glorifiquem ao Senhor que está nos Céus'.
2 comentários:
Elena, a Paz!
Me chamo Cláudio e sou seminarista na Arquidiocese da Paraíba (João Pessoa). Sou muito próximo da Comunidade Shalom aqui em João Pessoa.
Já tive a oportunidade de visitar seu blog umas duas vezes e devo dizer-te que gosto do que e como escreves. Belos frutos de profundas reflexões.
Desejo que tua missão em Israel (ou onde o senhor te mandar) seja cada vez mais profícua, no Espirito, para que o Reino de Deus cresça.
Obrigado pelo seu sim a Deus, pelo sim à Igreja e ao homem de hoje. Obrigado pelo seu sim à missão.
Reza por mim por favor! Rsrrs. Encontro-me atarefadíssimo nesse fim de semeste e conclusão de curso(Monografia, trabalhos, provas, atividades pastorais...).
Abraço! Shalom!
QUERIDA ELENA, SUAS REFLEXÕES SÃO SEMPRE BASTANTE PROFUNDAS E EU AS SNTO MUITO SINCERAS. QUE BOM! VOCÊ DÁ E TAMBÉM RECEBE! FIQUE COM JESUS E MARIA E OS ANJOS A PROTEJAM SEMPRE. COM SAUDADES, TRINITY
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