Não foi com pouco sacrifíco que fiquei toda esta semana sem escrever no blog. Quanta riqueza a partilhar, alguns insights, algumas tristezas também, muito trabalho, uma agenda apertada, mas tudo faz crescer, se a gente dispuser o coração. De certa maneira eu penso nos leitores que tenho... a gente sabe, pelo pouco que estudou, que quando se escreve virtualmente, há um 'belief' interior, uma crença, de que alguém vai ler. A gente pensa mesmo! Voltei, isso é o que tenho a dizer, seja para mim mesma ou para quem for e, se Deus quiser, esta semana escreverei mais amiúde, pelo menos é o que pretendo.
É quase certo que o Santo Padre não venha a Haifa, apesar da programação detalhada e impecável que foi feita para a sua vinda. As razões mais verdadeiras não sabemos direito. Pode ser por questões de segurança, pode ser o temor de que ânimos se acirrem pela lembrança de que Josef Ratzinger é alemão, pode ser uma queda de braço entre católicos latinos e católicos melquitas, pode ser um pouco disso tudo, mas fazer um julgamento temerário é sempre temerário. Há uma promessa por parte do Ministério de Educação de Israel feita ao Patriarca Latino, Mons. Fouad, que daria 'o documento de aprovação' para a construção da primeira Universidade Árabe-Cristã de Israel, em Ibillin, na Galiléia, com a vinda do Santo Padre. Este faria o lançamento da pedra fundamental da Universidade, o que seria de importância não somente simbólica mas real.
Há 26 anos o então somente Abuna (= padre) Elias Chacour abriu uma pequena escola com 4 professores e 82 crianças, chamada MEEI (Mar Elias Educational Institutions), para dar oportunidade de estudo e futuro para as crianças e jovens árabes-cristãos, principalmente para as meninas, completamente relegadas ao segundo plano em meio à população palestina, já considerada de segunda categoria. Esta escola estaria aberta a acolher crianças e jovens representantes das três grandes religiões, para gerar através de pacífica convivência e dos valores do Evangelho, 'um novo de Deus', usando um jargão da vocação Shalom. Através da educação e dos valores vividos do amor e do respeito mútuo um nova geração reconstruiria a esperança neste país.
Hoje a escola, na verdade um complexo educacional, conta com aproximadamente 4.500 alunos. Destes, mais ou menos 60% são drusos-muçulmanos, mais ou menos 100, para arredondar o número, são judeus e o restante cristãos. É uma grande obra de persistência e fé de um líder e um homem de Deus, há três anos arcebispo da Galiléia, que contando com a Providência Divina através de centenas e centenas de amigos, mundo afora, oferece concreta oportunidade de estudo de qualidade para a juventude árabe cristã do país, que permanece aqui em iguais condições de mercado de trabalho, na contra-maré da emigração que é um dos mais sérios problemas que atinge a população cristã em Israel.
Há anos e anos, creio que mais de 8, o arcebispo Elias Chacour vem tentando conseguir a autorização oficial do governo para a construção da Universidade, mas a queda de braço é duríssima. Com a vinda do Santo Padre, este tornou-se um bom item na pauta de negociação, como um 'presente' a ser dado a Bento XVI. Até onde eu sei estão negociando. Mesmo não vindo a Haifa, para a pedra fundamental da Universidade ser colocada ele terá que subir para a Galiléia, assim como Jesus... e terá que passar para além de Haifa, na direção mais ao norte, em Ibillin. Vamos ver no que vai dar.
Mais uma vez é tempo de confiar nas surpresas e nos caminhos da Divina Providência.
Shalom!
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