quinta-feira, 12 de março de 2009

Para as Mães

É com verdadeiro encanto que tenho visto pela primeira vez na vida, de maneira tão eloquente, a força da primavera fazendo brotar florezinhas novas e brotos de verde em todas as árvores peladas da nossa casa e naquelas que me acompanham no caminho até o trabalho. Que coisa mais linda! Como a vida sempre vence e sempre surge depois de todos os invernos! É mais rico ainda viver este tempo de Quaresma tendo ao redor a didática visível e inequívoca do Senhor Nosso Deus através da Natureza. Estou encantada e não vejo a hora de tirar uma foto da figueira começando a florir... Quem mora nas cidades e perde o contato com o verde e o com o ciclo das estações, tem que fazer um esforço dobrado para dar este deleite ao olhos e ao coração. Quem, porém, quiser encontrar brotinhos de flor e folhinhas verdes que testemunham a força e a beleza da vida, os achará! Quem procurar ver, verá! Deus as espalha por todo canto, seja qual for a estação do ano, mesmo nas esquinas sujas das cidades grandes...
Minha partilha de hoje tem a ver com a Palavra de Deus, sobre o texto do evangelho de S.Mateus 20,20-22, lido ontem, que me causou imensa alegria, pois me fez entender um pouco mais a força da intercessão. Sempre enxerguei a mãe de Tiago e João, os filhos de Zebedeu, portanto, mulher de Zebedeu, que nem nome tinha, como uma 'tonta'. É assim que os paulistas chamam uma pessoa inadequada e acho que esse adjetivo a descreve com perfeição. Uma tonta. Melhor, descrevia. Ao rezar com esse texto, e vivendo neste contexto de cultura oriental que vivo, percebi que esta mulher teve uma coragem imensa para furar o cerco e ir até Jesus. O primeiro ponto positivo que nunca havia percebido antes: sua coragem. Segundo: ela se prostra diante de Jesus reconhecendo-o como Deus, como Messias, como quem pode tudo, como aquele que pode atender ao pedido de seu coração materno. Ela demonstra fé concreta e a testemunha diante dos outros. Ela vai pedir a Jesus aquilo que seu coração deseja.
Ela vai até Jesus, ela reza, ela se move em sua direção. Quantas vezes a gente diz que reza mas, simplesmente, pensa em Deus sem estar com Ele? Confunde um pensamento elevado até o Senhor no meio da vida cotidiana, com uma vida de oração? Claro que pensar em Deus e conversar com Ele no meio da correria tem seu valor, mas quando se trata de Deus tendo Ele dito que nos considera amigos, há que se gastar tempo e trocar palavra de amizade, de conhecimento mútuo... Mas voltando à nossa cena... Jesus não somente pára o que está fazendo, aceita a presença dessa mulher e mãe, gasta tempo com ela, inicia um diálogo e lhe faz a mais maravilhosa das perguntas que alguém poderia querer ouvir da boca de Deus: o que queres?
Jesus apresenta esta pergunta a todas as mães do mundo que se aproximam dele! Mães biológicas, mães adotivas, mães espirituais, mães de coração, mães que são tias e madrinhas. Mães! E olha que a pobrezinha da mãe dos apóstolos era uma tonta e vai pedir a maior bobagem, pensando pedir o melhor para os filhos... mas Jesus não a rejeita, não a critica nem ironiza, nem tampouco interrompe o diálogo. Ele lhe explica a situação com toda a paciência e amor, pois ela não sabe o que está pedindo, e a instrui sobre a Verdade, sobre o Pai. Já pensou? Jesus mesmo revelando às mães sobre o tempo do Pai agir, sobre os segredos de seu coração, que nem Ele Jesus sabia?
E olha que o fuzuê ao redor dos 4 personagens que participam da conversa: Jesus, a mãe, Tiago e João, estava grande, o evangelho nos relata. 'Quem pensam eles ser para estarem à direita e à esquerda do Senhor? Que esperteza é essa de vir com a mãe para amolecer o coração do Senhor e lhe pedir um favorzinho extra e um lugar de destaque?'. Quanto ciúme, ira, revolta, irritação, inveja este diálogo não gerou... Quantos não desejaram eles mesmos ter feito a mesma coisa, tendo sido porém, Tiago e João a fazer isso em primeiro lugar?
E Jesus continua perguntando às mães: o que queres? E se por ventura estivermos pedindo uma besteira Ele continuará a nos ouvir e a nos responder positivamente dando-nos aquilo que é o melhor. Por vivermos o tempo que vivemos, tempo onde a Igreja, a Esposa, prepara e aguarda a volta do Senhor, sabemos o que pedir para os nossos filhos e para aqueles que se confiaram às nossas orações: em primeiro lugar o dom do Espírito Santo, e depois todas as graças humanas e materiais que nossos corações ansiarem.
No final da meditação meu coração estava cheio de gratidão por esta mãe que tanto parece com todas as mães, passionais a apaixonadas por suas 'crias e filhotes', que de tonta não tem nada e que aponta a todas as mães para onde correr. Como aprendi sobre oração e confiança, sobre intercessão e entrega com a mulher de Zebedeu!
Lembrei-me de minha saudosa mãe, lá no Brasil, que há alguns dias me disse com muita singeleza de coração e com fé inabalável, que lhes são peculiares, que andava precisando ter 'uma conversa de pé de ouvido' com Jesus a nosso respeito, seus filhos e filhas. Acho que ela caprichou, pois as graças têm sido tão abundantes! Espero que ontem, com este texto ofertado à toda Igreja no mundo inteiro, as mães de todas as categorias tenham se prostrado diante de Jesus e respondendo à Sua pergunta eterna, tenham derramado seus corações e saído consoladas, instruídas, fortalecidas e com a certeza de que serão atendidas.
Me parece que Jesus adora nossas conversas de pé de ouvido...
Shalom!

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