quinta-feira, 14 de agosto de 2008

O Deserto e o Lap-Top

A dor de entrar no deserto e enfrentar os meus demônios interiores começou a acontecer. Nunca tive maiores interesses em conhecer a Terra Santa, nao sei porque, mas nunca tive. Tinha vontade de conhecer Nazaré, somente, acho que de tanto ouvir a mamãe e a tia Quiquica falarem a respeito da emoção que sentiram na Basílica. Tampouco sonhei em ser missionária em Israel. Estaria muito mais inclinada a ir para Londres ou Canadá, ou para qualquer outro país de lingua inglesa, (continuo sonhando com isso, mais ainda se for para a Irlanda, quando abrirem uma missão lá). Mas viver mergulhada na cultura árabe ou israelita nunca me passou pela cabeca, e representa uma quebra de paradigmas total.
A fase do deslumbramento com tudo acho que nunca vai passar pois, o meu temperamento é meio deslumbrado, e se encanta facilmente com as coisas e as pessoas, com a natureza, com as expressões artísticas, o novo. Só que agora a rotina da vida se implantou e a crueza das realidades humanas e sociais começam a se descortinar. Tem horas que a gente se sente frágil e com vontade de voltar para casa ou para 'alguma zona de conforto' onde não há o que temer. É o deserto. São os desafios exteriores que põem a prova o que já há ou não há de consistência interior em termos de relacionamentos, responsabilidade, virtudes, trabalho, vida espiritual, amor ao Senhor acima de todas as coisas, louvor, confiançaa, abertura ao novo, ao diferente, vivência, respeito a si mesmo, respeito ao outro, e transbordamento da paz. Paz que é muito mais do que sentimento de tranquilidade.
Entrei no deserto e meus demônios estão se apresentando. As tentações espirituais também nao faltam. Quedas, dores, reflexões. Constatações. A maior delas: quem me trouxe para o deserto foi o Espírito do Senhor a fim de me fazer conhecer e amar o Senhor como nunca acontecera antes. Amar o Senhor, repito e saboreio, me deixando amar e purificar por Ele. Descobrir a beleza Dele que há em mim, recriada por Amor em sua morte e ressurreicao. Encarnar esse amor. Fazer a vida ser mais do que belas e eloqüentes palavras, mesmo que verdadeiras, lançadas ao vento.
Deserto. Solidão. Busca de sentido. Oração. Oração. Busca do Outro, do Tu que vive em mim. Busca de mim. Como dizia Sta. Teresa d'Ávila há quase 500 anos: "A Mim, buscar-Me-ás em ti, e a ti, buscar-te-ás em Mim". Vamos juntos. E no meio do caminho, além da bíblia, da caneta e do caderno de oração, meu laptop me acompanha e testemunha as lutas, as fraquezas, o desejo honesto e a determinação de ir até o fim.
Bendita vida missionária de século XXI!

Um comentário:

Anônimo disse...

ELENA, COM QUE IDADE VOCÊ ESTÁ? (PODE ME RESPONDER PELO E-MAIL) EU ESTOU COM 77 ANOS E PODERIA ESCREVER O MESMO QUE VOCÊ ESCREVEU SOBRE SUA VIDA AO ENCONTRO DO "DESERTO" É A VDA, MINHA FILHA! É A VIDA! POR ENQUANTO...
HÁ UMA OUTRA V I D A
ESPERANDO POR TODOS NÓS, DAQUI A POUCO, POIS O TEMPO PASSA... NEM IMAGINO ONDE FORAM PARAR ESSES77 ANOS... NÃO ME LEMBRO MAIS DO QUE FIZ AOS 20, AOS 30, AOS 40, AOS 50, AOS 60, AOS 70 ANOS. QUANDO VOCÊ CHEGAR LÁ, VAI SABER COMO ME SINTO. DEUS TE ABENÇÔE! TRINITY