sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Gelinho


Este ano o inverno foi fraquinho dizem todos que estão aqui há mais tempo, fraquinho igual àquela propaganda genial, do inglês fraquinho de uns 10 anos atrás, da Cultura Inglesa, não sei se alguém se lembra, e dias ensolarados e uns botões de flor já davam sinais de vida e da proximidade da primavera. Só que semana passada o tempo deu uma virada drástica e começou a chover, o que também aqui é resposta de oração, graças a Deus, pois esta terra é desértica e árida sem nenhuma fonte d'água que não seja o Lago de Tiberíades. A estiagem estava longa demais e os níveis de água críticos. Somente a região norte do país, a Galiléia, é verdinha. Bem, com a chuva voltou o frio forte, muito vento e hoje tivemos 2 graus novamente e geada forte pela manhã. Lindo demais as pedrinhas de gelo caindo do tamanho de bolinhas de isopor fazendo barulhinho no vidro do ônibus, enquanto eu seguia para o trabalho em Haifa. Muitos carros ficaram cobertos com uma camada fina de gelo e foi a festa aqui em casa, casa de brasileiro que se encanta mais que qualquer outro povo quando ve gelo. A torcida ampla, geral e irrestrita é que haja neve ainda este fim de semana. Geada é pouco!

Hoje mostro esta foto em especial porque é aniversário do Leandro e deixei que ele brincasse de filmar e de fotografar o dia inteiro com a minha câmera, como presente de aniversário, e aí ele se esbaldou... Deu gosto de ver a satisfação dele brincando no jardim com o gelo. Ele é um grande e bom irmão. Conversamos coisa séria e conversa fiada, de futebol, piadas e amores, de vocação e oração, e ele me faz um bem enorme com o dom simples e descomplicado de sua amizade. E sei que a recíproca é verdadeira. Ele tem uma pureza de coração inacreditável.... É meio Magaiver (quem lembra dele?) pois tem jeito para consertar tudo que está quebrado, entupido, vazando... é São Paulino doente e sonha em conhecer o Maracanã. Trabalha no asilo e fala um pouquinho de árabe, o suficiente para fazer graça com os idosos e dar-lhes um pouco de afeto que brota da juventude de seu coração. Creio que quando o Leandro se casar, vai ser um pai e um marido muito amoroso... só é matuto demais para comer... mais devagarzinho ele tem arriscado umas comidinhas diferentes...

Também hoje quero louvar o Senhor pelo dom de minha vida e saúde pois há sete anos atrás (o dia exato foi ontem, 26 de fevereiro, também festa da Páscoa do Papá) fui operada de CA de mama e fiquei boa! Estou bem, e até com a sequela do linfedema, de certa maneira, já me acostumei. Cuido bastante do meu braço e procuro não abusar de jeito nenhum pois esta sobrevida é um precioso dom de Deus. Senti imensa saudade da mamãe e da Jan que estiveram comigo todo o tempo de cirurgia, quimio e rádio, idas e mais idas a consultórios. Se pudesse teria falado com elas e mandado mil beijos, lhes dizendo de minha gratidão... mas acho que elas sabem. Gratidão por elas e por todas as pessoas que rezaram por mim e me apoiaram de tantos jeitos... tantas pessoas da família, tantos amigos, tão irmãos e irmãs... I love you all! Que o Senhor de a cada um a recompensa merecida! Shalom!

E que venha a neve pois os matutos calorentos
latino-americanos, brasileiros, na maioria nordestinos
e nortisras aguardam ansiosos!Alinhar ao centro

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Jejum, oração e esmola?



Tudo o que o Papa Bento XVI diz é rico, sábio, profundo, baseado nas Escrituras e nos Padres da Igreja e mesmo com toda essa 'profundidade', suas homilias e palavras são simples e claras e até quem não tem boa-vontade, entende. Na quaresma de 2008 ele nos falou especialmente sobre a esmola e este ano acentuou a dimensão do jejum. Bem didático como ele parece ser, vide as Encíclicas sobre o Amor, depois sobre a Esperança, sabemos que em breve teremos suas palavras sobre a Fé e sobre a oração.

A Páscoa se aproxima. Vivemos um tempo ainda mais favorável do que o de sempre para sermos encontrados pelo Amor do Pai que continua esperando seus filhos e filhas na beira da estrada, roendo as unhas de seu coração, querendo abraçar, beijar, curar, dar sentido à vida e responder às perguntas tão difíceis da existência, as perguntas de seus filhos... Ah! como eu sofro quando penso na dureza do meu coração... como eu sofro quando penso que minha vida, palavras e ações tantas vezes não fizeram as pessoas que me cercam se sentirem amadas pelo meu testemunho e sedentas de conhecer o Senhor, este Deus misteriosamente perfeito em Amor que sempre me buscou, que sabe ser escandoloso em sinais de ternura, mas também escondido e silencioso...

De maneira simplérrima o sacerdote hoje ao nos impor na cabeça as cinzas, nos lembrou as dimensões destas três 'atividades' para as quais somos chamados a dar mais atenção na quaresma: o jejum, a oração e a esmola. Juntando o que ele disse com o que se passa pela minha cabeça por conta das últimas leituras que tenho feito, gostaria de tecer alguns comentários. O jejum diz respeito a nós mesmos, para exercitarmos o auto-domínio. Dominando o que ingerimos dominamos os demais sentidos, nos lembrou o Santo Padre citando os Padres da Igreja. Dessa maneira, privar-se de algumas guloseimas ou bebidas, sobremesas, carne, ou diminuir a quantidade ingerida, além de nos fazer próximos de milhões de pessoas que se privam involuntariamente de uma alimentaçõ adequada por causa da injustiça no mundo, também nos ajuda a sermos mais donos de nós mesmos, sem vivermos às custas dos impulsos. Quem jejua é mais dono de si para ser mais de Deus e mais dos outros.

Para sermos mais de Deus, é preciso estar com Ele, gastar tempo, perder tempo, priorizar a oração. Cada um sabe como e cada um conhece bem os próprios desafios. Pode ser dormir menos, desligar a televisão, ficar menos tempo na internet, estar atento onde o tempo é desperdiçado em distrações e desculpas esfarrapadas para não se estar com o Senhor. Estar com Ele é dificílimo quando vivemos num tempo onde impera o barulho, o som, a imagem, o excesso de atividades e apelos e não mil estímulos, mas dez mil. E estes são só os externos, sem contar a barulhada do nosso coração! Mas não importa. Importa ir. Importa estar. Importa vencer-se para orar e estar com o Senhor. Se for numa capela melhor ainda por causa do ambiente, dos ícones, do silêncio, se houver possibilidade de ser diante do Santíssimo Sacramento, aí é o Céu, mesmo que povoado das nossas inquietações. Não importa, repito. Esta tem sido também a minha experiência, a minha batalha cotidiana, mesmo vivendo na Terra Santa tendo as montanhas da Galiléia, lindíssimas no quintal de casa. É um exercício da disciplina e da vontade, a vontade de amar e de conhecer Jesus.

Muitas e muitas vezes eu penso na zoada que não deviam ser as multidões seguindo Jesus... Realmente os apóstolos devem ter tido uma trabalheira imensa para colocar as pessoas sentadas, caladas para ouvir Jesus. A unção do Espírito Santo total sobre Ele lhe dava completa autoridade espiritual, seguramente, mas a humanidade dos homens, mulheres, crianças, jovens, doentes não pode ser negada. As multidões que seguiam Jesus estavam mais para bloco de rua e porque não dizer, bloco de carnaval e passeata do que para procissão silenciosa e cortejo fúnebre. Daí que ficarmos com Jesus e nos sentirmos com uma multidão dentro de nós fazendo baulho e nos distraindo também faz parte do processo de aprender a rezar, a silenciar, a amar, a saborear a Palavra... A oração é graça, é dom, mas só se recebe rezando. Daí insistir, querer e não se deixar enganar que é um dom só para alguns. Se rezar é estar com o Senhor e conversar com Ele e se todos somos seus filhos com quem Ele quer se relacionar paternalmente, esta se torna a inferência mais fácil de se fazer: a oração é um dom para todos, ao alcande de todos, uma necessidade essencial.

Por fim a esmola. Esta diz respeito aos outros, às pessoas ao nosso redor. Se estamos mais com o Senhor e ficamos desejosos de mais auto-controle necessariamente vamos abrir nossas gavetas e armários, depósitos e coleções de tranqueiras guardadas que-um-dia-podem-ter-valia-e-serem usadas, e darmos um fim a elas. O fim pode ser o lixo, pode ser doar, pode ser até vender. Mas esmola não é dar um dólar, um shekel, um euro, um real... Esmola é dar, é abrir-se. Esmola não é resto. A esmola diz respeito ao outro, ao que está perto e ao que está longe esperando um email, uma palavra amiga. Não estou dando recado pois, graças a Deus, há muitas pessoas que me escrevem, mas confesso uma realidade: quando se é missionário a gente se sente por demais esquecido e às vezes um beijo virtual, um I love you my sister, Shalom pra você! vale demais!

Esmola é dar e quebrar paradigmas de egoismos e medos. Soltar-se das coisas velhas para poder ser mais livre! Não porque as coisas em si são negativas e trazem forças negativas como apregoa o modismo do feng-shui, mas porque nós fomos criados para fazer Comunhão, para sermos irmãos e nos preocuparmos e nos ocuparmos uns com os outros.

Quando partilhamos não é uma luz azul que passa a trazer bons fluidos para a nossa casa, é a luz que vem do cumprimento da Palavra de Deus é que toma seu lugar e, iluminando o coração, ilumina o lugar que vivemos e trabalhamos. Pois o Senhor nos diz: 'brilhe vossa luz diante dos homens para que vendo vossas boas obras glorifiquem vosso Pai que está nos Céus'. Dar esmolas, dar e dar-se são as boas obras que trazem a luz verdadeira para os ambientes onde estamos e não o sofá no ângulo esquerdo ou o espelho no hall de entrada do elevador para espantar as negatividades... Crer nestas coisas é de uma primitividade assustadora... mesmo que ninguém o faça por mal, porque acreditar mais nestes modismos do que no que o Senhor diz em sua Palavra e a Igreja ensina? Jejum, esmola e oração não é assunto do Fantástico, do BBB...

Este é novamente um tempo favorável! É doloroso saber e ver o mundo de cabeça para baixo com tantos problemas de permissividade - que tristeza ver o Presidente Lula distribuindo camisinhas no Sambódromo e promovendo o sexo livre, como se atividade sexual fosse algo a ser liberado como merenda escolar - problema de drogas assolando cada vez mais famílias, problemas ecológicos e econômicos de toda ordem... e, neste contexto, me parece que a maior tentação é olhar mais para os problemas do que para o Senhor que é todo misericórdia e compaixão e, mais uma vez, dá à humanidade um tempo favorável, um tempo de graça, um tempo de cura e de paz, um tempo onde podemos fazer nossas pequenas ofertas e trabalhos para melhorar o mundo. Este tempo favorável é ocasião de voltar para casa, filhos e filhas de Deus, e de se reapaixonar por Deus e reexperimentar a consolação da fé! É tempo de largar o peso insuportável de querer salvar o mundo e de querer salvar a si mesmo!

Que bom entender um pouquinho mais o que seja o jejum, a oração e a esmola para melhor deixar o Espírito fazer passagem e Páscoa em meu interior. Que rezemos e nos sustentemos mutuamente neste tempo de Quaresma, tempo de misericórida, gratidão e amor, muito mais do que de sacrifício.

Shalom! Salaam!

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Fotos e Festas - Carnaval 2009

A gente trabalha muito nesta vida missionária, mas como não festejar um Carnaval à fantasia? Precisávamos saber onde... Qual o nome do nosso clube predileto, onde temos cadeira cativa a carteirinha de sócios-vitalícios? Obviamente que é no Muhrakah, lá com os Carmelitas. Eles são nossos amigos, confessores e topam qualquer parada. Tudo começou porque o Pe.Alberto ganhou uma garrafa de cachaça (só podia ser a cearense Ypióca!) e queria que a gente lhe ensinasse como se faz caipirinha. Claro que foi a 'mamãe' aqui, sei lá porque, a mais com cara de (ex)pinguça, (só rindo), que foi escolhida para tal missão. Mas tomar caipirinha tem que ter um motivo, uma festa: nos lembramos do Carnaval e como sexta-feira, na dinâmica comunitária é sempre dia de lazer, como diria a minha mãe: juntou a fome com a vontade de comer. Resolvemos fazer um jantar bem simples, lá com eles e, aproveitando que era sexta-feria de Carnaval, fazer uma festa à fantasia. A caipirinha ficou fraquinha, mais ou menos porque faltavam os apetrechos para bem prepara-la, mas o Pe.Alberto, eu e o Bachir, que é funcionário da casa que também participou junto com a esposa e o filho pequeno, vestido de Super-Homem, apreciamos bastante o drink, com toda a moderação devida.
Os fantasiados abaixo são: Pe.Alberto de carta de baralho, Rei de Ouros, o pequeno Super-Homem, e atrás o Leandro de druso, com um fraldão e uma touca branca típicos da indumentária, muito engraçado. A seguir o Bachir de bruxo, o Pe. Bonaventure fantasiado daquele personagem do Senhor do Anéis que me foge o nome agora, mas que a gente rapidamente apelidou de Heavenly Father (ele só fala inglês), ou Pai Eterno, com todo respeito. O Tennesseee, vestido de pivete, malandro, dizia estar fantasiado do seu passado. Figura rara. É fantástica a graça de criatividade que Deus nos dá e a graça de nos divertirmos com tão pouco e com tanta leveza! Vejo nisso o fruto da pobreza!
Aqui estamos nós, as ladies: a mascarada da esquerda é a mulher do Bachir que infelizmente eu não guardei o nome mas que foi a exímea cozinheira que fez todas as saladas e frangos, os quitutes deliciosos da noite. Não dá para imaginar como o Bachir consegue ser tão magro. Diz ele que é a prática assídua de esportes. O arroz bem soltinho à la Brasil levamos nós. Do lado da mascarada vem a Lorena vestida de idosa do asilo, não trabalhasse ela lá diariamente. Estava super engraçada. Depois eu de japonesa, de cabelo preso, bem diferente de mim, depois de tantos anos com o cabelo bem curtinho e olhos carregados de maquiagem preta. A Cristina, a seguir de vaqueira, dançou que se acabou, mas meio murcha com saudade do namorado. A Júnia vestida de adolescente ou Penélope charmosa, a Viviane de baiana (modelito especial feita às custas da cortina! ficou ótimo!) e a insuperável Silvânia de palhaça. A foto dela e do Tennessee juntos ficou muito especial!

Dançamos um bocado com músicas e marchinhas antigas de Carnaval, que a Vivi deu download e salvou num CD, além de termos ouvidos os CDs dos 'Altos Louvores', que é aquele conjunto baiano da irmãos da Comunidade Shalom que resgatam para o Senhor a boa música de dançante nordestina, e os forrós dos DDD. Em homenagem ao Pe.Bonaventure mostramos até uns fimezinhos com a Carmem Miranda... Foi muito bom! Bendito seja Deus!

Se à noite tivemos festa, antes, de tarde, depois do trabalho, fomos conhecer Akko, que é uma cidade histórica muito importante, bem próxima da fronteira com o Líbano e que já foi, um dia, sede do episcopado. Aqui também havia um porto onde S.Francisco de Assis chegou no século XIII quando veio conhecer a Terra Santa. O passeio fora de hora foi por conta do dia de folga da Lorena e da Júnia - que é da missão de Nazaré - que nos convidaram a mim e a Cristina para conhecermos esta cidada histórica muito linda banhada pelo Mediterrâneo. A tarde estava belíssima e gelada, típica de inverno. Aproveitei os últimos raios de sol para tentar mostrar a beleza que tínhamos diante dos olhos. Esta igrejinha que se ve foi edificada pelos Franciscanos em 1700 e alguma coisa em homenagem a presença de S.Francisco e é dedicada a Sto.André.

Estas três beldades são as representantes femininas da Comunidade de Aliança Missionária da Comunidade Católica Shalom em Israel! Respeite este trio! Estamos com as fisionomias felizes porque realmente estamos felizes fazendo a vontade do Senhor, mesmo quando ela se apresenta cheia de desafios. Mas a vida é bela exatamente por isso! Como é bom ser de Deus! Sermos leigas consagradas! A Cristina é uma enfermeira nascida no Amapá, que estando já em missão em Sergipe, Propriá, foi convidada para vir passar dois anos trabalhando no asilo em Isifya. Grande oferta já que ela tem namorado firme, também da Comunidade, para que o Reino do Senhor seja plantado em primeiro lugar. Que testemunho! Ela tem feito um belíssimo trabalho no asilo e sua natureza conciliadora tem agregado funcionários e trazido traquilidade ao ambiente, na medida do possível. A Júnia é de mineira de Caxambu, artista, formada em Belas Artes, canta e toca bem o violão, sendo do ministério de música e animando semanalmente as procissões em homenagem a Nossa Senhora que acontecem duas vezes por semana na Basílica em Nazaré. Tutti buona gente! E de mim não posso falar, nem precisa... essa cara de lua cheia já deixa bem claro o quanto preciso fechar a boca!


E andando dois dias para trás, na quarta-feira, tivemos a alegre visita do Abuna Elias Chacour, nosso bispo, 'ídolo da Emmir' (brincadeira séria!), que veio fazer visita aos idosos no asilo, o que os deixa muito honrados e felizes pois ele sempre tem uma palavra de pai, de Abuna, os escuta, mesmo que rapidamente, e depois foi almoçar conosco. Infelizmente havia pessoas estranhas na mesa, fora a nossa família Shalom o que não nos deixou tão à vontade, mas bendito seja Deus, também por isso! Deu para confirmarmos nossa expectativa quanto à visita dele à Fortaleza no Fórum Carismático, esse ano, em outubro e para ouvirmos de sua boca todos os detalhes para a mais que provável vinda do Santo Padre à Terra Santa - e à Haifa! Já pensou? Mas a confirmação definitiva mesmo por parte do Vaticano só chegará no próximo dia 28.



Esta foto foi tirada no jardim de casa: eu, Abuna, Leandro (que não desgrudou do bispo!), Lorena e Cristina, no dia 18 de fevereiro. Foi um almoço muito agradável, em família, onde servimos comida árabe preparada com esmero e talento pela Viviane, elogiada por todos.

Bendizemos o nome do Senhor porque em meio a passeios e festas, fantasias e frio, algumas bronquites e muita tosse por parte de alguns, pudemos hoje também comemorar os dois anos de Reconhecimento Pontifício dado à Comunidade Católica Shalom pelo Santo Padre, no dia 22 de fevereiro. Que neste caminho possamos ser santos e espalhar com a nossa vida o Shalom do Pai, Jesus Cristo resposta para o anseio do coração humano. Que grande alegria pertencer a esta magnífica vocação!

Shalom! Salaam! Peace!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Partilha

Continuo trabalhando na tradução da tese de mestrado do Pe.João Wilkes sobre a Espiritualidade da Comunidade Católica Shalom, e este trabalho tem se mostrado de um prazer inominável já que tenho podido contemplar, no decorrer da leitura e da reescritura, como se dá a intervenção do Senhor na História, quando Ele resolve fazer algo novo no meio do seu povo, para que o Reino permaneça no meio de nós, fazendo acontecer um novo carisma.

Muito interessante ver a história da Igreja do Brasil onde se insere a vida do Moysés, marcada fortemente pelo desejo de justiça e de liberdade após os anos de ditadura, mas ferida pela ideologia marxista que sufocou tantos dos ideais e das verdades sobrenaturais da vida da graça, descritas no Evangelho.

E mais do que uma comunidade de serviço como há centenas que fazem trabalhos maravilhosos no Brasil e no mundo, ressuscitando e fazendo reviver a vida da igreja e das paróquias, em sua dinâmica e vivência sacramental, Deus sopra um carisma e uma espiritualidade novas, que traz profundas marcas na vida apostólica e na via de oração da Renovação Carismática, mas que a ultrapassa.

Amar Jesus Cristo e conhecê-lo pessoalmente como Deus e Senhor, na vida de oração contemplativa, como leigos e leigas, servindo-o em Seu Reino, no mundo e na Igreja, é uma grande novidade do Espírito, que fez brotar uma semente plantada misteriosamente no mundo já desde o Concílio. E assim como leigos consagrados - e nessa categoria se incluem todos os leigos consagrados e não somente os 'shalomitas' - temos feito uma humilde porém determinada quebra de paradigma no mundo. Somos fiéis ao Santo Padre (meu Deus! como têm sido escritas asneiras e inverdades a seu respeito!) e somos fiéis aos ensinamentos da Igreja e aí está nossa alegria. Não há cegueira, há amor. É a paixão que cega, o amor ilumina e alarga também a visão.

Penso que amar o Senhor Jesus de todo coração e com a vida em pleno século XXI, usando todos os avanços da tecnologia e usufruindo de todas as conquistas da Humanidade até aqui alcançadas, é a maior e mais bela das aventuras que alguém pode ter. E isso, sem ter que 'virar religioso'! Nada contra eles, mas o tempo da graça do Senhor está sobre os leigos, homens e mulheres, casados e solteiros, em qualquer e em todas as profissões, também os desempregados e pobres, mais inteligentes e menos preparados, artistas, intelectuais, gente comum, todos os que batalham arduamente pela sobrevivência. É tempo de viver radicalmente o Evangelho do amor e da esperança nas besteiras cotidianas de nossa existência, de nossos amores!

A vocação Shalom tem me ensinado a amar mais, tem me ensinado a rezar melhor. Tudo isso eu fui aprendendo no decorrer da vida e da família, desde criança, e por todos os que me testemunharam e instruiram neste caminho, sempre terei imensa gratidão. Mas o chamado 'à santidade por vocação e não por presunção', como escreveu o Moysés, e a 'difusão aberta e irrestrita do dom da esponsalidade da alma para todos, todos e todos' me atraem sobremaneira! Até há pouco tempo este vocabulário e experiências místicas eram reservada aos carmelitas e monges, alguns poucos eleitos de Deus. Agora, depois do Concílio, parece que o Senhor 'democratizou' ainda mais o Seu Amor e a Sua Presença no mundo.

E conhecer Jesus, a partir de uma experiência de batismo e vida no Espírito, e tornar-se católico de carteirinha, 'militante' é totalmente distinto de se conhecer, amar, estudar qualquer outro grande cientista, pensador, gênio, escritor, seja ele Sócrates, Freud, Picasso ou o Ché Guevarra.

Esta não é uma postura fechada, ao contrário, é abertíssima, é livre, é genuinamente católica e universal, pois como somente Jesus Cristo disse de si mesmo ser Deus, revelando e restaurando em si toda a beleza e integridade da pessoa humana, seja ela homem, seja mulher, quanto mais perto dele estamos, mais vemos tudo e todos como Ele ve! E aí vale a arte, a ciência, a literatura, as ciências humanas é médicas, os esportes, a culinária, a moda, a agricultura, até a política e a economia, sem contar o sexo e o corpo humano...

Bem, acho que acordei feliz hoje por ser quem sou e fazer o que faço, mesmo sabendo que em termos de 'mundo' e de realidade dos fatos tudo ser tão insignificante. Mas cada novo dia que recebemos das mãos do Senhor são construídos por milhões de 'insignificantes'. São atos de vida e de amor, são rotinas, trânsitos, palavras, gestos, pensamentos e sonhos, as vezes dores, agudas dores, olhares... mas o que fazer com o encanto pela vida que nunca termina?

Shalom! Shalom!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Fotos da última Viagem

No alto do Monte Carmelo os missionários das três casas se reuniram para ouvir o Gregório Vivaldelli falar sobre o zelo e a radicalidade de amor do profeta Elias, que viveu sobre estas mesmas montanhas.

Gregório, Lorena e Hanna nosso amigo de Caná, ao lado de uma talha de pedra encontrada nas escavações de uma casa de dois mil anos atrás, semelhante àquela que Jesus mandou encher de água e que transformou em vinho, o melhor dos vinhos, pela intercessão de Nossa Senhora, numa festa de casamento.

Parece pose mas não é. Esta é a estrela onde a Tradição diz que foi colocada a manjedoura onde repousava Jesus no dia de seu nascimento, em Belém.
As 14 pontas da estrela representam as gerações até o nascimento do Messias.
Deus foi tão bom que a basílica estava completamente vazia e nós pudemos rezar longa e silenciosamente sem sermos interrompidos. Mimos de Deus. Como éramos três, cada um acabou tirando foto um do outro.

Na porta do Santo Sepulcro, em Jerusalém, com o rosto murcho de tanto chorar e me emocionar. Se da primeira vez que estive aí havia mais de 300 pessoas na fila, neste fim de manhã, extraordinariamente, ficamos os três sozinhos, novamente, rezando, chorando, silenciosos, intercedendo, adorando o mistério acontecido neste lugar: a morte e a ressurreição do Senhor. Até tirar foto tiramos, coisa que os ortodoxos costumam proibir, eles que têm a custódia do local santo. Mas neste dia, parece que nem nos viram lá dentro: ficamos o tempo que quisemos, por mais de 15 minutos, sem que chegasse um turista sequer. Bendito seja a bondade do Senhor! E se você é meu amigo, parente, sobrinho, afilhado, irmão ou me pediu oração, pode ter certeza que nesta hora eu me lembrei de você!

Os três peregrinos no Monte das Oliveiras, tendo Jerusalém às costas. Somos eu, Gregorio Vivaldelli e Pe.Pedro, brasileiro do interior de SP, muito amigo da Canção Nova e da Comunidade Shalom, que fez uma parada na escritura de sua dissertação de final de curso de teologia, e nos ciceronou por Jerusalém com uma competência, simpatia e generosidade inigualáveis. Valeu!


Tenho ainda muitas coisas e descobertas a partilhar sobre a Palavra de Deus nestes dias de retiro, passeio e peregrinação, mas preferi hoje postar umas fotos que matam um pouco da saudade e naõ deixam de ser um presente de Happy Valentines Day!


Shalom!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Eleições e Eleições

Terça-feira tivemos eleições para o Parlamento em Israel. O resultado oficial ainda está para sair já que não houve um vencedor com maioria absoluta. Mas todas as negociações indicam para uma linha de centro-direita, tendendo à extrema direita, o que representa muito pouco espaço para alguma mudança substancial no que tange aos palestinos. Os hiper-ortodoxos de direita, se ganhassem pretendiam simplesmente expulsar 4.5 milhões de palestinos de Israel... A ironia é que aqui ganha a direita quase extrema e nos EUA a esquerda extrema... mas como disseram outro dia, onde entra o dinheiro, as posições se invertem e ajustam rapidamente.
Só faço me unir ao coro de todos aqueles que como Corpo de Cristo, rezam com os salmos: Que o Senhor tenha misericórdia de todos nós, já que sua misericórdia é eterna e cobre o coração e as realidades de todos os homens! Não podemos deixar de confiar e rezar assim, por menor que nossa oração pareça. Misteriosamente, nós os pequenos e pobres, consagrados, leigos, ou simples lutadores pais e mães de família, tantas e tantas vezes conscientes de nossas fraquezas e limites, unidos a Jesus, e sempre por causa dele e por amor a Ele, completamente confiados nele, sustentamos o mundo com nossas orações. Às vezes em lágrimas, às vezes em louvor, mas sempre plantando pequenas sementes de esperança e paz e luzinhas que espantam as trevas e nos permitem ver a beleza que há no mundo e nas pessoas...
Queria ter veia de poeta para conseguir transmitir a força da esperança que sinto em meu coração escondida nas pequenas belezas e batalhas da vida cotidiana, seja na florzinha que teima em nascer no cantinho da calçada e que sorri tímida pela manhã, seja no olhar cansado e mesmo assim corajoso de quem luta pela vida e não desiste dela mesmo ela sendo tão desconcertante...sempre o olhar...que o Senhor nos de olhos puros que vejam onde Ele se encontra e que O reconheça em nossos corações, onde tudo brota.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Remar contra a Maré

Estive fora uma semana tendo o 'difícil encargo' de acompanhar o biblista italiano Gregorio Vivaldelli pela Terra Santa, sendo esta sua primeira peregrinação aos lugares sagrados de Israel. Especialmente Jerusalém foi inesquecível e cansativo pois eu sempre corria atrás do Gregorio e do Pe.Pedro, diocesano de Ribeirão Preto, nosso querido guia e amigo brasileiro, que termina seus estudos teológicos com os franciscanos daqui a poucos meses. Eles de pernas longas e ágeis e eu acompanhando nas carreiras as vielas e subidas e descidas de mil e uma escadas, ouvindo as explicações, as divagações teológicas e tomando um banho de história e de testemunho de fé. Matei a saudade da língua italiana com quem tenho uma dívida um dia a ser paga: estuda-la sistematica e dignamente para fala-la fluentemente como uma homenagem ao papá e a uma parte de mim, a parte criança, que quando pequena se expressou em italiano.

Jerusalém se experimenta e se conhece. Jerusalém se ama e se reza. E a Providência Divina, pródiga em mimos, nos deu estar por exemplo no Santo Sepulcro sozinhos, longamente, para rezar, chorar, adorar, louvar o Senhor e agradecer pelo dom inestimável do batismo cristão que nos faz conhecer a morte e a ressurreição do Senhor. Não foi uma experiência somente estética e histórica muito forte, mas também, pelo menos para mim, uma experiência de gratidão pelas gerações e gerações dos que vieram antes de mim, de nós. Como não agradecer ao Senhor pelos franciscanos que protegeram a Terra Santa desde 1245?! (Acho que a data é esta, se não for é algo bem próximo). Como não perceber com clareza que somos hoje esta geração pós-Conciliar os chamados a também preservarmos e testemunharmos a fé, custe o que custar, como Comunidades Novas que somos?

Ficou claro para mim, depois desta semana e da peregrinação, ouvindo o Gregorio falar e testemunhar, como pai de família e leigo consagrado, que o sopro novo do Espírito Santo na Igreja para a construção do Reino de Deus, aponta para os leigos como seus instrumentos eleitos em especial. É tempo de nos comprometermos e oferecermos tudo o que somos e temos para que esta belíssima obra do Senhor aconteça no meio de nós e a partir de nós... mesmo sendo nós quem somos inconstantes, frágeis, inseguros, medrosos, carentes, mas amados, amados, amados, amados...

Nós vamos passar mas as obras de amor que fizermos por amor a Jesus, ao Reino, à Palavra de Deus, pelas pessoas estas permanecerão para sempre, como a gente testemunha nos lugares santos, seja na Terra Santa, seja onde for.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Sumiço

Bom dia galera! Estou sumida todos estes dias porque estou acompanhando o biblista Gregorio Vivaldelli, de Trento, Itália pela Terra Santa. É a primeira vez que ele vem a Israel e como amigo meu e da comunidade, recebi o 'difícil encargo' de acompanha-lo. Acesso à internet quando se está peregrinando é meio complicado. Ele veio pregar para nós sobre o Profeta Elias in loco, no Monte Carmelo onde o profeta viveu os momentos principais de sua missão. Tudo até agora tem sido sensacional e floreado de mimos de Deus, até meus pés exaustos! No sábado escreverei novamente. Tenho me lembrado de rezar por todos e cada um dos amigos, irmãos e família. Até breve!