sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Mais fotos, outras histórias

Esta foto é de julho quando tivemos uma feijoada para os nossos amigos carmelitas. Sentados estamos eu, Pe.José, Lorena e Yara. Atrás meu dileto amigo Pe.Bonaventure abraçando os anfitriões Tennessee e Silvânia. Reparem na blusa linda da Sil, o Tenne ama esta blusa...ela até já passou-a adiante...

Apesar da Lorena estar com o mesmo modelito, a blusa rosa, esta foto foi tirada no dia 17 de setembro, semana passada no fim do almoço quando a Emmir conheceu pessoalmente o arcebispo Elias Chacour. Após a refeição fomos até a pequena capela da Cúria para dar graças e tirarmos esta foto. Na frente Tennessee, Angela Miyashiro, Lorena, Emmir, D.Elias e Ir.Suzane, que serve na Cúria, ela é síria e atrás estou eu, tentando achar um espaço...

As fotos a seguir são da Festa da Transfiguração, 6 de agosto, quando viemos à Cúria como Comunidade Shalom para convivermos e partilharmos com o bispo. Foram duas horas muito agradáveis, à vontade e no fim, como não podia deixar de ser, tiramos fotos. Foi o próprio bispo quem me disse 'quero tirar uma foto com você'. Saiu essa, bem natural. Gostei. Pensei logo na Mamãe que de vez em quando visita o blog à cata de novos rostos, imagens e comentários sobre a missão. Imagino que ela vai gostar de me ver assim, do lado do arcebispo da Galiléia...

O arcebispo fez uma foto só com os homens da nossa missão, Leandro e Tennessee Juscelino... eu já a tinha postado anteriormente, mas ficou tão boa que vale o repeteco para a alegria do Leandro...

... e depois com toda a Comunidade que serve em Haifa e Isifya. Eita gente bonita! E as meninas capricharam nas saias modelo Tiberíades, férias de verão!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Um fim de semana especial

Esta foto foi suada para tirar e sair bem, mas até que deu certo. Emmir na Fiacolatta, do lado de fora da Basílica da Anunciação em Nazaré, participando do terço rezado por todos os peregrinos. No fundo temos várias tendas e muçulmanos celebrando o fim do Ramadan, parando para ver a procissão dos cristãos celebrando a Virgem Maria que, graças a Deus, Maomé (ou Mohamed como se diz em árabe), também amava. Que Ela interceda por todos nós! Amei esta imagem.

Os missionários da Comunidade Shalom em Nazaré, da direita para a esquerda, afinal estamos em território semita onde se le e escreve nesta direção: Ana Paula, Marquinhos, Emmir, Raquel, Socorro e Beto. O último rapaz entrou de gaiato na foto... estávamos diante da gruta da Anunciação em Nazaré, terreno santo, no fim do terço recitado e rezado com os peregrinos a cada sábado do ano.

Na cozinha do apartamento cedido pelos franciscanos onde moram nossos irmãos da missão de Nazaré. Na foto além dos citados anteriormente, estou eu e Angela, que veio acompanhando a Emmir nesta viagem à Itália e França para dois congressos com o intervalo de seis dias de férias na Terra Santa.

Esta foto foi a última tirada em Isifya na casa da Silvânia e Tennessee com todos de casa mais as visitas especiais da Emmir e Angela. Mas como sempre acontece, como não foi a dona da câmera que tirou a foto ficou fora de foco... Pena!

Agora vamos às notícias depois de algumas fotos.

No último fim de semana tivemos excesso de festas ao nosso redor. Desde o entardecer de sexta-feira, dia 18, os judeus já se apresentavam em roupa de gala para celebrar o ano novo ou Rosh Hashana, entrando no ano 5770. Como eu estava passeando com a Angela Miyashiro em Jerusalém, tentando apresentar alguma coisa da cidade a ela, vi os nativos à rigor. Na tarde de sábado houve uma primeira chuvinha de cinco minutos, muito significativa para os que moram em Israel, sinal de bons presságios para esta terra árida que não via uma gota de chuva desde abril. E no sábado as festas se cruzaram: se os judeus celebravam o ano novo os muçulmanos festejavam com muitos fogos, música na rua e comilança o fim do Ramadan, que são os 40 dias de jejum de preparação para celebrar o sacrifício de Isaac, outra festa que vem a seguir. Como é este jejum dos muçulmanos é capítulo a parte, como se dizia num quadro de humor na TV, 'há controvérsias'...
E em meio a estas duas grandes festas, além da alegria da chuva, nós cristãos, que estávamos em Nazaré, participamos da Fiacolatta que é o terço rezado em cinco idiomas com os peregrinos do mundo todo que vão até à Basílica da Anunciação na noite de sábado. A Comunidade Shalom tem a responsabilidade de animar e organizar este terço, semanalmente, com a ajuda dos franciscanos e de outros membros voluntários, paroquianos. E há violões, músicas antigas e novas e um jeito novo de honrar a amadíssima Senhora, nossa Mãe, levando os turistas a se tornarem peregrinos, rezando e intercedendo aos pés da Virgem por suas intenções particulares e por todas as outras. Neste sábado incluimos as vidas e as intenções de judeus e muçulmanos, nossos irmãos, mesmo se eles não nos consideram muito assim. Mas o que se pode fazer se o nosso Deus se fez Cordeiro e nos convida a sermos como Ele? Nosso caminho é o do Amor traduzido em perdão, diálogo, e construção da Paz, defesa da Vida, da Humildade e da mais absoluta confiança na misericórdia do Pai que faz chover sobre justos e injustos. E se ainda não vivemos assim pelo menos sabemos para onde Ele nos leva a medida que transforma nosso coração.

Como Comunidade a maior alegria foi ter a presença da Emmir conosco, entre nós, rezando o terço e carregando o ícone do quinto-mistério gozoso. As fotos acima dizem tudo e nos enchem o coração de alegria por sua visita tão materna, fraterna, humana, generosa, pacífica, descomplicada, fortalecedora, simples, verdadeiro mimo de Jesus. Que o Senhor esteja com ela nestes dias que precedem o retiro e depois em Ars, na França, nos dias do retiro internacional de sacerdotes.
Shalom!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A Cruz, Alegria e Nossa Senhora


Celebramos em nossa paróquia a Festa da Exaltação da Santa Cruz no próprio domingo e um simples detalhe da Liturgia me fez uma reviravolta interior, me chamou à conversão: a antífona de entrada da missa é a mesma da missa de Páscoa, da Ressurreição! Foi uma celebração da vitória do amor, da vida, da vitória de Deus sobre todo pecado e morte em Jesus, Nosso Senhor. A cruz de Jesus é a nossa salvação porque lá se esconde e se revela tudo o que diz respeito a mim e a cada pessoa humano! Nada escapa, nada ficou de fora, da 'sombra do Altíssimo como está no salmo 90', a sombra e o abraço da Cruz do Senhor.

Creio que estas pequenas iluminações que o Espírito nos vai dando, enquanto caminhamos nos vales da vida, representam outro versículo do salmo que fala que a Palavra é como lâmpada para os pés, que ilumina cada passo e impele a um novo passo, a seguir confiantemente. E a Cruz de Jesus, que ainda causa desconforto em tantos, é para os que creem e amam a certeza definitiva de que o axioma da vida foi invertido: depois da dor e durante a dor, haverá sempre o Amor de Jesus, sua presença a nos acompanhar e a nos apontar para o canto da ressurreição, a maior de todas as certezas. Quanto mais encarnamos estas verdades mais fecundas e concretas elas se tornam.


Por isso esta foto acima, de uma romã, símbolo da festa da Santa Cruz que junto com as flores, foi distribuída entre o povo no fim da missa. Esta fruta tem casca extremamente amarga e indigesta mas quando rompida, exala um perfume inconfundível e forte que impregna. Assim a dor vivida em Deus, na força de Sua Palavra e na vida sacramental, na oração e na condução do Espírito.

Que a Mãe, a querida Mãe e Senhora, que nos foi dada por Jesus como um dos mais extraordinários e especiais presentes, seja sempre nosso grande refúgio nos ensinando a ser Dele e para Ele em todas as situações de dor e de amor.

sábado, 12 de setembro de 2009

Algumas esperanças

Esta semana pude confirmar a ida do Abuna Elias Chacour ao Brasil para o Fórum Carismático, em Fortaleza, entre os dias 9 e 12 de outubro, aproveitando o feriado prolongado. Quem tiver oportunidade de ir, não desista e quem está em dúvida, decida-se por ir, mesmo com algum esforço pois creio que será um Fórum muito especial.
Creio e peço a Deus que sua misericórdia seja abundante sobre todos e que haja recíproco enriquecimento. Por um lado a força da juventude e da parresia, a nova evangelização, que move o coração esponsal do Carisma e da Comunidade Shalom, e por outro, a história de vida e ação em favor da paz e da vivência das bem-aventuranças que este palestino, árabe-cristão, cidadão israelense, arcebispo da Galiléia vive. Acho que para nós brasileiros será a chance de entender melhor o Oriente Médio, a presença cristã na Terra Santa, conhecer a história da Igreja Católica, e para ele será a oportunidade de ver o frescor e a simplicidade do povo latino-americano que ama a Jesus Cristo e quer ofertar a sua vida para Ele, na Igreja, e que ama, louva, se compromete com os pobres e com a evangelização.
Ah! Quem me dera poder testemunhar estes dias ao vivo e in loco... mas minhas orações acompanharão cada passo para que seja um verdadeiro kayrós e que o nosso bispo após conhecer a Comunidade na casa Mãe, em Fortaleza, possa contar conosco ainda mais aqui, na diocese. Nestas semanas que antecedem tenho feito 'as negociações' e esclarecimento da melhor maneira que posso, como ponte entre os responsáveis de lá e o bispo aqui.
A Divina Providência está no comando de tudo e é a ela que confio cada detalhe, cada sonho e anseio, todas as necessidades. Ela é sempre nosso refúgio e segurança. Ela age sempre na frente e em primeiro lugar.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Rapidinho

Só mesmo para dar um oi aos leitores fiéis. O tempo começou a mudar e a brisa da manhã e do fim da tarde já é mais fresquinha. No fim de semana a internet ainda instável não me permitiu escrever nada. Fiquei arrasada porque perdi o jogo do Brasil e Argentina para as eliminatórias da Copa na África do Sul, porque não ouvi o despertador do celular tocar. (Cá entre nós, será que alguém ainda usa despertador? Acho que todo mundo adotou o celular para sempre...). Mas pelo menos o Brasil ganhou e em casa todos acreditam que o Dunga continue como técnico da Seleção Brasileira. Ano que vem vai ser uma experiência interessante: acompanhar a Copa do Mundo na Terra Santa...
Sete de setembro, feriado nacional brasileiro. A galera deve estar na praia, descansando, fazendo nada, dormindo até mais tarde, ou quem sabe indo para as ruas acompanhar as paradas militares dos colégios. Há quem goste. Talvez eu também optasse por ir se morasse em Brasília por causa da imponência da festa na capital. Este ano o Presidente da França, Sarcozy estará presente. Mas aqui em Haifa a rotina permanece a mesma para nós, cristãos: mais uma segunda-feira de trabalho. Para os outros grupos religiosos da população há diferença. Os muçulmanos estão cumprindo os preceitos do Ramadan e a grande população civil e religiosa judaica do país se prepara para o fim do ano judaico. A festa da virada, todos de branco, (the white party dizem os cartazes espalhados por Haifa) será dia 18 e a grande festa do perdão, ou Yom Kippur, no dia 27.
Mas há novidades na Cúria. Desde a segunda metade da semana passada há muitas tensões no trabalho, na diocese, porque o arcebispo resolveu mexer em problemas nunca resolvidos, jogando luz e pedindo transparência em assuntos há décadas adiados. E aos poucos as negociações vão acontecendo, medindo força daqui, jogando com informações de lá. Há os que lutam na frente e os que lutam na retaguarda. A turma da retaguarda também é turma valente que tem interncedido todo o tempo pelos que lutam na linha de frente porque é a Igreja do Senhor, é Seu Corpo que sofre, é Sua Esposa que precisa ser purificada para vestir as vestes brancas de linho, alvejadas no Sangue do Cordeiro... É a verdade e a justiça que precisam prevalecer e isso representa muito esforço, muito amor, muita responsabilidade para se dar passos na direção do que é certo, é decente, é ético, é para o bem de todos e não para o privilégio de poucos. É triste mas há pessoas de igreja que se deixam dominar pela antítese do Espírito que verdadeiramente move a Igreja que nos leva para a unidade, a comunhão, a vida nova em Jesus... E a gente sempre volta para o mistério do joio e do trigo, tomando cuidado para cultivar o trigo na própria vida e coração.
Para mim o irritante é ver o poder e a inescrupulosidade da mídia sempre ávida por escândalos e fofocas, inventando, criando dados, encontros e desencontros jamais acontecidos! Isso me faz pensar em tudo que se lê nos jornais e internet e se escuta nos telejornais. Será mesmo do jeito que se lê? O descompromisso com a verdade e com o bem comum se espalha pior que virus da gripe suína ou antes, como picada do mosquito da dengue. É o prurido e o prazer da inconsequência.
Uma das coisas que mais me intriga é que as pessoas, individualmente, sempre dizem querer o bem, salvar o planeta, construir a paz, ter uma cidade mais feliz, querem Deus. No entanto, viver o Amor encarnando-o em si mesmo é luta constante e não se faz com idéias ou palavras somente, se faz de dentro para fora pois as guerras e as maiores batalhas nascem no coração. É o coração do homem que precisa ser limpo, transformado, feito novo e feito outro, e muito poucas pessoas admitem que precisam de um novo coração de carne nos moldes do profeta Ezequiel, movido pelo Espírito de Deus e não movido pelo espírito de si mesmo que cada um tem, egoista, egoista, egoista.
Hoje mesmo observando o bispo vi esta dinâmica acontecer. E vi seu esforço para encontrar o caminho da paz e da reconciliação a todo custo mesmo quando tudo parece apontar para o contrário, pois há partes que só querem ver o circo pegar fogo. E nessas horas a gente também vê quão vazios podem ser os discursos. Há muitas palavras a favor da paz mas poucas pessoas que estejam dispostas a perder alguma coisa em favor dela.
Pessoalmente me pergunto sobre o Shalom, sobre ser Shalom, sobre plantar sementes de Shalom nesta terra. Para que isso aconteça só mesmo morrendo para as concupiscências que há em mim, deixando que a guerra interior seja vencida pelo Amor e pela Paz que só Jesus Cristo tem, dá e é. E morro somente quando rezo e quano vivo...e haja luta! Meu consolo é contar com a misericórdia e os altíssimos planos da providência do Senhor que são eternos e ultrapassam em muito nossos, meus limites de ovelha diante do Pastor. Ele está comigo e também com todos que para mim são duros de aguentar pois Seu Amor não faz distinção de pessoas!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Tudo é dom

Na Comunidade de Vida costuma-se ler um parágrafo das Regras e Estatutos da Comunidade Shalom no café da manhã antes de se dar graças pelos alimentos que nos são doados pela Providência, que também nos dá mais um dia de vida.
Rarissimamente eu escuto o que está sendo lido porque tomo meu café com leite (muito mais café que leite) a parte, uns cinco minutos antes do sino tocar para os irmãos virem para o refeitório, porque meu horário é todo cronometrado para não perder o ônibus. Além disso, eu também tomo café sozinha para ter tempo de ler as duas principais palavras da Liturgia da Missa do dia, para que meu coração e mente, desde cedo, sejam alimentados, e não só meu estômago, que ronca vazio, de manhã.
Tem dias, porém, que a gente se perde em detalhes e atrasa, como foi hoje e, quando entrei no refeitório, estavam para começar a ler um parágrafo. Parei para escutar. Acho que eu precisava ouvir esta pérola que nossas regras nos lembram e quis partilha-la aqui. Diz assim: 'a oração pessoal é um dom a ser acolhido'.
Mais uma vez as coisas são colocadas no seu devido lugar: o compromisso com a vida de oração por duas horas entre oração pessoal e estudo bíblico, é o compromisso de estar ali, aos pés do Senhor, para acolher um dom que o Espírito Santo quer dar a todos com a mais absoluta certeza. O desafio está na disciplina do parar para rezar, do ir para a capela ou para um cantinho sossegado. A luta se enfrenta na hora de largar o computador, as tarefas, as distrações externas e internas, o celular, e no determinar-se a ir e deixar-se convencer que a oração é prioridade porque é o tempo gasto com Jesus.
A oração é alimento assim como o café da manhã. É alimento que me espera e que me é dado por Deus. E hoje de manhã eu tive novamente convicção de que a oração é um dom a ser acolhido por todos da Comunidade, da Vida, da Aliança e da Obra, e não somente para meia dúzia de privilegiados...
Pensando bem, a oração é um dom que o Senhor dispõe a todos aqueles que O querem conhecer de verdade, mas será que a gente quer mesmo conhecê-lo?