terça-feira, 28 de junho de 2011

Fotos da semana e uma surpresa!

Mais uma vez tive a chance de acompanhar o Pe.Roman para celebrar Corpus Christi para umas religiosas contemplativas que moram no alto de um monte perto de Nazaré (o lugar se chama Lavra Netufa), e o passeio valeu demais por conhecer um lugar novo e lindo, e estar com amigos e irmãos, além do tempo longo de adoração diante do SSmo. Sacramento.

Na capela que fica debaixo da terra, como que numa caverna iluminada por uma abertura coberta de vidro por onde entra a luz do sol, havia um ícone com duas pinturas representando a Eucaristia. Tirei as fotos das duas partes para que as pessoas reconhecessem o lava-pés descrito por dois evangelistas...É só olhar com atenção a imagem acima e esta abaixo. Que o Senhor nos ensine a adora-lo intensamente em cada Eucaristia celebrada sendo absorvidos nele sem qualquer resistência e com todo o desejo da alma. Quando a gente vê as blasfêmias e desrespeitos revoltantes apresentados na parada gay do Brasil - o subtrato da intolerância - tomamos consciência de quanta intercessão este mundo precisa e quanto a misericórdia de Deus é paciente e longânime.

Foto com Pe. Roman e Eran quase na hora de ir embora, só para retratar a beleza do local e o contraste do azul e verde que tanto bem faz à retina e ao coração. A Marilena que viajara conosco tinha ficado com as irmãs para uma semana de retiro e a Angela, uma turista-peregrina amiga da Marilena que se juntara a nós no passeio, foi a pessoa que tirou a foto.

Gente, olha que coisa mais fofa a Silvinha preparada para ir à missa de Corpus Christi! De vestido branco e muito concentrada após um banho bem gostoso pois em Haifa o calor está forte!

As fotos até agora foram do feriado, passamos agora para  sexta-feira quando tivemos missa com o Pe. Daniel na intenção especial do Halleluya ( segunda edição) que acontecerá no dia 09 de julho, um sábado. Rezem, rezem, rezem pois a batalha é grande e a vitória será maior ainda!

No fim da missa esta foto maravilhosa que eu captei com o celular: a Silvinha bem calminha e derretida no colo do padre que é grande como um Papai Noel e cujo coração manso e bom como do Pai do Céu, atrai qualquer um. Quando eu contemplo essa foto penso logo no salmo 130 - 131 que fala em manter em repouso a alma como uma criança nos braços da mãe... essa mais parece o jeito terno e seguro, o olhar de amor e os braços firmes do Pai do Céu, o Pai Nosso, que nos leva nos braços desse jeito.

Não tenho fotos do sábado, mas no domingo fomos passear com o Padre Daniel na região de Cafarnaum e acabei visitando um museu mantido pelas autoridades judaicas, ou seja, o achado arqueológico não aconteceu através dos Franciscanos ou de ninguém da Igreja, que acharam uma embarcação do tempo de Jesus. 1986 foi um ano de pouquíssima chuva e a maré muito baixa do Mar de Tiberíades fez com que dois irmãos que passeavam nas marges do lago, tropeçassem em parte da embarcação. Coisas misteriosas da Providência Divina. No museu vê-se o filme que relata todo o processo da descoberta ao transporte para este local onde se encontra o que sobrou da embarcação devidamente protegida por produtos químicos para que ela dure mais 2000 anos. Simplesmente fantástico.
Coloco a foto da réplica em madeira em miniatura para que se veja como era a barca de Pedro, de Tiago e João, a mesma que enfrentou a tempestade descrita no evangelho de hoje em S. Mateus. E nela Jesus dormia - que sono pesado! Somente Ele em quem e para quem todas as coisas foram feitas, toda a criação inclusive, tem poder sobre tudo. Que nossa fé cresça - deveríamos pedir sempre para crescer na experiência e no dom da fé - e que nossas tempestades interiores sejam pacificadas pela presença, pela palavra, pelo amor de Jesus, por Ele mesmo. 

A família Tenne, Sil e Silvinha com Pe. Daniel para guardar de lembrança um dia de graça e paz vivido em Haifa no Centro de Evangelização! Uma foto da sexta-feira.


Visita ao Monte Tabor, o Monte da Transfiguração, no Domingo!

E a novidade afinal? Minhas férias foram aprovadas e dia 15 julho chego no Rio de Janeiro, exatamente na data do aniversário da minha mãe. Depois a aventura prossegue com direito ao Halleluya em Fortaleza e ida à Propriá onde vivi minha primeira experiência missionária, depois de 18 anos! Tenho muitos assuntos pendentes para resolver e tenho dado passos na fé um atrás do outro para poder cobrir as despesas da viagem mas o Senhor tem manifestado a sua fidelidade já que é realmente sua vontade que eu vá ao Brasil! Agradeço a todos que intercederam nessa intenção e que tem me ajudado!

 
Santa festa de S.Pedro e S. Paulo! Santa Festa do Sagrado Coração de Jesus! Santa Festa do Imaculado Coração de Maria! Que sejamos santos e sal na terra e fermento onde estivermos! Que sejamos shalom e ministros da paz!

sábado, 18 de junho de 2011

Água Mole em Pedra Dura...

Que semanas riquíssimas de fatos e de vida a que antecedeu e a que precedeu Pentecostes! Meu Deus, quanta coisa a contar e a partilhar e agradecer ao Senhor! Também uma correria sem fim por conta de visitas de amigos... Vou contar e assim dar continuidade à partilha que terminou na ida à Jerusalém com o Hai meu amigo vietnamita.

Nesta foto estou com Eran e Pe. Roman em Tiberíades na beira do Mar da Galiléia na minha primeira missa de Pentecostes: era sexta-feira e o Padre pediu companhia e 'cantores' para celebrar para a pequeníssima comunidade cristã de estrangeiros, trabalhadores de Srilanka, que vivem nesse cidade judia e que só tem a sexta-feira de folga. Lá fomos nós. Foi uma tarde muito agradável com direito a música em inglês no gogó, sem qualquer instrumento, com músicas pré-históricas da renovação carismática, que a gente diria, do tempo do onça (será que alguém ainda conhece esta expressão?). Para mim foi uma delicada dádiva do Espírito Santo que não me permitiu ficar um dia sequer sem celebrar a Eucaristia na novena à espera de Pentecostes e ainda cantar em inglês lembrando de priscas eras da juventude. Às sextas-feiras eu costumo não ter missa para ir mas dessa vez a providência divina veio em meu socorro... E mais: cantei a Salve-Regina em latim que eu tanto amo, junto com o Eran, mesmo que timidamente. Ele é judeu convertido, catecúmeno e conhece muita música sacra em latim por ter morando um tempo na Itália. Antes de voltarmos para casa tomamos sorvete, o meu naturalmente de pistache e café e a quebra na rotina, a boa companhia, e a paz no coração pela presença e o amor de Deus fizeram desta sexta-feira uma tarde especial. Acho também que era a ajuda de Nossa Senhora que queria me ajudar e melhor chegar ao fim da preparação para renovar minha consagração a ela que aconteceria - como aconteceu - dois dias após.

Sábado, vigília de Pentecostes, em Haifa na Pastoral Hebraica, segunda missa. A novidade e alegria dessa vez ficaram por conta da presença do Pe. Daniel, monge beneditino que eu finalmente conheci pessoalmente, depois de um ano e alguns meses de contato pela internet. Ele é um artista de muitos instrumentos: toca violão, tem um vozeirão de baixo de dar gosto, é iconógrafo dos bons, escultor, desenha, costura, é enfim, uma pessoas cheia de talentos. Como ele vinha para Ibillin ajudar no término do enorme Pantocrator da igreja melquita que faz parte da grande instituição educacional criada pelo arcebispo Elias Chacour, nós acabamos fazendo amizade por conta dos contatos via internet com o escritório e a Cúria. Sinto-o como um irmão no Senhor. Father Daniel Lenz é de fato uma pessoa muito simples e agradável. Ele já estava em Israel havia dias, pois seguira diretamente do aeroporto para Ibillin, e somente neste sábado, véspera de Pentecostes, pôde vir para Haifa e, assim, nos conhecemos pessoalmente.

Fico muito impressionada como são os laços do Espírito Santo os que nos ligam às pessoas de um modo mais profundo passando-as de estranhas a irmãos, sejam os de longe, sejam os de perto, pois a gente sabe que estas distâncias não são medidas em metros mas em amor. Tive assim a alegria de ouvir a voz do Fr. Dan e apresenta-los aos irmãos da Comunidade Shalom, da pastoral e é, claro, convidei-o para celebrar com o padre Roman e em hebraico pela primeira vez como se ve na foto. Fr. Dan também foi conosco para Jerusalém, para Pentecostes, no dia seguinte e foi uma festa só. 


Olha o tamanho da mão do Pe. Daniel conhecendo a Silvinha por quem ele intercedia havia seis meses. Que alegria a Silvânia aparecer na Pastoral Hebraica pela primeira vez com baby Sílvia bem no dia que o padre também estava visitando. Feliz delicadeza da providência divina.

Missa em Jerusalém em um convento franciscano que fica literalmente do lado do Cenáculo. O principal celebrante é outro padre Daniel, este salesiano e libanês que pela segunda vez acompanhou o nosso grupo.

Father Daniel, eu e o Steven, outro amigo também do Ulpan que como um presente o Senhor me deu para partilhar da fé, apresentar à comunidade, testemunhar a vida nova em Jesus Cristo. Steven é judeu canadense, cidadão de Israel, e uma pessoa muito agradável, sedenta de Deus, meu colega de escola. Para eu vencer as barreiras e falar o hebraico tem sido um parto difícil mas entre dores e lutas o amor do Senhor vai atraindo os corações a Si de uma maneira maravilhosa que só Deus pode fazer.  

Outro ângulo das pessoas presentes na missa em Pentecostes em Jerusalém.

 
Na hora do almoço todos se ajeitaram procurando sombra para partilharmos lanches, almoço, sucos e sobremesa, um picnic bem árabe. Na foto: Leandro, eu, Kézia, Thiago, Beto, Lucy, Joanna e Hannah.

 
Dentro do Cenáculo na área maior visitada por todos os peregrinos e turistas, até que fosse aberta a sala superior onde aconteceu a última ceia e onde Jesus ressuscitado na oitava da Páscoa aparece - se deixa ver ressuscitado - pela primeira vez e diz SHALOM! Toda vez que entro nesta sala o que é uma graça extraordinária, fico deveras emocionada e grata ao Senhor e só faço interceder e agradecer no Espírito.
 
Mais cenas do picnic e da turma que animou o almoço todo o tempo, gente de Nazaré com gente de Haifa.

 

Para guardar de lembrança: Fr. Daniel, mais um brother e friend dado por Deus, comigo diante das muralhas de Jerusalém!
A família da minha amiga Lubna: mãe, Nédia, e duas irmãs, Nelie e Nasrin com Father Daniel.

Nasrin, Lubna e Nelie. As duas primeiras parecem gêmeas mas não são. Todas foram muito tocadas pelo Espírito Santo quando finalmente nos permitiram entrar por 20 minutos na sala de cima do Cenáculo... ô glória! 
 

A pose é bem breguinha mas eu tirei esta foto porque queria registrar um espaço muito especial para partilhar a seguir. Estas paredes são mais importantes que o muro das lamentações. Elas testemunharam a glória dos Santos dos Santos não em tábuas da lei, mas na pessoa do Filho de Deus feito Homem, Jesus com seu corpo glorioso e ressuscitado, com seu coração transpassado soprando a paz e doando o Espírito Santo sem medidas aos apóstolos e a partir deles à toda humanidade, também em 2011... como não se sentir Tomé e rezar para que todos sejam Tomés e toquem o coração e o amor de Jesus?

Na hora que nos afastamos do Cenáculo por volta das 4 horas da tarde, ele estava lotado pois haveria uma liturgia no rito armeno e uma multidão de fiéis de muitas fisionomias se aproximava.

Do lado de fora pedi que o padre Daniel testemunhasse e junto com o Thiago renovei minha consagração à Nossa Senhora pela sexta vez no desejo de ser santa não por presunção mas por vocação. Acredito que havia o mesmo desejo no coração do meu irmão de Comunidade que fazia sua consagração pela primeira vez. Este é o desejo de Deus a nossa respeito: a santidade, a união com Ele em amor e liberdade, a nova criação, a plenitude da paz, a filiação e a paternidade divinas vividas sem restrições...

E para dar sentido ao título deste post no blog, termino com o seguinte comentário: dizia o Milor Fernandes que água mole em pedra dura tanto bate até que... acaba a água. Risos. Neste tempo atual, porém, por conta de tanta graça de Deus e presença do Espírito Santo, eu diria com humor, verdade e com rima: água mole em pedra dura tanto bate até que transfigura.

Nas áreas enrijecidas do coração quem vence é a água que jora em fonte inesgotável de amor. Que experiência maravilhosa de se constatar e de se desejar!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

A espera de Pentecostes em Jerusalém

Terça-feira, véspera do feriado judeu de pentecostes ou festa da colheita, shavuot (tantas semanas depois da Páscoa) e por não ter ônibus, pude fazer um passeio a Jerusalém pegando carona com o Pe. Roman, responsável para Pastoral Hebraica de Haifa, e um grande amigo. Ele tinha reunião mensal do clero latino com o Patriarca e eu, além de passear, aproveitaria para fazer companhia ao meu outro amigo Hai, vietnamita, a quem vagarosamente vou apresentando a fé católica já que ele é filho de uma sociedade comunista. O Hai se encontraria em Jerusalem com outro vietnamita: o Superior dos Jesuitas, Pe.  Doan. O dia prometia ser cheio, como foi, cheio de surpresas e belezas.

Depois da conversa dos dois na casa dos Jesuítas eu e Hai  fomos bater perna em Jerusalém, na cidade velha, e esta é uma banca de cerejas no meio de mercado árabe. Compramos 1kg e pagamos 0 equivalente a 10 reais. Estavam bem doces e me fizeram lembrar as fotos da minha infância na Itália, com dois anos, sentada sobre cestos de cerejas...

As fotos estão meio fora de ordem e as postei somente como desculpa para dar notícias também visuais e fazer uma pequena partilha de uma dia quente e muito especial. Como não agradecer ao Senhor por poder rezar em Jerusalém pedindo o dom renovado do Espírito Santo sobre o mundo, sobre a Igreja, as nações, a Comunidade Shalom, a missão de Haifa, sobre a família, os amigos, sobre mim e sobre todos aqueles que se confiaram à minha intercessão?

Com o amadurecimento parece que a cada ano esta dependência e necessidade da primazia da Graça do Senhor, ou a ação minuciosa e total do Espírito Santo, só aumenta. Sem mim nada podeis fazer, disse Jesus,  e é mesmo. O Espírito é fonte de toda a vida e é por sua ação que o universo é sustentado não dependendo de se ter fé ou não pois Ele vem antes de todas as coisas. O que é maravilhoso é poder participar, cooperar, oferecer-se livremente como instrumento deste mesmo Amor-do-Pai-e-do-Filho que se derrama sem cessar sobre cada coração e sobre todos os seres viventes. E nós chamados e escolhidos como amigos do Rei somos estas mãos e pés, corações vivos, inteligências claras, vontades alicerçadas na Verdade que apontam o Reino e o Amor da casa do Pai a todos, todo tempo, e para fazer isso só em parceria com o Espírito Santo. Para viver como Jesus só se movidos pelo Espírito de Jesus, no mínimo e no máximo.

Hai Vu e Elena sob o sol intenso de Jerusalém na chamda Porta de Sião (Zion Gate) que dá para os principais lugares santos da cidade.

Na casa dos Jesuítas há um museu com peças arqueológicas trazidas do Egito impressionantes, inclusive uma múmia. O padre francês fundador do Instituto Bíblico dos Jesuítas na década de 2o do século XX, era arqueólogo e egiptólogo daí ter trazido consigo 'quinquilharias' - desculpe o desrespeito - valiosíssimas! Estes são pedaços de argila com anotações - receitas, contas, um exercício de matemática - de mais de 3.000 anos antes de Cristo! Quem é da era do papel e agora do computador consegue dar valor pelo dom de saber escrever e de ter onde escrever com tanta abundância, rapidez e facilidade.
Este é o Pe. Doan, jesuíta, Hai e eu no refeitório logo após o almoço. Foi divertido ouvi-los conversar em Vietnamita e eu fiquei emocionada quando soube um pouco da história deste sacerdote que tem um ar simples e gentil. Ele foi preso político por 9 anos sob o regime comunista por ser considerado perigoso e espião do Vaticano. Era amigo do Cardeal Vang Tuan, aquele outro Vietnamita mais famoso cujo processo de beatificação corre de vento em popa. Pe. Doan viveu 4 anos preso em total reclusão e disse que foi a fase mais dura porque não saía, não lia, não fazia nada. Era um tédio absoluto e enlouquecedor. Depois foram 5 anos de trabalhos forçados na agricultura. Ele esteve com outros presos católicos e nunca ficou em solitária. Comentou que os presos consideram o trabalho no campo quase como uma alforria, um prêmio, pois se sai, se conversa com outros, se ve a luz do sol, se caminha... Ele contou que quando foi interrogado e preso o chefe da Polícia disse que se ele, padre, o quisesse matar seria mais fácil pois o Regime o mataria de volta, mas que esse negócio de querer trabalhar pela paz, pelo diálogo e a reconciliação era muito complicado... que a Igreja estava fazendo as coisas mais difíceis ao que o padre respondeu: não podemos fazer diferente.

Eu fiquei realmente surpresa e emocionada na presença deste sacerdote, pois uma coisa é ler história em livro e outra é ouvir de própria voz e estar diante de alguém santo que já sofreu o martírio físico e psicológico e moral por amor a Jesus, à Revelação de Deus na História, à Igreja, por amor a Deus e a Humanidade. E a simplicidade dele e a não necessidade de se auto-promover e de falar de si me impressionaram pela virtude. O assunto veio a tona porque eu, sem querer, perguntei se o Pe. Doan, teria algum material sobre o cardeal Vang Tuan em Vietnamita para ser emprestado para o Hai pois eu tentei explicar mas sabia pouca coisa, e assim o assunto veio à tona. Ele começou dizendo: tenho sim alguma coisa pois nós éramos amigos e fomos presos no intervalo de uma semana. Ele já era bispo e eu padre e fomos considerados espiões do Vaticano e perigosos para o regime comunista. Estive com o Cardeal Vang Tuan duas semanas antes dele falecer...

A múmia do museu que causou grande surpresa e impressão no Hai que nunca tinha visto uma. Este era um jovem militar de aproximadamente 19 anos.

A tampa da múmia

Talvez, depois da capela, o segundo paraíso: a biblioteca da casa. O Pe. Doan nos disse que a biblioteca é pequena para os padrões jesuítas, aproximadamente 28 mil exemplares. Uma universidade tem por média 300 mil. Cada um destes setores trata especialmente da exegese bíblica: novo e antigo testamento, livros raros, um infinidade... Constato cada vez mais o tamanho da minha ignorância mas sem tristeza. Sempre tive vontade de estudar filosofia e teologia e depois da consagração e da vida de oração através da Lectio Divina esta vontade só fez crescer. Honestamente já havia começado a viver muitos anos antes a Lectio mas sei que ela vem sendo sistematizada, aprofundada e impregnada pela força do carisma. Conhecer para amar mais a Deus e evangelizar e testemunhar com mais unção e precisão. É um conhecimento amoroso o que me interessa e nada mais, mas o Senhor sabe e acima de todas as coisas quero a Vontade dele.


Quatro livros raros sobre o Evangelho de S. João. Fiquei logo pensando nos irmãos e amigos padres, mestres e doutores dentro dessa biblioteca, se deliciando... Pe. João Paulo, Pe. Silvio, Pe. Emílo César...


A foto ficou fora de foco mas esta é a parte externa da biblioteca onde chegam também as doações de livros.

 

O Hai maravilhado por ver e tocar pela primeira vez na vida em uma máquina de datilografar! Que coisa mais engraçada! Ele tem 25 anos e nasceu com o computador...


Um menorah estilizado em homenagem aos seis milhões de judeus mortos no Holocausto (Shoah) que foi dado de presente ao Cardeal Carlo Martini quando depois de se aposentar e se despedir da diocese de Milão, veio morar nesta casa. A peça de arte mostra seis figuras humanas sendo que seis seguram velas e uma a Torah e estão sobre o símbolo de Israel que é a estrela de Davi, rasgada, na imagem pelo sofrimento.


Diante do Muro das Lamentações onde rezei pela PAZ. Sempre rezo pela minha mãe quando venho por aqui pois ela é encantada com essa esplanada. Este espaço me faz pensar e meditar sempre no mistério do terço que fala da apresentação de Jesus no Templo nos braços de seus pais, que se encontram com o profeta Simeão e a profetiza Ana...


De volta ao museu: um pedaço de pedra com o Alfabeto Aramaico inscrito. Essa era a língua que Jesus falava. Talvez fosse uma aula preparada por algum professor para seus alunos de alfabetização... Brincadeira.

A banca abarrotadas de cerejas no mercado árabe, no quarteirão árabe muçulmano, da cidade velha de Jerusalém. Dá para observar o tipo humano dos comerciantes. O de trás vende pão pita.

Deixei por último esta imagem que me impressionou muito: este é um galho da planta que se atada nas duas pontas vira uma coroa, uma coroa de espinhos. Foram espinhos como estes, enormes como palitos e duríssimos, que foram enfiados sem dó nem piedade na cabeça de Jesus. Esta planta é da região sul do país onde está Jerusalém e quando vi uma religiosa com este galho na mão para mostrar a seus alunos na aula de catequese, quis fazer o mesmo, mostrando-o a todos que porventura acessarem o blog. Assim Jesus foi torturado por Amor de nós. Assim Ele venceu a morte passando por ela e nos deu direito à vida eterna. Agora estando à direita do Pai onde nos espera e onde por direito podemos ir, Ele novamente nos dá o Seu Espírito para que vivamos bem, vivamos como filhos amados.

Feliz Pentecostes! Vem Senhor! Manda o teu Espírito sobre a face da terra e sobre a face de cada coração. Amém! Shalom!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

A festa de domingo que é hoje

A festa da Ascensão do Senhor é hoje: 40 dias depois da Páscoa ele reune os apóstolos na Galiléia, lhes dá as últimas recomendações e sobe aos céus entre as nuvens em corpo glorioso. O evangelho do ano A que vivemos é o de Mateus que em poucos versículos diz muito. 

Me chama atenção o evangelista contar que os presentes ao verem Jesus o adoram. Já não há mais dúvida: Ele é Deus, é o Messias, o prometido do Pai e da Torah. Este é meu chamado diante de Jesus, adora-lo como Deus, como Senhor, Ele que é a origem de mim, de onde vim e para onde voltarei um dia. 

Também Ele é aquele que tem autoridade sobre todas as coisas. Como é preciso crescer na fé destas palavras proferidas pelo próprio Senhor. Mas crescer não por voluntarismo, fazendo força mental, mas por desejo, por abertura ao Espírito Santo, o único que pode imprimir em nós, como fogo e amor e não em letra morta, as verdades eternas. 

E Jesus envia os apóstolos à missão, ao testemunho, à ação. Enviou e continua enviando hoje. Eu sou enviada e chamada ao testemunho e à evangelização. Eu sou convidada a me abrir novamente, livremente, ao Espírito Santo para que o Reino de Deus se faça em mim e através de mim. Eu sou chamada a amar a Deus sobre todas as coisas, pessoas e a mim mesma para ser transfigurada pela Verdade e pelo Amor.

Tenho pensado muito nisso e rezado sobre isso: que o Senhor me de a justa medida e olhar sobre mim mesma, aquela que Ele tem. Mais ou menos como rezava S.Francisco: Senhor, mostra-me quem Tu és e quem eu sou. Sinto e percebo que quanto mais justa medida de auto-estima eu tiver segundo os critérios de Jesus, menos amor-próprio eu terei. Eles são a antítese um do outro. Quanto mais amor e valor de mim mesma colhidos do coração do Senhor, de Sua Palavra, na oração, na vida de amor e de serviço, no convívio da vida fraterna como Igreja, menos amor-próprio. 

Os santos sempre lutaram contra o amor-próprio e falam dele com um grande inimigo a ser vencido todo o tempo, pois ele é imbuido de vaidade e de centralização em si, que escraviza em vez de libertar. Batalha sem fim! Quem eu sou para ti, Senhor? Como tu me amas ensina-me a me amar e a me respeitar pois começando em mim terei condições de fazer o mesmo com os outros, com cada outro que tu me apresentares.

O lindo da festa de hoje, entre tantas graças, é lembrarmos que porque Jesus subiu aos Céus, nós nos tornamos o Seu corpo visível neste mundo! Somos Jesus para o mundo! E em nós e através de nós Jesus pode ser tocado, encontrado, se torna visível. Claro que tem a dimensão sacramental eucarística, mistério dos mistérios, o Corpo do Senhor que recebemos a cada celebração eucarística, mas por causa do Corpo do Senhor nos tornamos Corpo do Senhor! Dá pra entender? É grande demais mas a alma entende! O maior, que é Deus, transfigura o menor que somos nós, fazendo-nos iguais a Ele. 

Grande é a nossa dignidade, grande é o nosso valor, por isso podemos nos amar e nos respeitar. E que nestes nove dias unidos em oração com Nossa Senhora, possamos pedir que o Senhor novamente derrame o Seu Espírito sobre nós para que Sua obra nova aconteça mais profunda em nossa existência, e transborde de nossas vidas como testemunho feliz e corajoso. Deus nos ama! Ele é amor!