sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Uma tia chamada Luana

Ana, a querida Ana, que começou como cuidadora e se tornou, com o passar dos anos e do desenrolar da enfermidade da tia Luana, membro da família, parte de todos nós que frequentamos e amamos os Borges. Mais que os laços de sangue a Ana foi entrando na família pelos laços do coração e se tornou também filha. Foi ela a pessoa que o Senhor escolheu em sua perfeitíssima e amorosa Providência para estar ao lado da tia Luana até a hora dela voltar para Deus, definitivamente, como aconteceu às 18h do dia 24. Bem na hora do Angelus e foram os anjos e Nossa Senhora que a levaram até a presença de Jesus, aquele que ela tanto amou e serviu até seu último suspiro. Pois mesmo doente e sem comunicação com mundo sua alma imortal, belíssima e amadíssima, purificada pelo amor e pela dor vivida no amor, estava pronta para voltar para o Seu Senhor.
É difícil pensar que a vida da Ana seguirá seu rumo longe de Fortaleza em Aracaju, sua terra natal. Não sei quando a verei novamente mas fico com a lembrança boa deste abraço de um mês atrás quando estive no Brasil. Ana você é querida de Deus, é querida dos Borges e minha também.

Se há dias atrás publiquei a foto da Soraya com duas de suas meninas, hoje publico esta outra com Fabienne (Bibi), de camiseta e Liana, de preto, outras duas Borges que com Mirima e Renato formam o quinteto de filhos da tia Luana. Por que eles foram e são tão importantes em minha vida? O que de tão importante fez tia Luana para que por ela eu tivesse tanta gratidão e ternura como tenho por uma das minhas tias de sangue? Porque foi nesta família que passei os primeiros fins de semana quando pela primeira vez tive contato com a Comunidade Shalom no princípio da década de 90.
Foi lá que sempre tive a experiência de família, acolhimento, pertença e alegria muita alegria. Foi nesta casa que comecei a entender o que é ser Shalom, o que é fazer festa, churrasco e celebração por qualquer coisa, sem muita formalidade. Com farofa e cerveja, batata frita e brigadeiro a festa estava feita e a conversa podia durar até quase o dia seguinte. Foi nesta casa que vi irmãos verdadeiramente irmãos e cúmplices, fans uns dos outros, sem competição ou rivalidade, em constante espírito de partilha, amizade e encantamento uns pelos outros.
Creio que os filhos herdaram da tia Luana esta generosa capacidade de dar espaço no coração e na vida para as pessoas, fazendo com que elas se sentam importante e amados, alguém. Foi assim comigo, foi assim com a Janice, foi assim com o Marco. Só para citar alguns. E quando em 2002 na segunda fase de retorno à Fortaleza foi com os Borges os primeiros contatos de reaproximação. Foi naquele apartamento do segundo andar que e a certeza da amizade plantada há décadas, mesmo tia Luana já estando bem atingida pelos efeitos degenerativos do Alzheimer, só fez crescer.
É difícil estar longe e não poder ao vivo abraçar e participar desta hora de morte e de ressurreição onde o que nos ilumina é somente e tão somente, a presença de Jesus. Mas também por causa dele, sei que estou unida à família pois os laços humanos que nos unem foram tecidos com uma qualidade de amor que vem do Céu. E é para lá que a gente olha e sabe que bela e livre como sempre foi tia Luana está. De lá intercede pelos seus, por todos que se tornaram seus, da família biológica e da família Shalom que foi construída com sua dedicação, fidelidade, obedîência e esponsalidade da alma.
Obrigada por tudo tia Luana! Fique sabendo que acho quase impossível não amar a senhora e a família Borges! Reze por nós para que saibamos acolher a abraçar a vontade de Deus sempre, assim como a senhora fez. E se choramos é mais de amor do que de dor.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Amigos, Família, Fotos e Notícias

Ainda em Fortaleza há um mês atrás, comendo um peixe delicioso no Sirigado com Janice e Ana Silvia. Foi um almoço, o primeiro de alguns, para tentar botar a conversa em dia, resgatar o tempo que nos deixou geograficamente distantes mas sempre perto no coração.

Meu sobrinho mais novo, João Etienne, de 10 anos, flamenguista, jogador de xadrez, menino bom de coração e bom de conversa. O chamo de Miudinho e o amo de maneira especial. Não seria assim, gostar de conversar, se não tivesse no sangue a marca dos Arreguy. Quer ser jogador de futebol e é um menino que ama a Deus, amigo de Jesus. Quer vê-lo feliz? De-lhe uma caixinha de Tic-Tac (ou várias) e o chame para jogar video-game. Foi muito bom sair com todos da família para tomar sorvete no 50 Sabores, na Av.Beira Mar. O João é lindinho com esse nariz arrebitado que herdou da mãe...

Marco e Cláudia, irmão e cunhada na sequência das fotos, assim que o sorvete acabou, prestes a voltarmos pra casa. Na verdade a Cláudia, mesmo sorrindo e de olhos abertos já estava dormindo...mas sem brincadeira, me explico. O fato dela ter feito questão de sair para me encontrar me deixou muito grata pelo sacrifício que isso representou pois, por trabalhar numa empresa de ônibus no primeiro turno ela chega no trabalho diariamente às 3 da manhã o que a obrigada a ir para a cama às 8 horas, como já eram umas 10 da noite dá para deduzir que ela estava só de corpo presente...

Este é sobrinho mais velho de Fortaleza, também Marco Etienne, também muito especial para mim, chamado por todos de Marquito. Gosta de ler e de inglês, gosta de estudar e acabou de fazer uma prova para o CEFET pois seu sonho é estudar eletrônica e engenharia eletrônica como o pai. É esforçado, muito sensível e já se arrisca na cozinha fazendo molhos de macarrão deliciosos. Faz 15 anos em dezembro e como já fez o ACAMPs de 2009 começou a frequentar o grupo de oração para adolescentes e jovens no Projeto Juventude, graças a Deus. É outro amigo de Jesus que promete ser um grande homem de Deus como seu padrinho de batismo...

Este é o do meio, o Lucca, de 13 anos, com rosto e cabelos de anjo e coração puro, mas arteiro que só. Tem coisas do tio Bill, é o mais caladão, conciliador, e dos Arreguy herdou o gosto pela madrugada. O chamamos de zumbi. O Senhor desde muito cedo o escolheu e elegeu e tudo a seu tempo se fará ver. É muito amoroso e carinhoso e tem o gosto pela oração. Ele é especial para mim. Que graça inestimável é a fotografia que capta momentos especiais reacesos em nós pela visão e memória.
Algumas notícias
A vida na missão continua cheia de novidades. O frio apertando como também a luta para acompanhar as aulas de hebraico. A memória não é mais a mesma sem contar a resistência pela falta de didática do professor... resisto com meus mecanismos de defesa, com certeza, mas me cerco de outros apoios como o site http://www.milingua.com/ criado em Israel com nome espanhol e instruções em inglês para quem quer aprender o língua mãe dos judeus daqui. São línguas demais para uma única realidade e pessoa, fala sério!
Lorena fez sua primeira consagração no celibato e a celebração presidida e as palavras de amor e bênção do arcebispo foram bem especiais. As fotos se perderam - sua primeira grande oferta - e a luta apenas começou para ela... ser alma esposa do grande Rei e Senhor é a eleição das eleições mas significa também muita batalha interior, muita purificação para vir a ser aquilo que Deus pensou e sonhou.
Neste dia 22 tivemos a beatificação de Madre Maria Alfonsina, nascida em Jerusalém no século XIX e fundadora das Irmãs de Nazaré, congregação para moças árabes, que tem feito um grande trabalho na Terra Santa. Houve um representante oficial do Santo Padre e liberação especial do Vaticano para que a beatificação se desse em Nazaré, na Basílica da Anunciação e não em Roma como de costume.
A cidade estava apinhada e foi lindíssimo tudo, disseram, pois nós da missão de Haifa não pudemos participar. Foi necessário deixar que somente os irmãos de Nazaré nos representassem para que pudéssemos cumprir o calendário e fazer o Retiro da Grande Comunidade que reúne todos os membros da Comunidade de Aliança e da Comunidade de Vida. No nosso caso são as mesmas 8 pessoas que moram juntas mais Bruna, recém-chegada de Vigário Geral no Rio de Janeiro, que faz uma experiência em nossa casa. O tema foi a pobreza e o louvor. Temas densos, perturbantes, porque mexem com as bases do que representa querer de fato crescer na vida de amizade com Deus: depender verdadeiramente dele sempre e para todas as coisas, sem colocar o coração nas riquezas de qualquer natureza, inclusive no dinheiro, e vida de louvor ao Senhor, vida de louvor, atitude de louvor e não somente palavras, discurso...
Quem é pobre de coração louva o Senhor e faz do louvor a sua respiração, a segunda pele, uma exigência da alma. Saímos do retiro mexidos que só, meio descascados das máscaras que insistimos em dizer que fazem parte de nós...
Bendito seja o Senhor que cuida de nós e cujos caminhos são todos perfeitos. Ele que é o Senhor do Céu e da Terra, nosso Rei, que reina porque ama e serve e nunca desiste daqueles que são seus.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Algumas Amores

Este é o Paulo, carta antiga no baralho da Comunidade Shalom, mas nunca descartado... um amigo de quem me aproximei em 2006 quando morava no bairro de Fátima, que vindo de Roma em grande fase de transição, ofertava sua vida na Escola de Evangelização. Como éramos 'vizinhos' passamos alguns momentos fraternos inesquecíveis juntos, inclusive a Copa do Mundo. Hoje ele é seminarista, tendo encontrado finalmente a vocação para o qual o Senhor o criou desde toda a eternidade. Às vezes levamos tanto tempo para conseguir enxergar e querer abraçar aquele que não é uma camisa de força, o estado de vida, mas um dom, um carisma, a verdadeira carteira de identidade. Para mim tem representado a carteira da liberdade! É que a gente é muito condicionado para o matrimônio, o que é o mais 'popular' e mais 'instintivo' estado de vida, mas que se não tiver sido dado por Deus, pode se tornar fonte de profunda infelicidade...


Outra grande amiga, a Rocaia que eu chamo de Roquinha. Estávamos num restaurante japonês! Nem acreditei quando ela me convidou... e entre um drink aqui e um sushi acolá conversamos, partilhamos e colocamos em dia não a fofoca mas a vida vivida, sofrida e amada, nos encontros e desencontros, na busca contínua da própria identidade, da felicidade que para nós é impossível de ser encontrada fora dos planos pessoais e amorosos de Deus. Cada uma vivendo a missão que o Senhor lhe confiou. Eu caminhando para o celibato e ela para o matrimônio. Por ela rezo de longe e tenho imensa gratidão pelo dom partilhado da amizade, da confiança.

Ô coisa linda! Dispensa comentários! Estávamos na porta da Diaconia e eu me despedia de Fortaleza quando ele chegou, o Moysés, e como um irmão único, especialíssimo, fez pose para esta foto comigo. Valeu demais! Acho que essa merece ser impressa e virar foto de porta-retrato.

Pela roupa vê-se que as fotos foram tiradas em sequência... esta é a Fátima Lima com quem convivi intensamente em 2007, em ano de revolução e mudanças enormes em minha vida e na dela, em Quixadá, quando fui 'professora de italiano' dos noviços. Tempo maravilhoso, lembranças especiais... garanto que ninguém se esquece do Davide Brambila e da Ave-Maria em italiano. E agora muitos dos noviços, já consagrados, alcançaram grandes vôos, como a Carol, missionária em Santiago, no Chile. Dio vi benedica! Dio ti benedica Fátima!

Só ficou faltando a Talita para a foto ficar perfeita. Pena que a Liana e Bibi também não estavam. Eu tinha ido almoçar com a minha amiga e irmã do coração Soraya Borges após ter visitado tia Luana que se prepara para ir para o céu... Em ordem: Giovanna que fará vestibular para Medicina seguindo os passos da irmã mais velha, depois a mãe todas, a magérrima e atolada de trabalho Soraya, mulher de Deus, dona de si e muito especial e Rebeca, charmosa e jovenzinha, se preparando para participar de um desfile de moda. Linda! Como foi bom estar com elas, mesmo que correndo...

Desde que cheguei do Brasil não deixa de haver novidades. Meu Deus! São tantas portas a se abrir. Acho que porque percebi que alguns ciclos haviam se fechado quando estive em Fortaleza e no Rio, outras frentes se apresentam. Preciso me organizar mais. Viagens, traduções, pequenos serviços em casa, mudança de 'ministério' (é assim que se chama no jargão da Comunidade o serviço apostólico que cada pessoa tem), aula de português e de inglês...tudo isso além do hebraico suado e sofrido de ser aprendido... 'Vinde ó Deus em meu auxílio! Socorrei-me sem demora!'.
Mas o tempo é um dom de Deus a ser administrado com Sua sabedoria e paz. Esta perspectiva e revelação através da Palavra de Deus, que o Moysés sempre ensina que o tempo é criatura e que portanto está submisso a nós e não o contrário, enche a alma de liberdade. É um exercício conseguir viver assim sem ser escravo do tempo, mas colocando-o todo o tempo a serviço de Deus e das suas coisas e filhos amados. Não deixar que os papéis se invertam porque somos nós os chamados a viver a gloriosa liberdade dos filhos de Deus! É hora de descansar! Shalom! Laila Tov! (Noite Boa em hebraico!).

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Ainda Fotos

Moysés Azevedo e Elias Chacour, dois homens de diferentes gerações, histórias de vida, cultura, porém ligados pelos laços do Espírito Santo e o amor incondicional a Jesus Cristo e à Igreja Católica, que são os laços mais irredutíveis que pode existir. Fico feliz por ter captado este sorriso feliz de dois líderes, amigos de Deus e tão importantes em nossas vidas como Comunidade Shalom, missionários na Terra Santa.

Silvio, Aristóteles (Toti), Rômulo e Karlian, ordenados diáconos no dia 31 de outubro e na foto às vésperas de grande data. Ninguém segura estes quatro amigos quando se tornarem sacerdotes...bendito seja Deus pelas abundantes vocações sacerdotais que sugem dentro da Comunidade.


Outro momento precioso: Tobias, filho do Nicodemos e da Eva, conversando com Elias, que um dia também foi menino e que gosta das crianças e de um bom papo. O Tobias ficou encantado com o medalhão oriental melquita que o arcebispo usa e a amizade deles começou daí e do nome rimado que ambos têm.

Esta é a Larissa, filha do Gleidson e da Lidijane, uma bonequinha bochechuda e bem tranquila. Fofa demais!

Estes são os amigos e irmãos de Propriá, SE, onde eu fui missionária um dia, por mais de ano, nos idos de 92, quando da minha primeira experiência na Comunidade Shalom. O que é incríviel é que a oferta de vida de nós três, Marco, Tereza e Elena, e de Heveline por alguns meses, frutificou e tem se mantido no tempo, na missão que mesmo com seus desafios, mantem acesa o carisma Shalom em Sergipe. Quardo boas lembranças e daria tudo para que o Senhor me desse a graça de novamente ir à esta cidadezinha à beira do S.Francisco onde eu sofri muito mas onde também fui feliz e fiz inesquecíveis amizades. Só de pensar nas irmãs Carmelitas, meu coração balança...

No tempo da missão de Propriá a música que estava em moda dizia assim: 'Como posso colocar outras coisas no lugar do meu Senhor, me afastar do caminho que Deus traçou para mim...traz um peso em meu coração...'. Que o Senhor nos livre deste mal e nos ajude com liberdade e determinação dizer sempre sim à sua vontade, o segredo mais seguro para a felicidade.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Mais Brasil - Fotos Especiais

Estas fotos foram tiradas durante o Fórum Carismático. Infelizmente, do palco e do estádio lotado com aproximadamente sete mil pessoas, eu mesma não tirei nenhuma foto porque estava trabalhando, traduzindo o tempo todo e nem pensei em fotografia... mas por trás dos bastidores e no caminho de ida e volta da Diaconina para o estádio, houve alguns momentos especiais. Foi meio difícil escolher, mas vamos a alguns deles.
Tia Nair, de 94 anos, gostou demais do arcebispo e a empatia e carinho foram recíprocos pois ele repetiu inúmeras vezes a alegria de ter conhecido e conversado com a mãe e a tia do Moysés. A tia, Albany, é esta senhora que está de pé, atrás, de braço dado com a Marilene, irmã de Comunidade e 'decoradora' oficial do ambientes Shalom...
Creio que a alegria de D.Chacour tem a ver com a cultura oriental, árabe, que valoriza sobremaneira a família, os laços de família e, seguramente tia Nair fez com que ele se lembrasse da D.Katubah, sua mãe, falecida já há muitos anos, de quem ele herdou o dom da oratória, dizem por aqui.

Parece Fanta laranja mas não é: estávamos tomando um copo de cerveja enquanto esperávamos a chegada da pizza, no domingo do Fórum, já quase 11 da noite! Depois da bênção e companhia do Moysés e do Arcebispo como não apreciar ainda mais uma 'loura estupidamente gelada' no calor de Fortaleza? Foi idéia do bispo, tomar cerveja com pizza. Ele só ficou escandalizado quando comemos pizza de chocolate de sobremesa. Nunca tinha visto isso antes na vida!
Acho que esta viagem representou para ele muitas surpresas boas a respeito da Igreja do Brasil, das liturgias primorosas e carismáticas, na justa medida, ladeadas de canções belíssimas e ungidas como são a marca da Comunidade e do Carisma Shalom, e da culinária simples mas muito variada como é a nossa, brasileira. Surpresa foi a pizza de chocolate e a água de côco. A primeira ele não arriscou provar mas da água de côco nem precisa comentar, também ela desceu redondo... e viva a força do marketing da skol!

Estamos na beira-mar em Fortaleza a caminho do estádio. O dia estava ensolarado apesar de não parecer pela lente da máquina, meio acinzentada, e o bispo se encantou com as jangadas.
Angela à esquerda e Paulinha à direita são fiéis escudeiras da Diaconia, do Moysés, mulheres de Deus, celibatárias que há anos se consagraram, que moram na mesma casa e que durante o Fórum nos acompanharam e ajudaram todo o tempo. Não posso me esquecer do George, que nos acompanhou como motorista mas não saiu nesta foto porque a estava tirando.

Este foi um dos encontros mais significativos: o arcebispo foi jantar, na noite da abertura do Fórum, na casa da família da Lorena que é responsável local da missão de Haifa e a mais antiga missionária na Terra Santa, já há nove anos na Galiléia. Estes são seus pais, D.Eliete e Sr.Gadelha, orgulhosos por conhecerem o arcebispo. Este ficou imensamente feliz por participar de um jantar em família no Brasil, mais ainda sendo a família da Lorena por quem ele tem grande carinho e merecida admiração. Foi tanto elogio pra lá e prá cá! E eu traduzindo... O jantar, fartíssimo, bem brasileiro, do jeito que a gente gosta de fazer, mais parecia self-service granfino, tinha de tudo: peixe, camarão, carne. E as sobremesas? Sem comentários... Saimos com alguns quilos de castanha de presente para a Cúria e a missão. Noite inesquecível, bendito seja Deus!

Este foi talvez um dos maiores presentes que pude proporcionar a alguém: fazer coincidir a visita do jesuíta e missionário americano, Pe.Geraldo Fineran, há quase 40 anos no Brasil, amigo dos anos vividos em Indaiatuba, interior de SP, com aquele que se tornara seu 'ídolo', Elias Chacour, após a leitura dos 3 principais livros escritos por ele: 'Blood Brothers', 'We Belong to the Land' e 'Faith Beyond Despair'. Convidei-o a participar do jantar que aconteceu em uma das casas da Comunidade de Vida em Fortaleza, chamada de Casa Mãe 2, e assim tanto ele quanto Karen que veio de companhia, puderam conversar, conhecer, fazer perguntas, pedir autógrafo e tirar muitas fotos com aquele que tinham aprendido a admirar pelos livros. Eu fiquei muito grata por poder unir diplomaticamente as duas partes e ver a todos tão felizes. Meus irmãos de Comunidade tiveram a imensa delicadeza de darem o melhor lugar, o melhor jantar, a mais carinhosa acolhida possível a eles, visitas, a mim, como irmã que mora longe, enfim, a todos. Foi mais uma noite inesquecível e o bispo, um gentleman, respondeu a todas as perguntas, deu atenção e se sentiu bem a vontade. Dá pra notar pelo sorriso largo da foto, uma das mais belas para mim dos dias em Fortaleza.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Chuva, Frio e outras surpresas

A temperatura caiu uns 15 graus desde sexta-feira. A chuva chegou pesada e forte depois de quase dois anos de estiagem e os ventos e a neblina intensa fizeram a paisagem do domingo da renovação de nossas promessas, ensolarado e quente, transformar-se em cenário úmido e gelado. Isifya trocou de cartão postal. Passamos dos últimos dias de verão diretamente para o par de botas, o cobertor, a capa de chuva e a sweter de lã, deixando meio frustrados os planos das roupas charmosas de meia estação. A internet se foi por conta dos ventos e também a possibilidade de ficar algum tempo na varanda contemplando o por do sol. Tomara que hoje volte ao normal para que eu possa continuar a contar via fotos os dias no Brasil com o bispo, os amigos e a família, no Rio e em Fortaleza.

O frio chegou forte e as chuvas cobrem toda a Galiléia para a satisfação dos que rezam pedindo chuva. Aqui não se pede chuva a S.José, ou ao Mar Yussef, acho que se pede a intercessão do Profeta Elias, Mar Elias, ele que viu a nuvenzinha se aproximando de Haifa depois de três anos de seca... está lá no livro do Reis.

Estou no trabalho onde sequei minhas meias, botas e pernas da calça jeans no aquecedor da sala. Foi divertido chegar na Cúria como 'um pinto molhado', como se diz na minha família. A criança que há em mim acha é divertido, não me irrita nem um pouco. Só temei algum cuidado com a bolsa, escondida em baixo da capa de chuva, porque estragar passaporte, o ticket do ônibus que dura toda a semana e papéis importantes é fria.

Ontem festa de todos os santos. Hoje festa de todos os santos que estão a caminho do Céu, os do Purgatório e nós a caminho ainda nesta vida, em tempo de escolhas, contando com a transbordante graça e amor de Deus que olhando para nós, tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo perdoa, tudo dá...

Qual a surpresa? É que comecei finalmente a estudar o hebraico. Uma vez por semana, por 3 horas e meia, em Nazaré. É um curso oferecido pela Prefeitura para 'pessoas religiosas' que há tempos vivem na cidade como missionários mas que falam a língua mãe, o árabe e o italiano, na grande maioria das vezes, mas que não conseguem se comunicar em hebraico. Foi divertido. Tem freirinhas e padres com mais de 70 anos! Passei a semana tentando aprender as letras e o alfabeto, reconhecendo os signos e os nomes dos benditos em todas as placas e sinais que me cercam e os números, arbah, shalosh, staim, shesh... É um exercício de ser criança e pequeno, começando algo da estaca zero, zero mesmo, pedindo a Deus para não temer o ridículo, sabendo rir dos próprios limites na aprendizagem. Vamos eu e a Socorro, Maria do Socorro. Todos a chamam de Maria. Melhor assim pois socorro é o que tenho vontade de dizer com os desafios que se apresentam a frente neste segundo tempo de missão. Só tem sentido mesmo se for por amor, amor sem limites ao Reino de Deus.