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sábado, 18 de junho de 2011

Água Mole em Pedra Dura...

Que semanas riquíssimas de fatos e de vida a que antecedeu e a que precedeu Pentecostes! Meu Deus, quanta coisa a contar e a partilhar e agradecer ao Senhor! Também uma correria sem fim por conta de visitas de amigos... Vou contar e assim dar continuidade à partilha que terminou na ida à Jerusalém com o Hai meu amigo vietnamita.

Nesta foto estou com Eran e Pe. Roman em Tiberíades na beira do Mar da Galiléia na minha primeira missa de Pentecostes: era sexta-feira e o Padre pediu companhia e 'cantores' para celebrar para a pequeníssima comunidade cristã de estrangeiros, trabalhadores de Srilanka, que vivem nesse cidade judia e que só tem a sexta-feira de folga. Lá fomos nós. Foi uma tarde muito agradável com direito a música em inglês no gogó, sem qualquer instrumento, com músicas pré-históricas da renovação carismática, que a gente diria, do tempo do onça (será que alguém ainda conhece esta expressão?). Para mim foi uma delicada dádiva do Espírito Santo que não me permitiu ficar um dia sequer sem celebrar a Eucaristia na novena à espera de Pentecostes e ainda cantar em inglês lembrando de priscas eras da juventude. Às sextas-feiras eu costumo não ter missa para ir mas dessa vez a providência divina veio em meu socorro... E mais: cantei a Salve-Regina em latim que eu tanto amo, junto com o Eran, mesmo que timidamente. Ele é judeu convertido, catecúmeno e conhece muita música sacra em latim por ter morando um tempo na Itália. Antes de voltarmos para casa tomamos sorvete, o meu naturalmente de pistache e café e a quebra na rotina, a boa companhia, e a paz no coração pela presença e o amor de Deus fizeram desta sexta-feira uma tarde especial. Acho também que era a ajuda de Nossa Senhora que queria me ajudar e melhor chegar ao fim da preparação para renovar minha consagração a ela que aconteceria - como aconteceu - dois dias após.

Sábado, vigília de Pentecostes, em Haifa na Pastoral Hebraica, segunda missa. A novidade e alegria dessa vez ficaram por conta da presença do Pe. Daniel, monge beneditino que eu finalmente conheci pessoalmente, depois de um ano e alguns meses de contato pela internet. Ele é um artista de muitos instrumentos: toca violão, tem um vozeirão de baixo de dar gosto, é iconógrafo dos bons, escultor, desenha, costura, é enfim, uma pessoas cheia de talentos. Como ele vinha para Ibillin ajudar no término do enorme Pantocrator da igreja melquita que faz parte da grande instituição educacional criada pelo arcebispo Elias Chacour, nós acabamos fazendo amizade por conta dos contatos via internet com o escritório e a Cúria. Sinto-o como um irmão no Senhor. Father Daniel Lenz é de fato uma pessoa muito simples e agradável. Ele já estava em Israel havia dias, pois seguira diretamente do aeroporto para Ibillin, e somente neste sábado, véspera de Pentecostes, pôde vir para Haifa e, assim, nos conhecemos pessoalmente.

Fico muito impressionada como são os laços do Espírito Santo os que nos ligam às pessoas de um modo mais profundo passando-as de estranhas a irmãos, sejam os de longe, sejam os de perto, pois a gente sabe que estas distâncias não são medidas em metros mas em amor. Tive assim a alegria de ouvir a voz do Fr. Dan e apresenta-los aos irmãos da Comunidade Shalom, da pastoral e é, claro, convidei-o para celebrar com o padre Roman e em hebraico pela primeira vez como se ve na foto. Fr. Dan também foi conosco para Jerusalém, para Pentecostes, no dia seguinte e foi uma festa só. 


Olha o tamanho da mão do Pe. Daniel conhecendo a Silvinha por quem ele intercedia havia seis meses. Que alegria a Silvânia aparecer na Pastoral Hebraica pela primeira vez com baby Sílvia bem no dia que o padre também estava visitando. Feliz delicadeza da providência divina.

Missa em Jerusalém em um convento franciscano que fica literalmente do lado do Cenáculo. O principal celebrante é outro padre Daniel, este salesiano e libanês que pela segunda vez acompanhou o nosso grupo.

Father Daniel, eu e o Steven, outro amigo também do Ulpan que como um presente o Senhor me deu para partilhar da fé, apresentar à comunidade, testemunhar a vida nova em Jesus Cristo. Steven é judeu canadense, cidadão de Israel, e uma pessoa muito agradável, sedenta de Deus, meu colega de escola. Para eu vencer as barreiras e falar o hebraico tem sido um parto difícil mas entre dores e lutas o amor do Senhor vai atraindo os corações a Si de uma maneira maravilhosa que só Deus pode fazer.  

Outro ângulo das pessoas presentes na missa em Pentecostes em Jerusalém.

 
Na hora do almoço todos se ajeitaram procurando sombra para partilharmos lanches, almoço, sucos e sobremesa, um picnic bem árabe. Na foto: Leandro, eu, Kézia, Thiago, Beto, Lucy, Joanna e Hannah.

 
Dentro do Cenáculo na área maior visitada por todos os peregrinos e turistas, até que fosse aberta a sala superior onde aconteceu a última ceia e onde Jesus ressuscitado na oitava da Páscoa aparece - se deixa ver ressuscitado - pela primeira vez e diz SHALOM! Toda vez que entro nesta sala o que é uma graça extraordinária, fico deveras emocionada e grata ao Senhor e só faço interceder e agradecer no Espírito.
 
Mais cenas do picnic e da turma que animou o almoço todo o tempo, gente de Nazaré com gente de Haifa.

 

Para guardar de lembrança: Fr. Daniel, mais um brother e friend dado por Deus, comigo diante das muralhas de Jerusalém!
A família da minha amiga Lubna: mãe, Nédia, e duas irmãs, Nelie e Nasrin com Father Daniel.

Nasrin, Lubna e Nelie. As duas primeiras parecem gêmeas mas não são. Todas foram muito tocadas pelo Espírito Santo quando finalmente nos permitiram entrar por 20 minutos na sala de cima do Cenáculo... ô glória! 
 

A pose é bem breguinha mas eu tirei esta foto porque queria registrar um espaço muito especial para partilhar a seguir. Estas paredes são mais importantes que o muro das lamentações. Elas testemunharam a glória dos Santos dos Santos não em tábuas da lei, mas na pessoa do Filho de Deus feito Homem, Jesus com seu corpo glorioso e ressuscitado, com seu coração transpassado soprando a paz e doando o Espírito Santo sem medidas aos apóstolos e a partir deles à toda humanidade, também em 2011... como não se sentir Tomé e rezar para que todos sejam Tomés e toquem o coração e o amor de Jesus?

Na hora que nos afastamos do Cenáculo por volta das 4 horas da tarde, ele estava lotado pois haveria uma liturgia no rito armeno e uma multidão de fiéis de muitas fisionomias se aproximava.

Do lado de fora pedi que o padre Daniel testemunhasse e junto com o Thiago renovei minha consagração à Nossa Senhora pela sexta vez no desejo de ser santa não por presunção mas por vocação. Acredito que havia o mesmo desejo no coração do meu irmão de Comunidade que fazia sua consagração pela primeira vez. Este é o desejo de Deus a nossa respeito: a santidade, a união com Ele em amor e liberdade, a nova criação, a plenitude da paz, a filiação e a paternidade divinas vividas sem restrições...

E para dar sentido ao título deste post no blog, termino com o seguinte comentário: dizia o Milor Fernandes que água mole em pedra dura tanto bate até que... acaba a água. Risos. Neste tempo atual, porém, por conta de tanta graça de Deus e presença do Espírito Santo, eu diria com humor, verdade e com rima: água mole em pedra dura tanto bate até que transfigura.

Nas áreas enrijecidas do coração quem vence é a água que jora em fonte inesgotável de amor. Que experiência maravilhosa de se constatar e de se desejar!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

A espera de Pentecostes em Jerusalém

Terça-feira, véspera do feriado judeu de pentecostes ou festa da colheita, shavuot (tantas semanas depois da Páscoa) e por não ter ônibus, pude fazer um passeio a Jerusalém pegando carona com o Pe. Roman, responsável para Pastoral Hebraica de Haifa, e um grande amigo. Ele tinha reunião mensal do clero latino com o Patriarca e eu, além de passear, aproveitaria para fazer companhia ao meu outro amigo Hai, vietnamita, a quem vagarosamente vou apresentando a fé católica já que ele é filho de uma sociedade comunista. O Hai se encontraria em Jerusalem com outro vietnamita: o Superior dos Jesuitas, Pe.  Doan. O dia prometia ser cheio, como foi, cheio de surpresas e belezas.

Depois da conversa dos dois na casa dos Jesuítas eu e Hai  fomos bater perna em Jerusalém, na cidade velha, e esta é uma banca de cerejas no meio de mercado árabe. Compramos 1kg e pagamos 0 equivalente a 10 reais. Estavam bem doces e me fizeram lembrar as fotos da minha infância na Itália, com dois anos, sentada sobre cestos de cerejas...

As fotos estão meio fora de ordem e as postei somente como desculpa para dar notícias também visuais e fazer uma pequena partilha de uma dia quente e muito especial. Como não agradecer ao Senhor por poder rezar em Jerusalém pedindo o dom renovado do Espírito Santo sobre o mundo, sobre a Igreja, as nações, a Comunidade Shalom, a missão de Haifa, sobre a família, os amigos, sobre mim e sobre todos aqueles que se confiaram à minha intercessão?

Com o amadurecimento parece que a cada ano esta dependência e necessidade da primazia da Graça do Senhor, ou a ação minuciosa e total do Espírito Santo, só aumenta. Sem mim nada podeis fazer, disse Jesus,  e é mesmo. O Espírito é fonte de toda a vida e é por sua ação que o universo é sustentado não dependendo de se ter fé ou não pois Ele vem antes de todas as coisas. O que é maravilhoso é poder participar, cooperar, oferecer-se livremente como instrumento deste mesmo Amor-do-Pai-e-do-Filho que se derrama sem cessar sobre cada coração e sobre todos os seres viventes. E nós chamados e escolhidos como amigos do Rei somos estas mãos e pés, corações vivos, inteligências claras, vontades alicerçadas na Verdade que apontam o Reino e o Amor da casa do Pai a todos, todo tempo, e para fazer isso só em parceria com o Espírito Santo. Para viver como Jesus só se movidos pelo Espírito de Jesus, no mínimo e no máximo.

Hai Vu e Elena sob o sol intenso de Jerusalém na chamda Porta de Sião (Zion Gate) que dá para os principais lugares santos da cidade.

Na casa dos Jesuítas há um museu com peças arqueológicas trazidas do Egito impressionantes, inclusive uma múmia. O padre francês fundador do Instituto Bíblico dos Jesuítas na década de 2o do século XX, era arqueólogo e egiptólogo daí ter trazido consigo 'quinquilharias' - desculpe o desrespeito - valiosíssimas! Estes são pedaços de argila com anotações - receitas, contas, um exercício de matemática - de mais de 3.000 anos antes de Cristo! Quem é da era do papel e agora do computador consegue dar valor pelo dom de saber escrever e de ter onde escrever com tanta abundância, rapidez e facilidade.
Este é o Pe. Doan, jesuíta, Hai e eu no refeitório logo após o almoço. Foi divertido ouvi-los conversar em Vietnamita e eu fiquei emocionada quando soube um pouco da história deste sacerdote que tem um ar simples e gentil. Ele foi preso político por 9 anos sob o regime comunista por ser considerado perigoso e espião do Vaticano. Era amigo do Cardeal Vang Tuan, aquele outro Vietnamita mais famoso cujo processo de beatificação corre de vento em popa. Pe. Doan viveu 4 anos preso em total reclusão e disse que foi a fase mais dura porque não saía, não lia, não fazia nada. Era um tédio absoluto e enlouquecedor. Depois foram 5 anos de trabalhos forçados na agricultura. Ele esteve com outros presos católicos e nunca ficou em solitária. Comentou que os presos consideram o trabalho no campo quase como uma alforria, um prêmio, pois se sai, se conversa com outros, se ve a luz do sol, se caminha... Ele contou que quando foi interrogado e preso o chefe da Polícia disse que se ele, padre, o quisesse matar seria mais fácil pois o Regime o mataria de volta, mas que esse negócio de querer trabalhar pela paz, pelo diálogo e a reconciliação era muito complicado... que a Igreja estava fazendo as coisas mais difíceis ao que o padre respondeu: não podemos fazer diferente.

Eu fiquei realmente surpresa e emocionada na presença deste sacerdote, pois uma coisa é ler história em livro e outra é ouvir de própria voz e estar diante de alguém santo que já sofreu o martírio físico e psicológico e moral por amor a Jesus, à Revelação de Deus na História, à Igreja, por amor a Deus e a Humanidade. E a simplicidade dele e a não necessidade de se auto-promover e de falar de si me impressionaram pela virtude. O assunto veio a tona porque eu, sem querer, perguntei se o Pe. Doan, teria algum material sobre o cardeal Vang Tuan em Vietnamita para ser emprestado para o Hai pois eu tentei explicar mas sabia pouca coisa, e assim o assunto veio à tona. Ele começou dizendo: tenho sim alguma coisa pois nós éramos amigos e fomos presos no intervalo de uma semana. Ele já era bispo e eu padre e fomos considerados espiões do Vaticano e perigosos para o regime comunista. Estive com o Cardeal Vang Tuan duas semanas antes dele falecer...

A múmia do museu que causou grande surpresa e impressão no Hai que nunca tinha visto uma. Este era um jovem militar de aproximadamente 19 anos.

A tampa da múmia

Talvez, depois da capela, o segundo paraíso: a biblioteca da casa. O Pe. Doan nos disse que a biblioteca é pequena para os padrões jesuítas, aproximadamente 28 mil exemplares. Uma universidade tem por média 300 mil. Cada um destes setores trata especialmente da exegese bíblica: novo e antigo testamento, livros raros, um infinidade... Constato cada vez mais o tamanho da minha ignorância mas sem tristeza. Sempre tive vontade de estudar filosofia e teologia e depois da consagração e da vida de oração através da Lectio Divina esta vontade só fez crescer. Honestamente já havia começado a viver muitos anos antes a Lectio mas sei que ela vem sendo sistematizada, aprofundada e impregnada pela força do carisma. Conhecer para amar mais a Deus e evangelizar e testemunhar com mais unção e precisão. É um conhecimento amoroso o que me interessa e nada mais, mas o Senhor sabe e acima de todas as coisas quero a Vontade dele.


Quatro livros raros sobre o Evangelho de S. João. Fiquei logo pensando nos irmãos e amigos padres, mestres e doutores dentro dessa biblioteca, se deliciando... Pe. João Paulo, Pe. Silvio, Pe. Emílo César...


A foto ficou fora de foco mas esta é a parte externa da biblioteca onde chegam também as doações de livros.

 

O Hai maravilhado por ver e tocar pela primeira vez na vida em uma máquina de datilografar! Que coisa mais engraçada! Ele tem 25 anos e nasceu com o computador...


Um menorah estilizado em homenagem aos seis milhões de judeus mortos no Holocausto (Shoah) que foi dado de presente ao Cardeal Carlo Martini quando depois de se aposentar e se despedir da diocese de Milão, veio morar nesta casa. A peça de arte mostra seis figuras humanas sendo que seis seguram velas e uma a Torah e estão sobre o símbolo de Israel que é a estrela de Davi, rasgada, na imagem pelo sofrimento.


Diante do Muro das Lamentações onde rezei pela PAZ. Sempre rezo pela minha mãe quando venho por aqui pois ela é encantada com essa esplanada. Este espaço me faz pensar e meditar sempre no mistério do terço que fala da apresentação de Jesus no Templo nos braços de seus pais, que se encontram com o profeta Simeão e a profetiza Ana...


De volta ao museu: um pedaço de pedra com o Alfabeto Aramaico inscrito. Essa era a língua que Jesus falava. Talvez fosse uma aula preparada por algum professor para seus alunos de alfabetização... Brincadeira.

A banca abarrotadas de cerejas no mercado árabe, no quarteirão árabe muçulmano, da cidade velha de Jerusalém. Dá para observar o tipo humano dos comerciantes. O de trás vende pão pita.

Deixei por último esta imagem que me impressionou muito: este é um galho da planta que se atada nas duas pontas vira uma coroa, uma coroa de espinhos. Foram espinhos como estes, enormes como palitos e duríssimos, que foram enfiados sem dó nem piedade na cabeça de Jesus. Esta planta é da região sul do país onde está Jerusalém e quando vi uma religiosa com este galho na mão para mostrar a seus alunos na aula de catequese, quis fazer o mesmo, mostrando-o a todos que porventura acessarem o blog. Assim Jesus foi torturado por Amor de nós. Assim Ele venceu a morte passando por ela e nos deu direito à vida eterna. Agora estando à direita do Pai onde nos espera e onde por direito podemos ir, Ele novamente nos dá o Seu Espírito para que vivamos bem, vivamos como filhos amados.

Feliz Pentecostes! Vem Senhor! Manda o teu Espírito sobre a face da terra e sobre a face de cada coração. Amém! Shalom!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

A festa de domingo que é hoje

A festa da Ascensão do Senhor é hoje: 40 dias depois da Páscoa ele reune os apóstolos na Galiléia, lhes dá as últimas recomendações e sobe aos céus entre as nuvens em corpo glorioso. O evangelho do ano A que vivemos é o de Mateus que em poucos versículos diz muito. 

Me chama atenção o evangelista contar que os presentes ao verem Jesus o adoram. Já não há mais dúvida: Ele é Deus, é o Messias, o prometido do Pai e da Torah. Este é meu chamado diante de Jesus, adora-lo como Deus, como Senhor, Ele que é a origem de mim, de onde vim e para onde voltarei um dia. 

Também Ele é aquele que tem autoridade sobre todas as coisas. Como é preciso crescer na fé destas palavras proferidas pelo próprio Senhor. Mas crescer não por voluntarismo, fazendo força mental, mas por desejo, por abertura ao Espírito Santo, o único que pode imprimir em nós, como fogo e amor e não em letra morta, as verdades eternas. 

E Jesus envia os apóstolos à missão, ao testemunho, à ação. Enviou e continua enviando hoje. Eu sou enviada e chamada ao testemunho e à evangelização. Eu sou convidada a me abrir novamente, livremente, ao Espírito Santo para que o Reino de Deus se faça em mim e através de mim. Eu sou chamada a amar a Deus sobre todas as coisas, pessoas e a mim mesma para ser transfigurada pela Verdade e pelo Amor.

Tenho pensado muito nisso e rezado sobre isso: que o Senhor me de a justa medida e olhar sobre mim mesma, aquela que Ele tem. Mais ou menos como rezava S.Francisco: Senhor, mostra-me quem Tu és e quem eu sou. Sinto e percebo que quanto mais justa medida de auto-estima eu tiver segundo os critérios de Jesus, menos amor-próprio eu terei. Eles são a antítese um do outro. Quanto mais amor e valor de mim mesma colhidos do coração do Senhor, de Sua Palavra, na oração, na vida de amor e de serviço, no convívio da vida fraterna como Igreja, menos amor-próprio. 

Os santos sempre lutaram contra o amor-próprio e falam dele com um grande inimigo a ser vencido todo o tempo, pois ele é imbuido de vaidade e de centralização em si, que escraviza em vez de libertar. Batalha sem fim! Quem eu sou para ti, Senhor? Como tu me amas ensina-me a me amar e a me respeitar pois começando em mim terei condições de fazer o mesmo com os outros, com cada outro que tu me apresentares.

O lindo da festa de hoje, entre tantas graças, é lembrarmos que porque Jesus subiu aos Céus, nós nos tornamos o Seu corpo visível neste mundo! Somos Jesus para o mundo! E em nós e através de nós Jesus pode ser tocado, encontrado, se torna visível. Claro que tem a dimensão sacramental eucarística, mistério dos mistérios, o Corpo do Senhor que recebemos a cada celebração eucarística, mas por causa do Corpo do Senhor nos tornamos Corpo do Senhor! Dá pra entender? É grande demais mas a alma entende! O maior, que é Deus, transfigura o menor que somos nós, fazendo-nos iguais a Ele. 

Grande é a nossa dignidade, grande é o nosso valor, por isso podemos nos amar e nos respeitar. E que nestes nove dias unidos em oração com Nossa Senhora, possamos pedir que o Senhor novamente derrame o Seu Espírito sobre nós para que Sua obra nova aconteça mais profunda em nossa existência, e transborde de nossas vidas como testemunho feliz e corajoso. Deus nos ama! Ele é amor!

terça-feira, 10 de maio de 2011

Um Convite Especial

Antes de fazer o convite queria partilhar notícias que recebi do Egito, de Cairo, da parte do Frei Patrício Schiadini, ocd, tão amado e amigo da Comunidade Shalom, de Minas Gerais e Caratinga, do Brasil inteiro. Ele contou que o ataque às duas igrejas católicas do rito copta no sábado passado foram terríveis e que representam a ação de extremistas muçulmanos e não da grande maioria da população muçulmana que bem convive com os cristãos. Que todo o empenho dele, Frei, dos carmelitas e da Igreja é de continuar apaziguando os corações, enquanto exigem ação das autoridades competentes. É necessário continuar semeando a oração, o perdão, a paz para que a fácil onda da vingança não se alastre e o rio de sangue e morte se alastre. O Reino de Deus continua a ser plantado no amor e no perdão, na paz e no diálogo entre os cristãos e os muçulmanos e é necessário que o mundo interceda e não desperdice uma oferta, um sacrifício sequer, nem tampouco deixe de oferecer louvor, ação de graças pela presença do Senhor que está com o seu povo, no Egito, fortalecendo-os na prova.

Não adianta da nossa parte somente lamentar ou ficar horrorizado ou somente analisar. É necessário clamar a força e a ação do Espírito Santo sobre o coração dos cristãos e dos que têm autoridade, sejam ou não cristãos, para que as forças malignas sejam vencidas e a força do pecado seja vencida e a vontade de Deus que é a salvação de todos os homens aconteça, se encarne. Estamos em pleno tempo pascal! É tempo de intensas graças espirituais! A nossa oração e comunhão espiritual é fundamental, tão importante e crítica como foi na experiência da primeira comunidade cristã de Jerusalém intercedendo enquanto S.Pedro estava preso, como se le nos primeiros capítulos de Atos dos Apóstolos.

Lembremo-nos de colocar esta intenção na missa diária, peçamos aos sacerdotes que rezem pelos cristãos e pela Igreja Católica do Egito e de todo o Oriente e África, enfim, nossa força vem da oração e da vida sacramental. É dom do alto! É dom de Deus dado abundantemente a quem busca e pede.

E ninguém melhor para nos ajudar nesta grande missão de intercessão e evangelização e santificação para que o Reino de Deus venha e se encarne no coração de todos nós e de muitos outros, do que Nossa Senhora. Em momentos chave da Humanidade a Mãe do Senhor se manifestou e interferiu e ela somente deseja que nós vivamos a plenitude de vida que Jesus veio nos dar e já nos deu. A vida abundante, a liberdade baseada na Verdade, a Paz. E ela, como Esposa do Espírito e Rainha da Paz pode nos ensinar, e muito, a trilhar este caminho da vontade do Senhor com menos complicações e mais consolações mesmo nas provas e purificações.

O convite, enfim, é para nos consagrarmos a Nossa Senhora pelo 'metódo de S.Luiz Grignon de Monfort' que nos pede 33 dias de preparação segundo o livrinho que é fácil de ser encontrado em qualquer livraria católica. Se começarmos hoje completaremos os dias e poderemos nos consagrar a ela em Pentecostes e é este o meu convite a todos os amigos, amigas, irmãos, irmãs, curiosos, friends, seja lá quem for, que por providência divina acessar este post do blog nesta data. Não há festa mais mariana e mais plenamente pascal que Pentecostes! Não há maior necessidade neste mundo para a Nova Evangelização do que da presença, ação e impulso do Espírito Santo, e quem melhor do que a Esposa do Espírito, a cheia de Graça, para nos levar por este caminho?

Eu por formação são meio aversa à pieguices e devocionismos e confesso que tive certa resistência ao método mas, ao ver o fruto de santidade e de conversão radical, além do testemunho eloquente, por exemplo, na vida da Maria Emmir, co-fundadora e irmã tão amada da Comunidade Shalom, resolvi dar uma olhadinha e ler o livrinho há seis anos atrás. E mesmo tendo que fazer todo o filtro de uma linguagem do século XVIII toda em vós, segunda pessoa do plural, muito rebuscada, encontrei no própria explanação do santo homem de Deus o segredo da consagração a Nossa Senhora e o porquê que me convenceu e converteu o coração: viver em plenitude o batismo recebido para pertencer irrestritamente a Jesus Cristo, enfim, para que sermos santos segundo os planos do Senhor. Como somos chamados à santidade por vocação então, porque não tentar e abraçar? Assim fiz minha primeira consagração em 2006, em Fortaleza, em Pentecostes e assim, sucessivamente tenho renovado a cada ano esta pertença a Nossa Senhora para pertencer sem medidas ao Pai, a Jesus e ao Espírito Santo.

A cada ano convido alguém para participar e este ano já chamei dois irmãos de missão, o Thiago e a Raquel, para se unirem a mim e resolvi escrever no blog. Convite feito! Vale a pena demais ser Totus Tuus! Será que Totus Tuus lembra alguém? Que ele da eternidade nos ajude e interceda por nós e que ninguém de trelas às tentações que virão fortes dizendo 'deixa para depois, para você se preparar melhor', ou, 'agora não dá tempo, você nem tem o livrinho', ou já no meio da preparação: 'você tem rezado tão mal e se preparado tão mais ou menos, Nossa Senhora merece algo melhor... comece novamente ano que vem'. Nada disso. Não, não e não. Nos consagramos à Virgem Santíssima, porque queremos ser como ela, porque precisamos dela, porque queremos ser mais livres dos pecados que nos prendem. Nos consagramos como filhos e filhas, ainda doentes, fraquinhos, miseráveis, necessitados, com letra maiúscula NECESSITADOS. Com sinceridade de coração, é claro, não é uma brincadeira, é uma consagração de vida, há que ter coragem, mas o que importa é fazer o melhor que pudermos, conscientes de que estamos nos consagrando para ficarmos melhor e não porque estamos prontos.

Enfim, se alguém aceitar o convite deixe um bilhetinho no comentário do blog porque assim a gente reza uns pelos outros nesta experiência maravilhosa de comunhão dos santos enquanto Nossa Senhora começa a interceder ainda mais fortemente por nós para que em Pentecostes, como ela, sejamos repletos e renovados pelo Espírito Santo, o Espírito de Jesus, que o ensinou a viver, a sofrer e o levou a cumprir com perfeição a vontade do Pai, até ressuscita-lo dos mortos. Que o mesmo possa acontecer conosco, pela misericórdia do Senhor e pela intercessão de Nossa Senhora. Amém!

domingo, 23 de maio de 2010

Ó Espírito de Deus, Vem!

Afresco da Abadia da Dormição da Virgem Maria em Jerusalém que mostra Nossa Senhora rezando de olhos fechados, ladeada pelos apóstolos, esperando a promessa de Jesus de enviar o Paráclito, o Espírito Santo, que O ressuscitou dos mortos e que é capaz de nos ressuscitar também.
Amo este afresco e prezo demais ter tirado esta foto por isso partilho.


Ó Virgem toda Bela, Rainha do Céu e da Terra, Mãe do Senhor e Mãe Nossa, intercede para que o coração de todos os homens e mulheres da face da terra se levante e reconheça em si a sede do amor
de Deus que carrega por dentro.
Ajuda-nos Mãe a pedir o dom do Espírito, como quem capitula diante da beleza e da alegria de ter percebido que a fonte de água fresca que mata a sede está bem a frente, está ali, está aqui. Ajuda-nos a dizer: eu quero! eu quero Deus! eu quero conhecer o desconhecido que carrego em minha alma desde o batismo e que não é pomba nem fogo, estrela ou luz, vento ou água, mas sendo tudo isso é Presença e Amor,
 é Presença de Amor, é o próprio Amor.
Veni Creator Spiritu! Vem Espírito do Pai e do Filho!
Vem Vida de Deus! Vem Amor! Vem!
Vem fazer-me nova! Vem fazer nova a face da terra e a
 terra do coração de todos!

sábado, 22 de maio de 2010

Nem tão breves assim...

Estou fazendo uma experiência de desconforto imensa desde o Halleluya. Desinstalação. Há pouco em mim que esteja estabelecido e percebo-me em mudança interior e exterior. Isso é bom porque me tira das zonas de conforto e me deixa permanentemente consciente de que há o que mudar, há o que converter na direção do Amor e da Liberdade. Mudança tem sabor de novo, nem sempre doce, mas novo e isso implica em descoberta. Mudança desinstala e me faz arrumar as malas e selecionar o que é essencial para não arrastar pesos desnecessários. Falo metaforicamente e concretamente. A Comunidade está num processo franco de mudança para Haifa, à procura de instalações dignas mesmo que muito simples e menos confortáveis do que a que temos em Isifya, e isso não é fácil. Faço parte do processo como quem intercede e obedece, mas sem voz decisória. Tento manter meu coração com as janelas abertas para entrar ar fresco, disposta a ver outros horizontes daqui para frente. Tento manter minha vida aberta para descobrir novos rostos, novas rotas, outra experiência de privacidade. Não quero murchar ou morrer diante dos desafios da vida e da missão mas ser surpreendida pela esperança, sempre. Mas não é fácil. Tem horas que a gente quer somente ficar na toca.

O desconforto não diz respeito tanto à mudança para Haifa com a qual me acostumarei, com certeza, quando ela acontecer, pois já me mudei duas dúzias de vezes no decorrer da vida e isso não me põe medo. O que me põe medo é viver sem viver as cores da existência reservadas à aquarela que a mim cabe pintar. O que me põe medo é perder a graça de Deus no meio dos desafios. Temo minha fraqueza e impotência, temo minhas mesmices e mediocridades. Temo resistir aos sonhos de santidade e vôos de liberdade reservados por Deus para mim. Temo olhar a vida com olhos míopes e covardes. Temo não querer mudar e ser melhor. Temo enrijecer não só as juntas mas o coração, principalmente para a experiência comunitária. Ando reflexiva. A Comunidade me leva à Haifa e à mudança e o acidente e os três meses de prorrogação me indicam e obrigam à permanência. Interessante e até paradoxal. Mas como fica minha alma? Ela sofre mas mantem-se serena.

Também tenho tocado o sofrimento na vida de algumas pessoas e não sei se suportaria ver as demoras do Senhor e seu silencio se não tivesse sido eu mesma alcançada um dia pelo dom da presença de Deus e seu mistério, aprendendo a viver a vida sob o Seu prisma, olhar e amor. Só Nele o que não tem sentido pode ter sentido. É o mistério da vida divina na vida humana e vice-versa, numa união de amor sobrenatural...

Sempre soube que Pentecostes era vento novo, sopro de Deus, mas hoje sei e necessito que seja vendaval, revolução. Só o Espírito de Deus pode me enraizar no Amor e pacificar meu coração em todas as circunstâncias. Só Ele arranca os pesos, me faz pintar e viver a vida e ter esperança. Só o Espírito de Deus me une a Jesus Cristo.

Diz hoje Santo Hilário, na liturgia das Horas, que Jesus dá o Seu Espírito na medida em que alguém quer recebê-lo... Ah! Como quero! Como preciso! Como desejo!  

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Fotos de Pentecostes - Parte 2

Depois do tempo de oração no Cenáculo nos espalhamos livremente nas áreas verdes de Jerusalém e partilhamos nossos lanches, sucos, sanduiches e guloseimas pois era hora do almoço. A seguir, quem quis, perambulou pelas ruas da cidade, rezou no Santo Sepulcro ou simplesmente conversou fiado. Às 3 horas nos reunimos num convento de religiosas maronitas para celebrarmos a Eucaristia de Pentecostes. No fim da missa eu e a Cristina com nossa 'testemunha', Father Bonaventure, carmelita, tiramos essa foto como lembrança da nossa consagração à Nossa Senhora, feita no Cenáculo. Para mim é a quarta renovação, e para ela a primeira vez, mas ambas estávamos emocionadas e muito felizes!
Procuro me preparar segundo o método de S.Luiz Grignon de Monfort, durante o tempo pascal para que a oferta de vida seja feita em Pentecostes. Parece que Nossa Senhora é especialista em escolher 'escravas' bem fraquinhas para fazer delas grande mulheres! Comigo ela tem tido uma trabalheira enorme... pense numa criatura marcada pela rebeldia e pelas concupiscências... mas que meu coração e alma anseiam pelo que Deus quer, ah! isso é verdade. Com certeza a linguagem do século XVIII quando o texto foi escrito é muito distante da nossa realidade, mas se pela fé e pelo desejo de ir além, ultrapassamos a barreira imediata e seguimos até o fim, o mistério espiritual que passa a acontecer na vida, na alma, nos levando à vivência radical do Evangelho e do batismo recebido é realmente palpável. Recomendo a quem quer crescer na vida de comunhão com Jesus, na vida de oração, na vida espiritual, que arrisque se tornar escrava de Nossa Senhora... às vezes a gente vem parar na Terra Santa! Ah! A foto que estamos segurando é uma pintura de Pentecostes, tendo Nossa Senhora, a Esposa do Espírito no meio. Tivemos que fotografa-la de lado para não brilhar o reflexo do flash.

Esta é visão da capela no canto final, canto de ação de graças. Em primeiro plano, à esquerda, temos o líder da peregrinação, o grande amigo e irmão da Comunidade de Vida, Tennessee, que se casa em poucos dias (dia 14), com a Silvânia. No violão está a Yara e sentada com o pequeno Yussef no colo, está a Vivi(ane). E atrás o povão.


Que grande e extraordinária surpresa quando no meio da nossa cantoria e ungida oração no Espírito, vemos o padre Roberto Lettieri fundador da 'Fraternidade Toca de Assis', entrar no Cenáculo para rezar conosco. Ele está na Terra Santa para um ano sabático, vivendo em Jerusalém, e não poderia deixar de ir ao Cenáculo no único dia que ele está aberto. E o povo aproveitou: teve gente que entrou na fila para receber oração mais de duas vezes...Esta foto preciosa mostra dois belos filhos de Deus!

Eu encomendei esta foto como lembrança porque o dia de primavera estava esplendoroso e esta visão das muralhas da Jerusalém velha é preciosa! Os nortistas do Amapá, Leandro e Cristina, irmãos e amigos, companheiros de missão, estavam junto e aproveitaram a chance. A verdade é que eles 'adoram aparecer no blog'... kkk!



Não nasci jornalista nem fotógrafa, mas tem horas que eu consigo fotos únicas. Esta foi uma delas: estes eram os 4 padres que passaram conoso o tempo de oração no Cenáculo. Da esquerda para a direita: Pe.Deni, ou abuna Deni, salesiano libanês que mora em Haifa, que foi o principal celebrante da missa e nos acompanhou no dia de peregrinação. A seguir Father Bonaventura, carmelita, meu grande amigo e professor, que viajou conosco todo o tempo, no mesmo ônibus. Ele é muito querido de todos nós! Depois o Padre Roberto e por fim um franciscano conventual polonês, que estava na minha frente na oração do Cenáculo com duas amigas, tipo peregrinas, e que se espantou demais com tudo, ao mesmo tempo que foi bastante tocado. A gente via nos olhos e na expressão do rosto. No final conversamos um pouquinho. Não guardei o nome (em polonês fica difícil!), mas me lembro que ele mora em Jerusalém e que nunca tinha visto um Pentecostes como aquele... Nem ele nem eu!
Shalom