quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O Menino e o Homem

Isso parece título de fábula: era uma vez um menino e um homem... Mas não é fábula, é verdade, é história verídica com repercussões eternas. Estou falando de Jesus Cristo elevado na Cruz sinal de salvação para toda a Humanidade. Ontem festa do Senhor da Vida elevado da terra com toda a vergonha e miséria humana para nos restituir a vida verdadeira já neste mundo, até voltarmos sem medo para o Pai na hora da nossa morte, que passou a ser passagem e não rua sem saída. Hoje festa de Nossa Senhora que participa do sofrimento redentor da humanidade, completamente unida a Jesus. Só que o texto do evangelho vai falar do Menino sendo apresentado no templo de Jerusalém. O Homem Jesus, o Menino Jesus. O Salvador. Para as mães os filhos e as filhas são sempre meninos e meninas e somente Nossa Senhora pode ensinar a todas as mães a oferecerem seus filhos para Deus para também eles serem salvos e instrumentos de salvação pela união com Jesus.

A festa da exaltação da Santa Cruz, celebrada dia 14 de setembro, 40 dias após a Festa da Transfiguração, surgiu no século IV logo após Santa Helena, a mãe do imperador Constantino ter chegado à Jerusalém em busca da Cruz, o madeiro, onde havia pendido o Salvador do mundo. Na minha imaginação eu fico pensando porque Hollywood ainda não fez um filme sobre esta chegada da Mãe do Imperador, com um séquito imenso à cidade Santa...mas também nem sei se valeria a pena, para inventarem mil histórias e romances inexistentes, e profanarem a história da Igreja e da fé católica, só para ser sucesso de bilheteria... Conta a Tradição que na busca pela Cruz de Jesus encontraram três sem saber, porém, como distinguir  qual seria a verdadeira. O que fazer? Passava na hora um cortejo fúnebre e quando o corpo do morto tocou a Cruz, a Árvore da Vida, ressuscitou. Acho que já comentei antes, mas é deste fato que nasceu o gesto tornado supersticioso depois, mas não aqui na Terra Santa, de se bater na madeira para se ter sorte. Foi a pedido de Santa Helena após este achado, que a Igreja do Santo Sepulcro foi construída no 335, a mesma que se visita com emoção até o dia de hoje. Na parte inferior da igreja há uma capela dedicada a ela. 

Meditando sobre o sofrimento, tema tão complexo, carregado de mistério e contundente nas festas de ontem e hoje, me vi fazendo a seguinte distinção: somente Jesus pode tirar de nossas vidas o sofrimento que é fruto do pecado nosso ou dos outros pois Ele o carregou inteiro no corpo e na alma, como Filho do Homem e como Filho de Deus. Isso é salvação. Mas também somente Jesus pode nos ensinar a sofrer o sofrimento que não é fruto do pecado mas inerente à realidade humana limitada e mortal que Ele também experimentou. Isso também é salvação: aprender a sofrer o sofrimento que verdadeiramente humaniza e rejeitar e ter horror do sofrimento que desumaniza. Há um sofrimento que faz crescer o amor e há outro que o destrói.

A mais perfeita discípula de Jesus e que nos mostra e nos prova isso é Nossa Senhora. Ela nunca sofreu pelo pecado pessoal pois é Imaculada mas tudo sofreu em sua humanidade por ter união perfeitíssima com Jesus, para participar da salvação da Humanidade. É sobre isso que S.Paulo vai escrever a seguir em uma de suas cartas...completo em mim o que ficou faltando à Cruz de Cristo.  A Virgem nos ensina a sofrer o sofrimento libertador mostrando como foi a sua união e com o Menino, também seu Deus e Senhor. 

Que a Mãe de Deus interceda por nós para que abraçando a salvação de Jesus sejamos livres de todo sofrimento que é fruto do pecado e da morte, e que nos mantem prisioneiros como indivíduos e como grupos humanos onde transitamos, e vivamos como salvos e livres filhos de Deus, sem idolatrar este imenso ego que nos destrói. Que seja ela a nos tomar pela mão e a nos ensinar a distinguir um e outro sofrimento para sermos de fato livres.

Que seja a Mãe das Dores também a interceder para que as negociações que ocorrem a sete chaves, no Egito, entre as autoridades israelenses e palestinas, apontem para um saída onde haja verdadeiro diálgo. Que ambos lados percam alguma coisa para que o todo ganhe esperança, paz, que é fruto da justiça. E que esta justiça seja um espelho da única e eterna justiça alcançada na Cruz e na Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

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