segunda-feira, 16 de julho de 2012

Evangelizando na Piazza di Spagna

Depois de um mês de sumiço por conta de problemas tecnológicos - tem coisas que só errando a gente aprende - e de um ritmo de vida muito intenso, novo e quente nesta Roma que mais parece Quixadá, no Ceará, às três da tarde, eu volto a escrever no blog. Estava com saudade. Sou eu quem sente mais falta da partilha com os amigos e leitores, da vida missionária, sempre rica e cheia de novidades. Não vou tirar o atraso porque seria impossível mas vou tentar escrever com mais frequência.

Só sei que hoje é aniversário da minha mãe, D.Glória, que vive no Rio de Janeiro e com quem conversava há poucos minutos até a ligação cair, e semana passada foi aniversário de 30 da Comunidade Shalom. Em homenagem a ela que foi a primeira pessoa a me ensinar a amar e conhecer Jesus, e à Comunidade Shalom onde vivo a vida de consagração e de chamado à santidade como alma esposa, leiga no mundo sem ser dele, ofereço este post e estas fotos de um dos dias mais especiais vividos em Roma. 

Era sábado à tarde e nós como Comunidade Shalom missão de Roma, como consagrados da Comunidade de Vida e da Aliança, nos unimos a pessoas de outros movimentos da Igreja na igreja que fica atrás da Piazza di Spagna chamada Trinità dei Monti, e nos preparamos para evangelizar. Ouve uma breve orientação de como deveria ser a aproximação e o que deve ser dito e o que não deve ser dito, e a confirmação de que todos com quem conversássemos poderiam ser convidados a participar da oração de vésperas com a Fraternidade de Monges que cuidam da paróquia, seguida de um lanche grátis para todos nos jardins da paróquia. Cada evangelizador recebeu uma bênção de um sacerdote presente e saimos para a nossa hora e meia de evangelização em uma das praças mais famosas de Roma que é point turístico e também point da juventude romana. Era a primeira vez que eu evangelizava via mímica e foi uma experiência sensacional porque lida com o teatro, com a curiosidade, com a leveza de quem faz coisa importante através da arte. Éramos cinco mas na foto acima só estamos quatro, da esquerda para a direita, Fabiana (CV), Maria (CA), Elena (CA) e Marco (Postulante romano da CA). A Maria com mais experiência guiava a brincadeira evangelizadora e de quem deveríamos nos aproximar. Centenas de pessoas sentadas na escadaria, como se ve na foto abaixo, turistas do mundo todo, mas demos prioridade aos de lingua italiana porque é possível se dar uma orientação e um acompanhamento mais eficaz. Como apoio havia três irmãos que depois da nossa aproximação mímica e lúdica vinham dizer quem nós éramos e davam de  presentinho do versículo bíblico enroladinho num papel que a pessoa podia escolher entre dezenas. Uma breve palavra sobre o amor de Deus a partir do texto bíblico escolhido - sempre promessas do novo testamento, dos salmos ou dos profetas - e o convite para a oração de vésperas, ou uma palavra de aconselhamento na igreja caso quisesse e um lanchinho free no final de tudo. 

Me marcaram duas experiências: duas muçulmanas londrinas, mãe e filha, que vieram ao nosso encontro para fotografar e no fim entraram numa igreja católica pela primeira vez na vida e participaram de tudo, mesmo sem entender quase nada. Mas quem disse que a alma delas não entendeu? Pois a alma sempre reconhece onde há a Verdade, onde há a Palavra de Deus, onde Jesus está... muito lindo porque era aniversário da jovem e pudemos cantar para ela na hora do lanchinho. Elas expressaram várias vezes a alegria e a surpresa daquele encontro vespertino.

A segunda experiência foi com um jovem italiano meio taciturno, desconfiado, que custou a desarmar-se e a sorrir mas que acabou acolhendo o que tínhamos a dizer. Porém, na hora de pegar um papelzinho com a Palavra de Deus disse uma coisa surpreendente: eu acho que não sou digno porque sou católico mas não praticante. E esse ato de humildade me tocou profundamente o coração: ele se reconhecia indigno de receber a Palavra do Senhor e disse: vou levar então para a minha namorada. Não sei bem se ele disse isso por culpa ou por arrependimento, isso só Deus sabe medir, porém para mim foi uma grande chamada. Nós porém, insistimos e falamos do amor e do perdão do Senhor e pedimos que ele pegasse não somente para a namorada para também para ele e ele aceitou e guardou na carteira. Ainda hoje eu me lembro dele e peço ao Espírito Santo que faça brotar em sua alma essa semente de vida...

Na foto abaixo a praça como nós a deixamos quando acabou a hora da evangelização propriamente dita, tendo a igreja da Trinità dei Monti ao fundo e a esperança que chegue logo setembro quando este trabalho mensal de evangelização retoma suas atividades porque com o calor de 40 graus e o abafamento que se tem em Roma no verão não há evangelização à tarde que resista, tinha que trocar de horário, mas isso já não depende de mim.


Um comentário:

Anônimo disse...

Amiga querida Elena, que saudade! Todos os dias abria sua página na esperança de saber suas notícias romanas. Que bom vê-la e ler seus textos, sempre muito interessantes.
bjs
Mercedes