quarta-feira, 12 de maio de 2010

Um Pequeno Sinal do Reino

Dizem que eles são meus ídolos: Father David Neuhaus, sj e Archbishop Elias Chacour da diocese da Galiléia. Se eu disser que não são é mentira, se disser que são também é. Dos ídolos estou me livrando e não quero agregar mais nenhum, mas que os admiro e muito, isso não nego.

Estes dois homens são escolhidos de Deus e são figuras impares em suas histórias de vida e trabalho que fazem para a Igreja, na Terra Santa. O da esquerda judeu de origem, o da direita palestino, ambos pelos batismo mergulhados em Jesus Cristo, católicos-cristãos, profetas. Na vida real, amigos. Um de tradição latina, outro greco-melquita, um tem o árabe como língua mãe, o outro o hebraico. Na vida real, trabalham pela evangelização e permanência dos cristãos em Israel. Um é pastor do maior rebanho cristão da Terra Santa, o outro, das comunidades de judeus convertidos, que são poucos, muitas vezes semi-escondidos espalhados em quatro comunidades no país. Neste grupo não estão os judeus messiânicos que formam um grupo a parte e não se consideram cristãos nem pertencem a uma denominação ou estrutura definida. 

David e Elias, homens admiráveis porque de carne e osso e muito acessíveis, de gerações bem distantes que nutrem amores e paixões comuns: o Senhor Jesus e seu Reino, a Igreja Católica, e o testemunho de quem dá a vida por eles. Acho que tem paixão acima de tudo pelo que Deus mais ama que são as pessoas! Com o bispo eu trabalho e o jesuíta eu convivo eventualmente na Pastoral Hebraica, lugar onde fui chamada a dar testemunho como Shalom, consagrada, e exercer um ministério que aos poucos se revela, pela graça de Deus.

David mora em Jerusalém, é biblista e exegeta, professor do Instituto Bíblico de Jerusalém, e ouvir suas homilias é tudo de bom! Ele é judeu convertido e batizado aos 26 anos, ordenado sacerdote aos 37. Elias nasceu no norte da Galiléia na pequena vila de Biram, destruída em 48 quando da criação do Estado de Israel. Já sofreu o pão que o diabo amassou como palestino, cristão e cidadão israelense, identidades que não se combinam muito, e gastou sua vida sacerdotal lutando pela educação das crianças árabes para que estas tivessem as mesmas oportunidades que as judias. Criou um complexo educacional há quase 30 anos chamado M.E.E.I com quase cinco mil alunos, que abriga crianças e jovens cristãs, muçulmanas, drusas e judias, inclusive professores das três confissões religioas, para que através da educação e da colaboração e convivência normal e pacífica um futuro menos nebuloso possa ser construído para todos, nesta terra tão injustamente disputada e dividida. É um apaixonado pelas Bem-Aventuranças.

Davi e Elias trabalham nas esferas de autoridades religiosas da Terra Santa e dessa vez se encontraram em Haifa, para o Halleluya, para se 'divertirem' e também eles, sem nenhuma pretensão mas com toda convicção, verem o rosto e sentirem na alma os respingos do carisma Shalom aspergido no canto, na arte, no testemunho, na dança, nas Írias, na coragem de inovar e de dar passos na fé e fazer o diferente, com parresia, por amor Àquele que merece todo amor do mundo!  Pessoalmente foi uma alegria enorme e muito significativa ver estes dois líderes vindos de universos tão diferentes estreitarem os laços, espiritualmente falando, e beberem juntos do cálice do Senhor, celebrando a Eucaristia, reciprocamente doando Shalom um ao outro e aos presentes. Não sei bem se emocionei ou só contemplei mas louvei sinceramente ao Senhor quando vi oito padres celebrando a Eucaristia com D.Elias sendo que um deles era o Pe.David. Bendito convite, bendita discreta insistência, bendito sinal do Reino que brilha no meio de nós. Elias e David são mais que amigos, eles são irmãos. 


Vista dos jovens e adolescentes sentados na hora de começar o evento. Entravam nesta hora os escoteiros que são presença obrigatória em qualquer atividade celebrativa da igreja. Faz parte da tradição e da cultura da igreja local e, no desfile, entram senhores de cabeça branca e meninos de 5 anos estreando na função. 

O calor forte não ajudou em nada e para o ano o horário deve ser outro. Fica registrado porém, que mesmo o número não tendo sido muito alto, isso se pensarmos nos padrões brasileiros que reune milhares de pessoas para qualquer novidade, ele foi significativo porquie a maioria dos presentes era de gente novinha e os adultos e sexagenários, felizmente, dessa vez, eram exceção. O evento foi prestigiado pelos adolescentes e jovens. Aleluia!


Estes, sentados, são seminaristas e padres do Neo-Catecumenato que estiveram presentes. Outra presença importante pela marca da fraternidade e da unidade entre novos carismas que trabalham na diocese da Galiléia. Estas duas mulheres não descobri quem são. Atrás, de pé, em ordem, os abunas: Agabios, Nadim e depois do bispo, William. Os três ficaram entusiasmados e comentaram depois, na Cúria, esta semana, como gostariam de levar 'O Canto das Írias' para os jovens das escolas onde trabalham... Vamos ver o que Deus dispõe.

Esta foto tem um sabor especial porque foi tirada exatamente no momento em que o Cristiano convidou os presentes a se levantarem para cantar, bater palmas e louvar o Senhor, o que é a maior das novidades aqui e todos os olhares se voltaram, imediatamente, para o bispo para ver a reação dele. Como ele se levantou os abunas obedeceram e o imitaram e a maioria da assembléia também. Bater palma e dançar era querer demais...

Alguns amigos de Haifa e conhecidos da kehilla (comunidade em hebraico) de judeus católicos de Jerusalem que vieram com o Pe.David para o Halleluya. Eles têm um grupo de oração e suspenderam as atividades para virem participar do evento. A presença deles é um fortíssimo sinal do Senhor para o carisma de reconciliação e paz que temos. A senhora de preto na frente é a Stella, polonesa judia sobrevivente do Holocauto, depois convertida e batizada, que é figura singular da kehilla de Haifa, onde participo. Stella nos seus 84 anos, dançou todas e era a mais animada apesar do calor e do sol forte. Não houve quem não notasse e comentasse.


O violão, ah o violão, é difícil pensar em Brasil e música brasileira sem um violão. Este está só descansando...ano que vem tem mais Halleluya!
InshAlla! Se Deus quiser! God's willing!

E o pior - ou o melhor - é que tem certas coisas, como essa, que a gente sabe que Ele quer. Agora é hora de avaliar, preparar o próximo e continuar a luta para pagar o que se deve e continuar vendo a ação e a presença do Senhor nos acompanhando  a cada dia, desafio e alegria... não tivesse Ele nos prometido claramente, esta semana a presença do Advogado, do Espírito Santo para permanecer conosco...

PS - Quero agradecer às pessoas que deixaram carinhosos comentários ou me escreveram emails. Para quem me pediu oração, pode ter certeza que rezei e rezo, sempre.

Shalom!

2 comentários:

Jersy disse...

Ow irmã! Estou encantado com o Halleluya. Ri e vibrei a cada comentário seu neste post, me senti parte da missão aih em Israel :-)

Acompanho sempre seu blog. Não sabes quem sou. Na verdade também não te conhecia até ver o blog. Sou vocacionado em Natal-RN

Shalom

Anônimo disse...

Oi Elena!!!
Percebo pelas fotos e pelo texto que o Halleluya foi uma benção. Valeu o esforço de vocês.Deus abençoe a todos.

Shalom!!!
bj

Raiane
P.S. ah, reza por mim tá. Sou vocacionada tb em Senhnor do Bonfim-Ba.