Praça de S.Pedro, duas semanas atrás, terço ao vivo televisionado pela Tele Pace, rezado em latim e inglês, italiano, português e francês (metade, metade), dessa vez sob a responsabilidade da Comunidade Shalom, missão Roma. Acho que comentei a respeito rapidamente, só no Facebook e por isso escrevo agora para os fiéis leitores do blog que acompanham minha vida missionária.
Éramos estes os presentes, sem contar o Pe.João Wilkes que saiu às pressas para o interior da basílica para se confessar e depois celebrar à missa das 17h com outros sacerdotes peregrinos, no altar do Espírito Santo. Nomes? Elena, Elaine, Ana Lúcia (segurando o ícone) e Tatiane, atrás: Cristiano, Edie e Mila e na frente, Maria, sempre ela, em destaque na frente, a missionária mais antiga da missão de Roma, 12 anos em terras italianas...merece, o destaque. Até a Jornada Mundial da Juventude em julho de 2013 no Rio, diariamente, está sendo rezado um terço ao vivo sob a liderança de alguma congregação, movimento, comunidade nova, etc. Por isso a presença de uma cópia da cruz peregrina da Jornada que fica guardada no Centro S.Lourenzo, que é o centro da Juventude do mundo todo no coração de Roma, bem do lado do Vaticano.
Como estamos no fim do ano, última semana do tempo litúrgico, e Jesus nos apresenta textos fortes do apocalipse e do evangelho de S.Lucas, parece que tudo me leva a fazer um balanço da vida e nos indica a uma única palavra: perseverar. Perseverar com coragem porque a Palavra do Senhor é fiel e eterna e Ele está no meio de nós até o fim.
Sem parecer um papagaio que repete pra fazer bonito, sinto sinceramente que devo dizer como S.Francisco: 'até agora pouco ou nada fiz...'. É claro que fiz, porque se não o que eu estaria fazendo era simplesmente enterrar tudo o que Deus me deu e me acomodar, mas pouco fiz porque o parâmetro do amor de Deus é tão largo, misericordioso, atraente, bom, abundante que vendo o Reino de Deus que já está dentro de mim, e também o que está fora de mim, reconheço quantas terras ainda precisam ser desbravadas, purificadas, remidas e iluminadas, conquistadas pelo Amor... Como o Reino de Deus precisa ainda ser vivido e conhecido e apresentado.
É o infinito dentro do finito, como pode? Como se fará isso? Para Deus tudo é possível e nessa hora a gente aprende com Nossa Senhora. Aprende a força e a importância do faça-se, do quero, do pode, Senhor, do insisto em deixar-me amar por ti. 'Conquista minhas muralhas, ultrapassa os limites dos discursos, chama-me à vida e a ser verdadeiramente humana'. Enfim, o balanço é sempre de esperança mesmo quando se descobre que os ídolos e os medos não se deixam vencer tão rapidamente como se pensava.
O Moysés, santo irmão, fundador da comunidade, tem nos falado repetidamente sobre a santidade vivida comunitariamente, como corpo de irmãos, unidos, como sendo este um grande pedido e dom de Deus. (Deus nunca nos pede uma coisa que já antes não nos tenha dado a graça e as condições de fazer, mudar, viver, Ele só não pode fazer no meu, no nosso lugar). E ele, Moysés, acrescenta, só cresceremos em santidade se aumentarmos nossa experiência de misericórdia, se nos deixarmos constranger e humilhar pela misericórdia de Deus Pai, assim como aconteceu com o filho do evangelho.
E ao ouvir essa fraterna exortação de palavras fortes, 'ser humilhado pela misericórdia de Deus' fica evidente que este é caminho dado pelo Senhor a ser percorrido por mim - e para quem quiser e tiver ouvidos para ouvir - no ano novo que começa no advento, semana que vem. É a via da misericórdia novamente vivida no coração, encarnada na vida como uma necessidade concreta, para além do belo discurso que leva às lágrimas mas pode não mudar as atitudes e pensamentos... É a via da misericórdia a via do ano novo que Deus quer me dar, mas sem oração, sem silêncio, sem o espelho da lectio divina, sem a amizade que se estreita na eucaristia diária, sem o esforço e o desejo de fazer morrer a própria natureza egocêntrica, treinada em se justificar e ser vítima, é bem difícil entrar nessa dinâmica feliz da misericórdia.
Mas a gente sabe que o que vem primeiro, o que acompanha o processo e o faz chegar ao fim é sempre a graça de Deus, seu Espírito, princípio de todas as coisas e consumador de todo Bem, Senhor da vida... 'Ai meu Deus, quanto falta!', penso, 'Ai meu Deus, quanto tu queres me dar e me fazer entender que é possível viver sem pecado, e sem pecado tudo pode mudar até a economia :-), que para mim é o reduto humano mais desafiador que existe...'.
Enfim, volto para o tema e a pessoa por onde comecei este texto: para Nossa Senhora. Por que não rezar mais e mais vezes o que Ela nos ensinou a rezar em Paris? 'Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós'. Aproveitei a festa do dia 27 de novembro e novamente pendurei no nó do cordão que prende o tau da minha consagração uma medalha de Nossa Senhora das Graças para me lembrar dessa oração e de reza-la por mim e por tantos pessoas que o Senhor me confiou. Também é a Ela que confio a missão que vivi em Israel e que tanto me faz falta, a família amada e os amigos deixados no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, esse tempo de missão em Roma, tempo de transição e muito aprendizado, e o que virá.
Para todos: uma feliz última semana do tempo comum e...perseveremos juntos!
3 comentários:
Oi Elena!!Sempre gosto de ler as suas partilhas no blog. Deus abençoe vc neste novo tempo ai em Roma e não esquece de rezar por mim. bj
Shalom!!
Raiane
Petrolina-PE
Elena querida sempre venho ao seu Blog quando quero encontrar um pouco de Paz. Lembro da gente na escola e minha admiração por voce continua aquela de observar essa sua cabeça que é um mundo e que me fez abrir os olhos para tudo, tenho um pouco de vc perto de mim minha Camila é seu estilo... kkkk Adoro !
bjs e sempre com vc no meu coração.
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