domingo, 11 de abril de 2010

Shalom a todos vós! A Páscoa!

Primeiramente algumas fotos
Domingo da Ressurreição com Cristina e Viviane e todos os membros da Pastoral Hebraica, judeus católicos espalhados em quatro núcleos por toda Israel que se encontram na Páscoa, este ano em Kyriat Yearim, uma cidadezinha perto de Jerusalém. Nesta cidade a Arca da Aliança ficou por algumas dezenas de anos, 1.000 anos antes de Cristo, até ser levada jubilosamente pelo Rei Davi para Jerusalém... mas esta história eu conto outro dia.

Igreja de Nossa Senhora, Arca da Nova Aliança, das Irmãs de S.José da Aparição, uma congregação que eu só vim conhecer aqui.


Esta foto ficou muito fofa: as mocinhas foram batizadas em 2009 e são irmãs. A do lado da Viviane chama-se Daniel (é estranho mas é sem a mesmo), e tem 15 anos, a de vermelho chama-se Elenora, de 13, e a caçula Haddass, de 11, me faz lembrar a Haddass do filme Yentl.


Eu com um dos meus ídolos, diz o povo lá de casa: padre ou Fr. David Neuhaus, jesuíta. Já falei várias vezes dele aqui no blog. É aquele de família alemã judia, fugida na guerra para a África do Sul, que mandou o filho para uma escola rabínica em Jerusalém e o viu convertido ao cristianismo e ao catolicismo na juventude. Ele recebeu o batismo com 26 anos e foi ordenado sacerdote aos 39 anos neste exato local, há dez anos, com o lema da Palavra de Deus tirado do profeta Isaías: "Eis-me aqui, envia-me Senhor!". Nada me tira da cabeça que um dia ele vai ser bispo importante na Igreja. Instrumento de reconciliação e de diálogo, além de caráter de liderança muito evidentes agregados a uma cultura invejável, ele já tem. Que o Senhor o abençoe!




Shalom! É assim que Jesus cumprimenta e surpreende os apóstolos aparecendo pela terceira vez na oitava da Páscoa, dando-lhes o dom do Espírito, como que antecipando Pentecostes, Espírito que é a plenitude de Si mesmo, ou o seu Shalom! Este texto de João 20, 19 e seguintes é o fundamento cristólógico da vocação Shalom e é o fundamento existencial de quem foi chamado por Deus a viver seu batismo nesta vocação específica. É um mistério de amor tão grande e tão maior do que eu compreendo! No entanto sei que participo e contribuo para que ele se expanda, se desenvolva e se firme neste mundo tão assustadoramente mergulhado nas trevas e desejoso de mergulhar nas trevas, o que torna a situação ainda mais dolorosa.
Tenho me tornado cada vez mais uma pessoa de esperança porque tenho aprendido a beber da fonte verdadeira que é Deus mesmo, Ele que é eterno e bom e ama com entranhas de misericórdia cada pessoa e realidade humana. É só olhar para Jesus Cristo e entender, pedir para ter olhos que vejam, coração que ame, inteligência que acolha, vida que experimente. Assim como fez Tomé. Como este apóstolo é importante para nós da Comunidade Shalom! Por que nele nós nos reconhecemos na necessidade de tocar e experimentar e ver e sentir a presença pessoal de Jesus, o toque do seu Amor e da realidade sobrenatural de Deus.
Engraçado que muitas e muitas vezes criticamos a atitude de Tomé mas Jesus vai até ele com ternura, paciência e amizade profundas e o deixa fazer a experiência pessoal da Ressurreição. Jesus o leva a crescer na fé e na visão sobrenatural da vida, e Tomé entende com a cabeça, a alma, os sentimentos, que todas as palavras do Senhor se cumpriram como também todas as do Antigo Testamento. Jesus é o Messias, o Salvador, a fonte perfeita e o próprio Shalom do Altíssimo, revelado em Jesus como Pai.
E quem fez e refez e refaz esta experiência batismal a cada Páscoa não tem outro desejo do que continuar testemunhando e dando a vida para a evangelização, seja formalmente, como é o meu caso, seja vivendo simplesmente (simplesmente?) como ressuscitados, como acontece com milhares e milhares de jovens e adultos, homens e mulheres espalhados pela face da terra, que amam, sofrem, trabalham, lutam, vivem como todas as demais pessoas, sem ser iguais a elas por causa do Ressuscitado que nelas, vivo está.

Minha Páscoa e oitava da Páscoa foram ricas e muito ocupadas. Os funcionários do asilo que são cristãos estavam de folga, e foram os de casa que tiveram que cobrir todos os horários sem contar as subidas e descidas para Haifa, para algumas cerimônias, de ônibus e de taxi, o que representou muito tempo de viagem. É que depois do acidente ficamos sem o carro que pertencia ao asilo e ficava sob a responsabilidade da Comunidade, e transporte agora ou é de ônibus, eventualmente de carona e aos sábados, por conta do Shabat, de taxi, porque não há transporte público.
Eu mesma não fui para o asilo, mas nos alternamos como missão nas celebrações pela manhã na paróquia do profeta Elias em árabe, no rito católico melquita, e à tarde na pastoral hebraica com as celebrações no rito latino em hebraico. Tudo uma grande beleza, se bem que no meu pobre entendimento e sensibilidade, falta um pouco da graça e da unção da piedade, do gozo espiritual de se celebrar vivendo e não simplesmente lembrando... É fazer memória viva. É atualizar a memória para que ela se perpetue e não somente fazer lembrança. É verdadeiramente ser tocado e tocar o coração transpassado do mais Belo dos Filhos dos Homens e ser transportado e inundado de amor, pois Ele está vivo e é real!
Seja como for porém, e para sempre, com toda a corte celeste de anjos e santos, dizemos e cantamos:
El Messih Kam! Rrá Kan Kam!
O Senhor Ressuscitou! Aleluia!
Sim, verdadeiramente ressuscitou! Aleluia!

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