segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Por que será? Why did it happen?

Ouvi um comentário de brincadeira que eu estava ficando muito metida querendo escrever em inglês... É só o desejo de poder partilhar com mais pessoas a Palavra de Deus e o que ela tem feito em minha vida e ao redor de mim neste tempo missionário. Não preciso me justificar, porém. Escrevo do jeito que der e agradeço a Deus pelo google translator, ferramenta mais que bem vinda para quem vive nos dois universos, o presencial e o virtual.

Bem no fim de semana que se celebra o nono aniversário da tragédia do ataque às Torres Gêmeas em Nova York, a liturgia eucarística nos apresentou o texto mais que conhecido de Lucas 15, com direito ao capítulo inteiro, falando da ovelha perdida buscada e encontrada antes de falar dos filhos do Pai misericordioso. Fui nocauteada por uma simples frase que ouvi na homilia de sábado à noite que ainda se revolve em mim: 'o paradoxo deste texto é ver que os dois filhos não conheciam o pai mesmo ele sendo todo bondade e mesmo eles morando juntos!'. E eu não paro de pensar nisso porque tem um mistério da ação do Senhor, ação pessoal para se revelar a cada um, para buscar cada um mas, porque Deus age assim?

Não tenho resposta. Penso que Jesus queria mostrar e apontar para o  grande dom da liberdade comunicado ao coração de cada homem e de como se dispõe o coração do Pai no relacionamento com seus filhos. E neste mundo tão vasto, tecido por realidades humanas tão múltiplas, há filhos para todos os gostos. Há inclusive milhões que nem sabem que tem Pai, daí a evangelização para não viverem como ovelhas sem Pastor ou chamando de pastor quem é impostor e pior, tantas vezes, lobo... e 11 de setembro vira então, ícone do que não se quer mais neste mundo. Nem 'jihad', nem extremistas 'verdes', ou ideologias estapafúrdias que defendem o aborto como 'questão de saúde pública'... 

Ah! O Pai! Sua atitude é sempre de respeito, atração, espera, revelação da verdade, perdão sem medidas, abundância e festa. Irredutível esperança. Se eu descobrisse e vivesse integralmente a grande promessa do 'tudo o que é meu é teu...' todos os medos seriam desmascarados e as culpas vencidas, restaria somente o longo e eterno abraço de amor.

Rezemos, rezemos, pelos que ainda não conhecem o Pai e nem querem conhecer, acomodados na indiferença. Testemunhos intensamente este amor misericordioso que já nos alcançou, se não totalmente, ao menos em algumas áreas. Não precisa estar pronto para se evangelizar. Basta somente apontar a direção e caminhar junto, fraternalmente, sabendo que se está no caminho que é bom lembrar, é Jesus mesmo. Isso é evangelizar com a palavra e com a vida. Juntos, aos poucos, sempre.

A verdade é que o Pai nos busca e nos espera mas para entendermos isso e nos livrarmos da mentira de que Deus está longe e é indiferente é necessário pedir a graça de cair em si e e de se lembrar com saudade do Pai e da casa do Pai e começar então o caminho do retorno.

Tem se falado muito da construção da mesquita no 'ground zero' em Manhattan em Nova York e das polêmicas que o assunto suscita por causa do pavor que o extrememismo do Islã causa. Nossa evangelização pessoal e comunitária, seja de qual segmento e movimento cristão que façamos parte, fecunda o mundo com a Palavra eterna de Deus e o torna melhor, menos violento e auto-destrutivo porque leva paz aos corações. A evangelização é o 'ground zero', a base verdadeira e inabalável de toda mudança porque nos leva a 'cair em si e a capitular' diante de Deus. É a hora da virada, do 'turning point' causado pelo Espírito Santo, que nos apresenta Jesus e este nos faz conhecer o Pai. Alguns estão a quilômetros de distância da Igreja, dos sacramentos, da palavra, da Eucaristia, da confissão, e outros estão bem perto, fisicamente falando de todos os meios, mas o coração está frio e morto, cego pela vida dupla que leva.

Este evangelho me fez pensar o quanto ainda tenho que andar e desejar cair em mim mesma para deixar de ser empregada e assumir a condição de filha amada. Esteja eu mergulhada na escravidão do pecado ou adornada de farisaismo e soberba, (e com facilidade assumo um e outro papel), Jesus veio me lembrar neste domingo que o lugar da humanidade, o meu lugar é o das bodas, da abundância, da intimidade da casa, do vinho novo, da vida plena, da pertença... Ó Senhor, quanto amor tu tens para dar... tem piedade e dá a muitos, dá-nos sem medida, a graça da virada, da guinada, do turning point, da saudade do Pai, a graça de ver e desejar a Verdade, de sair da lama da morte dos pecados desumanizadores ou da tênue linha que nos prende à indiferença religiosa e à idolatria do próprio ego. Obrigada por nos esperares sempre com o teu amor e a tua presença segura, bondosa, eterna.

Um comentário:

Anônimo disse...

A graça da saudade do Pai. Que lindo!
Boa noite!