sexta-feira, 10 de abril de 2009

Sexta-Feira: a Unção da Esposa

A celebração de hoje é toda louvor e exaltação, um exultet quase ininterrupto: como o Deus imortal, incorruptível e santo, três vezes santo pôde morrer? É um canto contínuo de vozes humanas unidas às vozes do anjos que ficaram 'assombrados quando viram depositado no túmulo como morto Aquele que está sentado no seio do Pai, o Imortal que as legiões angelicais rodeiam e glorificam'.
É a proclamação cantada e repetida de geração em geração desde que a Igreja era somente a Santa Igreja Católica da misericórdia de Jesus que 'veio sobre a terra para salvar Adão e não o encontrando nela, Senhor, descestes até aos infernos a procura-lo'. E assim, com linguagem esponsal, bíblica e patrística, por duas horas, cantamos diante do esquife de Jesus coberto de flores, o que Ele fez, o que significa para a Humanidade o Filho de Deus, aquele que é a Vida, habitar um túmulo e aniquilar o poder da morte, ressuscitando dos mortos. Jesus é verdadeiramente 'o grão de trigo que enterrado nas entranhas da terra, germinou uma espiga bem fértil ressuscitando os mortais da raça de Adão'.
Essa é a nossa herança! Pelo meio da celebração o bispo corre a igreja ungindo com perfume como fizeram as santas mulheres e a especialíssima Santa Maria Madalena, não o corpo do Senhor morto, mas o corpo do Senhor vivo, que somos nós a Igreja, a assembléia dos fiéis, sua Esposa! Foi forte a emoção e a beleza da experiência esponsal, mesmo cansada porque ao contrário de ontem, hoje a catedral estava ainda mais cheia e não encontramos lugar para sentar. Mas a alma cantava em festa.
Uma das novidades mais belas para mim, porém é a melodia contínua. Nada é lido, nada é recitado. Tudo é cantado, salmodiado, sem instrumentos, somente por vozes masculinas e femininas. Entre os louvores há a intercesseão pela Paz e pela Unidade da Igreja pela intercessão da Mãe do Senhor. A cerimônia termina com a procissão do Senhor morto em esquife coberto de flores que ao sair recebe uma chuva de flores jogadas pelo povo que homenageia Jesus Vivo e Senhor. É feita a memória do que a sua morte causou e gerou de vida, mas não se chora a sua morte que aconteceu uma vez somente e para sempre! Muitos aleluias são cantados desde ontem e não se espera somente a vigílai pascal para se dar glórias novamente ao Senhor.
Quando o esquife volta para dentro da nave da igreja se proclama a leitura do Evangelho de S.Mateus que relata a mentira que os soldados passaram a espalhar (Mt 28,15) de que o corpo do Senhor foi roubado pelos discípulos para que não se acreditasse na ressurreição, e se recebe a bênção final que diz assim:
'Que o Cristo Nosso Verdadeiro Deus, que por nós homens e pela nossa salvação, suportou na carne a paixão terrível, a crucificação vivificante e o sepultamento voluntário, tenha piedade de nós e nos salve, pela intercessão de Sua Mãe Puríssima, pelas orações dos Santos e Gloriosos Apóstolos dignos de todo louvor, dos Santos e Justos Avós de Cristo Deus, Joaquim e Ana, e de todos os Santos, Ele que é Bom e Amigo dos Homens'.
Amém. Para sempre Amém.

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