quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Presença Marcante

Tive a satisfação de me sentar por quase uma meia hora com D.Elias Chacour para saber de suas impressões pessoas sobre o Sínodo. Ele chegou de Roma na segunda-feira à noite mas somente hoje pudemos conversar um pouquinho com ele, fazer perguntas, tendo direito a vários intervalos comerciais por conta do telefone e do celular que não deram trégua. 

Ele me pareceu restaurado, espiritualmente restaurado, mesmo que fisicamente muito cansado porque os 15 dias de trabalho, foram 15 dias de trabalho! Descreveu a experiência interna entre os bispos como genuinamente fraterna, de muito interesse recíproco, sem formalidades, onde todos se chamavam pelo nome. Em seu grupo de trabalho estava D.Damasceno, brasileiro, sagrado Cardeal, que edificou D.Elias pela simplicidade e humildade

Segundo ele os pronunciamentos do Rabino foram bons mas esperava-se mais, tendo se destacado o representante muçulmano libanês que fez uma análise brilhante sobre a convivência entre cristãos e muçulmanos no Oriente Médio. Nomes não guardei nenhum, mas todos com suas respectivas falas podem ser facilmente acessados no site do Vaticano.

Perguntei a D.Elias se alguma coisa o havia surpreendido. Ele cometou duas: primeiramente o depoimento dos bispos do Iraque e da situação em que vivem os cristãos em verdadeira diáspora desde que a guerra contra o Iraque foi deflagrada em 97, se não me engano. O testemunho de sobrevivência dos católicos no Iraque edificou a todos os presentes e fez crescer, e muito, a experiência de Corpo de Cristo, de comunhão na dor. D.Elias disse que os cristãos de hoje do Iraque o levaram de volta à década de 50, nos primeiros dez anos após a criação do Estado de Israel, quando a igreja, os palestinos, os cristãos que tinham permanecido, estavam à mercê de si mesmos, sem qualquer apoio internacional. Segundo D.Elias ouvir de viva voz o relato dos bispos sobre o sofrimento que passam tantas comunidades e dioceses, lhe deu outra dimensão dos problemas enfrentados na diocese da Galiléia, e nova esperança para enfrenta-los. 

O segundo ponto porém, que D.Elias mencionou como surpreendente foi a presença diária de Bento XVI durante o Sínodo. Nas grandes plenárias quando o Santo Padre deveria falar, suas palavras transmitiam profunda sabedoria, no restante do tempo, porém, o que era mais eloquente era sua presença silenciosa, humilde, de profunda escuta, acompanhando atentamente cada bispo, cada discussão. Era como se o Papa estivesse ensinando com a sua presença e atitude a mais importante de todas as atitudes para que houvesse, como houve de fato, um novo Pentecostes. D.Elias me disse que de fato a presença de Bento XVI entre os bispos causou tal impressão de santidade que eles se comportaram, trabalharam e conviveram como irmãos. 'Eu realmente senti que Deus estava entre nós', foi a afirmação que D.Elias Chacour partilhou comigo, discretamente, já que não é muito de seu feitio ficar falando de 'assuntos espirituais'. Guardei-a como uma pérola e a partilho como uma luz a brilhar para todos os que eventualmente lerem este blog. O Santo Padre Bento XVI é de fato extraordinário em sua verdadeira sabedoria e humildade, virtudes que caminham lado a lado. E de pensar que ontem me enviaram um filminho com uma entrevista do ex-Frei Leonardo Boff, chamando Bento XVI de antipático, duro, e não muito preparado... é muita pretensão e muita cegueira, faça-me o favor. Mas o assunto de hoje não é política, é muito mais a certeza de que a Igreja Católica é e será sempre guiada, orientada e surpreendida, já em seu interior, pela ação nova do Espírito Santo, 'aquele que dá a vida e falou - e fala - pelos profetas', como diz o credo. 

Continuemos rezando o rosário pelas eleições, para que a cultura da vida prevaleça e a vontade de Deus se manifeste.

E não é que hoje é aniversário do Presidente Lula! Quem rezou por ele?

Nenhum comentário: