terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Uns chegam outros partem

Graças a Deus a agitação do aeroporto de Tel Aviv nesta segunda-feira com centenas de pessoas viajando para todos os continentes para as festas de fim de ano, não deixaram que a despedida da Cristina fosse muito lacrimosa. Uns dois abraços muito apertados em mim e na Lorena, bênçãos, e ela já entrou apressada para mais uma revista no extremamente meticuloso sistema de segurança israelense, e nós corremos para a plataforma para pegarmos o trem de volta. Meio cochilando, meio rezando, muito pensativa voltei para Haifa matutando sobre a graça de ter e fazer amigos daqueles que Deus nos deu como irmãos e irmãs de vocação. A Cristina foi um caso desses. Era uma desconhecida, irmã de vocação que se fez próxima com o tempo e através das experiências de dor, amor, oração e aventura que fazem da vida missionária. É o grande milagre do amor de Cristo que une e constrói laços onde muitas vezes, jamais haveria. Ela completou dois anos de missão e fazia comigo a dupla da Aliança Missionária em Israel. Vou sentir muita falta dela e hoje quando eu cheguei em casa e encontrei uma cartinha de despedida para mim e Viviane fiquei engasgada. Mas são os ritmos e tempos da Obra do Senhor que vai acontecendo em cada um e através de cada um que constroem o Reino de Deus para além do que podemos imaginar. Assim como eu tive certeza depois do acidente que era para eu continuar mais um ano na missão, a Cris, ao contrário, teve todos os sinais de que era tempo de voltar para o Brasil, e seguir fazendo e buscando na sua terra, no Amapá, a vontade de Deus, o Reino de Deus e a Sua justiça, na confiança de que tudo lhe seria dado em acréscimo. E será. Para a Cris e para mim e para todos nós que temos a alegria de servirmos e amarmos Jesus Cristo, Nosso Senhor, como Igreja e Comunidade Shalom.

Enquanto uns partem e nos deixam emotivos, outros chegam e nos deixam com o coração também balançado de emoção. Por conta de ser a última semana da Cristina em Israel e por todas as obrigações de aula e trabalho não tive como visitar a Silvânia e o Tennessee mais a Silvinha, em Nazaré. Uma pena, uma oferta, escolhas justas que se faz. A Cris não sei quando a verei novamente e a Silvinha terei a graça de ver crescer - como não tive de ver meus próprios sobrinhos e sobrinhas no primeiro ano de vida de cada um -enquanto eu estiver em Israel.

Tenho falado diariamente com o Tenne e a Sil e partilho agora as notícias que eles me deram há pouco: Silvinha tem se desenvolvido dia após dia e já tirou um aparelho que a ajudava a respirar. Já passou a barreira do primeiro quilo e tem mamado, em conta gotas, por uma mamadeira mínima, o leite da Silvânia. Diz ela que a Silvinha já demonstra ter puxado a mãe, uma bezerrinha, que em seis dias de vida já passou de 5 para 10 ml! Três vezes ao dia a Silvânia tira o leite com uma bombinha e a cada dia a 'produção' aumenta, me disse ela, conforme a necessidade da menina. Tudo é Providência! Tudo é perfeitíssimo! Também aos poucos o desconforto pela cesariana vai melhorando e os pontos secando e caindo.

Somente os pais tem acesso 24 horas à incubadora e ninguém mais pode ver a pequenina, mas o Tennessee fez quatro filmes de 1 minuto cada com a câmera digital da missão, para que a família e os irmãos de comunidade pudessem ver a Silvinha e permanecessem rezando e agradecendo pelas graças de cada dia. Ela é bem miudinha, nasceu com somente 38 cm, mas o pé grande, parecido com o do pai, promete jogar um bolão um dia, se quiser aprender a jogar futebol como graças a Deus, passou a ser tão comum entre as meninas de umas décadas para cá, tanto no Brasil quanto em outros países. 

Passaremos todos juntos o Natal em Nazaré, por razões óbvias, mas o nascimento da Silvinha tão antes da hora, parece que nos deu uma alegria antecipada do Natal, do milagre da vida e da vida de Jesus, nos dado pelo Pai como criança no meio de nós. Talvez para mim, a emoção me tome mais profunda e pessoal pois também eu nasci de seis meses e meio como a Silvinha há mais de 50 anos e sobrevivi! Milagre dos mais bonitos! Também eu fui batizada ainda na sala de parto e tenho certeza que o mesmo Senhor que me quis sã e salva e Dele, não medindo amor para me conquistar, cercar e atrair, fará o mesmo e muito mais para esta pequena flor nascida em Nazaré.

Seja para quem parte, seja para quem chega, ou para quem permanece o que importa é amar a vontade de Deus e o próprio Deus, mais e melhor a cada dia, também neste Natal. É olhar para Ele e menos para si. E mesmo que faltem ainda muitas respostas para o nosso pequeno e muito míope coração e que as durezas do mundo e da vida sejam tão gritantes e violentas, é bom fazer como os pastores que deram atenção aos céus e aos anjos e cantaram com eles a Deus e foram alcançados pela Sua paz, a paz que somente Jesus pode dar aos corações.

Um comentário:

Ana Paula Pedrosa disse...

Diga a Sil e ao Tenessee, que já agradeço a Deus, pelo dom da vida da Silvinha... Que belo milagre de Natal!Sempre leio seu Blog Elena,fico feliz em percebe-la tão bem!!!
Bjs a todos!
Paulinha