sábado, 18 de junho de 2011

Água Mole em Pedra Dura...

Que semanas riquíssimas de fatos e de vida a que antecedeu e a que precedeu Pentecostes! Meu Deus, quanta coisa a contar e a partilhar e agradecer ao Senhor! Também uma correria sem fim por conta de visitas de amigos... Vou contar e assim dar continuidade à partilha que terminou na ida à Jerusalém com o Hai meu amigo vietnamita.

Nesta foto estou com Eran e Pe. Roman em Tiberíades na beira do Mar da Galiléia na minha primeira missa de Pentecostes: era sexta-feira e o Padre pediu companhia e 'cantores' para celebrar para a pequeníssima comunidade cristã de estrangeiros, trabalhadores de Srilanka, que vivem nesse cidade judia e que só tem a sexta-feira de folga. Lá fomos nós. Foi uma tarde muito agradável com direito a música em inglês no gogó, sem qualquer instrumento, com músicas pré-históricas da renovação carismática, que a gente diria, do tempo do onça (será que alguém ainda conhece esta expressão?). Para mim foi uma delicada dádiva do Espírito Santo que não me permitiu ficar um dia sequer sem celebrar a Eucaristia na novena à espera de Pentecostes e ainda cantar em inglês lembrando de priscas eras da juventude. Às sextas-feiras eu costumo não ter missa para ir mas dessa vez a providência divina veio em meu socorro... E mais: cantei a Salve-Regina em latim que eu tanto amo, junto com o Eran, mesmo que timidamente. Ele é judeu convertido, catecúmeno e conhece muita música sacra em latim por ter morando um tempo na Itália. Antes de voltarmos para casa tomamos sorvete, o meu naturalmente de pistache e café e a quebra na rotina, a boa companhia, e a paz no coração pela presença e o amor de Deus fizeram desta sexta-feira uma tarde especial. Acho também que era a ajuda de Nossa Senhora que queria me ajudar e melhor chegar ao fim da preparação para renovar minha consagração a ela que aconteceria - como aconteceu - dois dias após.

Sábado, vigília de Pentecostes, em Haifa na Pastoral Hebraica, segunda missa. A novidade e alegria dessa vez ficaram por conta da presença do Pe. Daniel, monge beneditino que eu finalmente conheci pessoalmente, depois de um ano e alguns meses de contato pela internet. Ele é um artista de muitos instrumentos: toca violão, tem um vozeirão de baixo de dar gosto, é iconógrafo dos bons, escultor, desenha, costura, é enfim, uma pessoas cheia de talentos. Como ele vinha para Ibillin ajudar no término do enorme Pantocrator da igreja melquita que faz parte da grande instituição educacional criada pelo arcebispo Elias Chacour, nós acabamos fazendo amizade por conta dos contatos via internet com o escritório e a Cúria. Sinto-o como um irmão no Senhor. Father Daniel Lenz é de fato uma pessoa muito simples e agradável. Ele já estava em Israel havia dias, pois seguira diretamente do aeroporto para Ibillin, e somente neste sábado, véspera de Pentecostes, pôde vir para Haifa e, assim, nos conhecemos pessoalmente.

Fico muito impressionada como são os laços do Espírito Santo os que nos ligam às pessoas de um modo mais profundo passando-as de estranhas a irmãos, sejam os de longe, sejam os de perto, pois a gente sabe que estas distâncias não são medidas em metros mas em amor. Tive assim a alegria de ouvir a voz do Fr. Dan e apresenta-los aos irmãos da Comunidade Shalom, da pastoral e é, claro, convidei-o para celebrar com o padre Roman e em hebraico pela primeira vez como se ve na foto. Fr. Dan também foi conosco para Jerusalém, para Pentecostes, no dia seguinte e foi uma festa só. 


Olha o tamanho da mão do Pe. Daniel conhecendo a Silvinha por quem ele intercedia havia seis meses. Que alegria a Silvânia aparecer na Pastoral Hebraica pela primeira vez com baby Sílvia bem no dia que o padre também estava visitando. Feliz delicadeza da providência divina.

Missa em Jerusalém em um convento franciscano que fica literalmente do lado do Cenáculo. O principal celebrante é outro padre Daniel, este salesiano e libanês que pela segunda vez acompanhou o nosso grupo.

Father Daniel, eu e o Steven, outro amigo também do Ulpan que como um presente o Senhor me deu para partilhar da fé, apresentar à comunidade, testemunhar a vida nova em Jesus Cristo. Steven é judeu canadense, cidadão de Israel, e uma pessoa muito agradável, sedenta de Deus, meu colega de escola. Para eu vencer as barreiras e falar o hebraico tem sido um parto difícil mas entre dores e lutas o amor do Senhor vai atraindo os corações a Si de uma maneira maravilhosa que só Deus pode fazer.  

Outro ângulo das pessoas presentes na missa em Pentecostes em Jerusalém.

 
Na hora do almoço todos se ajeitaram procurando sombra para partilharmos lanches, almoço, sucos e sobremesa, um picnic bem árabe. Na foto: Leandro, eu, Kézia, Thiago, Beto, Lucy, Joanna e Hannah.

 
Dentro do Cenáculo na área maior visitada por todos os peregrinos e turistas, até que fosse aberta a sala superior onde aconteceu a última ceia e onde Jesus ressuscitado na oitava da Páscoa aparece - se deixa ver ressuscitado - pela primeira vez e diz SHALOM! Toda vez que entro nesta sala o que é uma graça extraordinária, fico deveras emocionada e grata ao Senhor e só faço interceder e agradecer no Espírito.
 
Mais cenas do picnic e da turma que animou o almoço todo o tempo, gente de Nazaré com gente de Haifa.

 

Para guardar de lembrança: Fr. Daniel, mais um brother e friend dado por Deus, comigo diante das muralhas de Jerusalém!
A família da minha amiga Lubna: mãe, Nédia, e duas irmãs, Nelie e Nasrin com Father Daniel.

Nasrin, Lubna e Nelie. As duas primeiras parecem gêmeas mas não são. Todas foram muito tocadas pelo Espírito Santo quando finalmente nos permitiram entrar por 20 minutos na sala de cima do Cenáculo... ô glória! 
 

A pose é bem breguinha mas eu tirei esta foto porque queria registrar um espaço muito especial para partilhar a seguir. Estas paredes são mais importantes que o muro das lamentações. Elas testemunharam a glória dos Santos dos Santos não em tábuas da lei, mas na pessoa do Filho de Deus feito Homem, Jesus com seu corpo glorioso e ressuscitado, com seu coração transpassado soprando a paz e doando o Espírito Santo sem medidas aos apóstolos e a partir deles à toda humanidade, também em 2011... como não se sentir Tomé e rezar para que todos sejam Tomés e toquem o coração e o amor de Jesus?

Na hora que nos afastamos do Cenáculo por volta das 4 horas da tarde, ele estava lotado pois haveria uma liturgia no rito armeno e uma multidão de fiéis de muitas fisionomias se aproximava.

Do lado de fora pedi que o padre Daniel testemunhasse e junto com o Thiago renovei minha consagração à Nossa Senhora pela sexta vez no desejo de ser santa não por presunção mas por vocação. Acredito que havia o mesmo desejo no coração do meu irmão de Comunidade que fazia sua consagração pela primeira vez. Este é o desejo de Deus a nossa respeito: a santidade, a união com Ele em amor e liberdade, a nova criação, a plenitude da paz, a filiação e a paternidade divinas vividas sem restrições...

E para dar sentido ao título deste post no blog, termino com o seguinte comentário: dizia o Milor Fernandes que água mole em pedra dura tanto bate até que... acaba a água. Risos. Neste tempo atual, porém, por conta de tanta graça de Deus e presença do Espírito Santo, eu diria com humor, verdade e com rima: água mole em pedra dura tanto bate até que transfigura.

Nas áreas enrijecidas do coração quem vence é a água que jora em fonte inesgotável de amor. Que experiência maravilhosa de se constatar e de se desejar!

3 comentários:

Anônimo disse...

Elena, peço suas orações por mim. Agradeço bem muitão.

bjs
Shalom!!
Raiane
Petrolina-PE

Anônimo disse...

Lendo a sua narração, sentia-me participando de tudo. Maravilhas o Senhor está fazendo e vai fazer em sua vida.

Fátima Simas disse...

...água mole em pedra dura tanto bate até que transfigura.

Amei a narração de Pentecostes, na terra onde tudo aconteceu.
Obrigadão e continue partilhando suas experiências tão ricas.
Veni creator spiritus!!!!