quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Sobre a Guerra

Acabei de perguntar ao bispo Elias Chacour se ele acha que a guerra vai se espalhar para o resto do país como aconteceu em 2006 contra o Líbano, e ele disse que não. Como ele esteve esta segunda-feira numa cerimônia de fim de ano no Knesset, Parlamento de Israel, com Simon Perez e todas as outras grandes autoridades religiosas e civis do país, posso confiar no que ele diz, mais do que dizem os canais de TV.

O Abuna estava abatido pela covardia da guerra pois no hoje que ela acontece, Israel conta com as mais sofisticadas e precisas armas de guerra que a tecnologia pode oferecer e o dinheiro comprar, enquanto os palestinos refugiados em Gaza - cristãos e muçulmanos que têm sofrido privação de tudo, água, luz, comida - têm pedras e pouco ou nenhum armamento. Confesso que tenho muita antipatia e mesmo rejeição aos extremistas muçulmanos e que a tendência primeira é apoiar Israel, mas na verdade, a população de Gaza mais se parece uma ratoeira humana confiscada, humilhada, privada. Para mim, não são estas pessoas e famílias quem têm que pagar o preço da insanidade dos países árabes-muçulmanos que odeiam a política de Israel ou dos EUA. Como disse o Abuna, é tempo do Estado de Israel aprender a negociar com quem guerreia contra ele e não com quem ele tem paz.

O clima em casa está um pouco tenso porque Lorena, Tennessee e Viviane, (a Duca também estava no grupo, mas atualmente vive seu tempo sabático no Brasil e está protegida), sofreram o mês de medo e bombardeio em Haifa, em julho de 2006. Eles tiveram que se refugiar em abrigos, aprender a usar aquelas máscaras horrorosas contra gás, ouvir sirenes e responder imediatamente, ver aviões rasgando o céu da cidade, enfim, sofreram muito, mesmo estando completamente abandonados e entregues nas mãos do Senhor. Mas a possiblidade de uma nova guerra e o que isso implica trás à tona as lembranças de dor, a ansiedade e medo, o que é mais que natural.

Nestes últimos dias, na hora do jantar, nós temos partilhado as últimas notícias vistas na TV, lidas na Internet ou ouvidas de alguém, seja do motorista de taxi, do amigo da quitanda ou dos vizinhos da paróquia latina ou melquita. Acho que eu e os outros que não passamos a guerra estamos meio 'alienados', meio na expectativa, percebendo a tensão, mas tentando crer que tudo vai melhorar... seguramente temos rezado e pedido ao Senhor que de a quem precisa, em especial às autoridades, um coração humano, um coração de carne movido pelo amor do Seu Espírito e não pela estupidez na morte e da vingança, da covardia.

Fico muito sofrida quando vejo as cenas dos civis mortos, crianças, mães aos prantos, principalmente porque estes rostos se tornaram tão familiares, rostos de de traços árabes-palestinos, filhos de Deus...

Com certeza será um fim de ano sem fogos de artifício. Como pequenos shalomitas missionários que somos, temos a oferecer ao Senhor nossa súplica e intercessão por algozes e por vítimas, temos a oferecer nosso coração e nosso amor, muito imperfeito, mas sincero. Só Jesus, verdadeiramente, pode dar à Humanidade aquilo que ela sozinha não conseguiu jamais gerar: a Paz!
Shalom! Salaam!

Nenhum comentário: