Este blog agora toma nova cor e rumo pois tornei-me uma consultora de beleza independente Mary Kay! Meu assunto agora e'sobretudo o novo de Deus no universo do trabalho e da Beleza feminina. Serao dicas sobre cuidados com a pele, maquiagem e tudo de bom que ha' nesta empresa maravilhosa que tem por missao enriquecer a vida das mulheres. Vem se enriquecer tambem! E se voce quiser fazer parte da minha equipe de trabalho basta dar um sinal inbox. Shalom Pink!
terça-feira, 30 de setembro de 2008
Sta.Teresinha, rogai por nós!
domingo, 28 de setembro de 2008
Lorena, a Terrorista e o Ursinho de Pelúcia
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
Um novo amigo
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
no comments
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
Sobre a missa
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Uma poesia e tanto
terça-feira, 16 de setembro de 2008
A missão
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Quem sofre mais?
domingo, 14 de setembro de 2008
A Cruz que me carrega
Este é o detalhe do rosto de Jesus, morto na Cruz. Gosto sempre de lembrar que Jeus foi traído, martirizado, e morreu crucificado pelas mãos dos homens historicamente e pela mão de todos os homens, mistica e existencialmente, mas antes de ser morto Ele quis dar a sua vida. O evangelho de S.João vai nos dizer que Jesus livremente se deu como resgate por toda a criação e por toda a humanidade porque amava, porque quis. 'Ninguém tira a minha vida eu a dou livremente'. A explicação da festa de hoje, da exaltação da Santa Cruz, dada pelo padre Cantalamessa, vai nos lembrar das duas dimensões da Cruz, a da dor e a da glóra que, dependendo do período histórico vai ser acentuado uma ou outra.
Vamos deixar ele mesmo explicar:
Os dois modos evidenciam um aspecto verdadeiro do mistério. A forma moderna-dramática, realista, pungente – representa a cruz vista, por assim dizer, por diante, 'de cara', em sua crua realidade, no momento em que se morre nela. A cruz como símbolo do mal, do sofrimento do mundo e da tremenda realidade da morte. A cruz se representa aqui 'em suas causas', isto é, naquilo que, habitualmente, a ocasiona: o ódio, a maldade, a injustiça, o pecado.
O mundo antigo evidenciava não as causas, mas os efeitos da cruz. Não aquilo que produz a cruz, mas o que é produzido pela cruz: reconciliação, paz, glória, segurança, vida eterna. A cruz que Paulo define como 'glória' ou 'honra' do crente. A festividade de 14 de setembro chama-se 'exaltação' da cruz porque celebra precisamente este aspecto 'exaltante' da cruz.Deve-se unir à forma moderna de considerar a cruz, a antiga: redescobrir a cruz gloriosa.
Louvo a Deus por esta explicação tão clara e tão importante que me remete imediatamente aos Escritos da Vocação Shalom, quando o Moysés, o fundador, fala de Jesus sempre se referindo a Ele como o Shalom do Pai, ou o Ressuscitado que passou pela Cruz, que traz em seu corpo as marcas gloriosas de seu sofrimento. São inseparáveis estas duas dimensões da vida cristã que nos consolam e nos levam à frente, por isso a gente pode dizer que é a Cruz que nos carrega e não nós que carregamos a Cruz!
Este outro detalhe de dois personagens bíblicos retratados no ícone, mostram o soldado romano que transpassou o coração de Jesus e a fiel presença do discípulo amado, S.João que recebeu Maria Santíssima em sua casa e em seu coração como Mãe. Gosto de imaginar o quanto eles devem ter conversado a partilhado a respeito de Jesus. Não é à toa que o seu Evangelho é um transbordamento exuberante do amor e da esponsalidade do nosso Deus em Jesus Cristo, com cada ser humano!
Por fim, este último detalhe muito me emocionou no ícone: ver Santa Maria Madalena apoiando a Virgem Maria na sua agonia de ver seu Filho ser crucificado. Também ela O apoiava com o seu olhar e a sua presença, com a sua fé. Também ela renovava o seu Sim diante do Sim perfeito que Jesus dava ao Pai. E ao se deixar abraçar e apoiar por Santa Maria Madalena fica evidente que ela a considerava já uma filha, uma dileta discípula de Jesus.
Diante da Cruz me ficou esta pergunta todo o dia e acredito que vai continuar pela semana: com qual desses personagens eu me identifico e quero me parecer? De que maneira eu hoje exalto a Cruz do Senhor? Onde estou quando a contemplo?
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
As Bem-Aventuranças da Semana
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
Pra matar a curiosidade
Aqui é a visão que se tem do jardim quando se olha para a esquerda. Parece mais bonito mesmo. Se observarem bem, a casa está abaixo do jardim. Dizem que é para manter a temperatura mais amena tanto no verão quanto no inverno. Eu desço a escada e entro na casa que tem, no primeiro piso à esquerda, a capela e uma escada por onde se desce mais um lance de escada onde se encontram os quartos com banheiro, a cozinha, a sala de jantar, o escritório e a sala de televisão. No mesmo piso da capela tem uma salinha de estar que quase não se usa, que a gente apelida de praça de namoro dos noivos Silvânia e Tennessee pois, curiosamente, por mais tradicionalista e talvez até hipócrita que possa parecer, um homem e uma mulher jamais manifestam qualquer carinho ou contato físico em público, só se for o pai e a filha, mas ela não deve ter mais que cinco anos... estou exagerando mas é verdade. Os pobrezinhos dos noivos não podem nem andar de mãos dadas para não escandalizarem. Outro dia eu quis sair de braço dado com o Leandro que é um irmãozão de 28 anos, e eles disseram que de jeito nenhum, que podia pegar mal. Só se eu quisesse correr o risco de pensar que ele fosse meu filho, na melhor das hipóteses. Tem hábitos culturais aqui muito estranhos e diferentes para nós. É uma sociedade pouquíssimo sensual publicamente, mas que por debaixo dos panos esconde também seus segredos de traição, adultério, etc.
Eita que saudade que me deu dessas duas grandes amigas que não vejo há quase três meses! Fatinha, Janjan, amo vocês!Espero que estejam bem! Se cuidem! Vocês moram no meu coração e estão sempre presentes nas minhas orações.
Tinha até pensado em fazer algum comentário sobre os sete anos do atentado de 11 de setembro, mas surpreendentemente as pessoas com quem falei a respeito hoje na Cúria, me pareceram tão distante e indiferente ao assunto como nós, de certa maneira, no Brasil, porque o assunto não nos diz respeito. Talvez se eu estivesse em Bélem, que é território palestino, perto da Faixa de Gaza ou no West Bank eu sentiria outra reação das pessoas contra os EUA. Aqui na Galiléia parece que ninguém nem tomou conhecimento.
Como o bispo está na Suiça participando de um Congresso Teológico Mundial de Igrejas Protestantes cujo tema tem a ver com a paz, não tive oportunidade de perguntar a ele sobre este episódio que abalou o mundo. Se tiver chance na semana que vem quando ele voltar, vou tentar abordar o assunto pois tenho certeza que ele tem ponto de vista bem esclarecedor e preciso a respeito. Como ele é uma pessoa muito bem informada e relacionada, não fala como um sonhador mas como um líder, como um apóstolo de Jesus, que vive e arregaça as mangas e o coração para construir o Reino de Deus nestes tempos. E a faceta do Reino que ele constrói são pontes de diálogo e paz concreta entre as nações e as diferentes religiões que compõem o Oriente Médio. Conviver com o Abuna Elias Chacour é ter oportunidade de aprender com o jeito de ser e com a inteligênica.
Sem dúvida o terrorismo é um intrigante e muito complexo. É uma chaga, uma doença social que atinge toda a humanidade e que exige tratamento sério e demorado para vir a ser banido desde a sua gênese que tem a ver com a injustiça. É um tema tão sério que até a União Européia criou um cargo e um comitê específico só para tratar do assunto. Se cada um trabalhar bem na sua seara a fim de combater as injustiças sociais que acabam promovendo e alimentando as injustificáveis ações de terrorismo, a gente pode ter esperança. Eu tenho aprendido a ter!
Nós, como Comunidade e Carisma Shalom somos chamados a ser paz, canais de reconciliação. E nós estamos na Terra Santa, em Israel. Nossa missão aqui é, sem dúvida, um mistério que nos ultrapassa muito e que o Espírito Santo revelará com o tempo, no decorrer da história. Através da doação de nossas vidas vamos plantando a cada dia sementes de fé, de amor, de serviço, de oração e de ação de graças. Cremos na Obra Nova que o Espírito Santo faz sugir 'não a vedes?' nos pergunta a Palavra. Muitas vezes não, outras tantas sim. Há que se ter paciência e coragem de ser semente e morrer, quem sabe quem colherá os frutos? Espero que sejam aqueles que mais sofrem, sejma eles quem for.
Mas não deixo de pensar e repensar no mistério que envolve este dom do Espírito, dado para a Igreja e a Humanidade que é o Carisma Shalom aqui na Terra Santa: uma vocação cristã, de nome hebraico numa cultura árabe.
Quem se atreve a responder?
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
Se você morresse amanhã...
terça-feira, 9 de setembro de 2008
A vida é bela
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Feliz Aniversário Mãe do Céu!
A imagem um pouco maior, incluindo o rosto da Virgem Mãe e dos animais
Anúncio do Arcanjo Gabriel à Virgem Maria, revelando-lhe sua missão particular e única em toda a história da Humanidade e na Economia da Salvação: Ser Mãe do Filho de Deus! Também este é um ícone de uma das paredes laterais da paróquia melquita de Isifya
Ícone da Crucificação: vemos Santa Maria Madalena apoiando Nossa Senhora que tem sua mão no rosto, tamanha a dor de ver seu Filho amado, flagelado e em agonia. Também ela, mais uma vez e com Jesus, deu o seu SIM à vontade do Pai
domingo, 7 de setembro de 2008
Lazer em Murakah
Acho que exagerei no tamanho das fotos, mas ficaram boas. Quis escrever ontem à noite, como sempre faço, mas cheguei em casa tão tarde que nem consegui. Fomos até a casa do padre Alberto, carmelita, lá no Murakah, que eu uma vez expliquei, fica no ponto mais alto do Monte Carmelo onde o profeta Elias fez descer fogo do céu e consumir todas as oferendas dos falsos profestas de Baal, decapitando-os a seguir (confesso que esta linguagem bíblica de morte e de guerra no Antigo Testamento me é difícil, creio que para todos nós, que vivemos, somos, nos movemos e nos alimentamos, pela Eucaristia, do Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, o manso e pacífico Jesus, que dá a vida e ama até o fim...).
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
Flores para Aslan
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Um Testemunho Eloqüente
“Como você pôde fazer isto? É serio mesmo a sua conversão? Você agora idolatra Maria? Como você pode contar os seus segredos mais íntimos a outro homem na confissão? Por que você se converteu? Como você pode aceitar ensinamentos que não se encontram na Bíblia?”
Estas são algumas perguntas que tenho recebido desde que fui recepcionado na Igreja Católica. À medida que vão passando os anos, têm se tornado mais freqüentes desde que decidi colocar os fatos no papel para informar os curiosos. Espero que este pequeno resumo ajude os católicos a entender a mentalidade “evangélica” e também ajude os evangélicos a pensar um pouco sobre o problema central que jaz no coração deste assunto: a autoridade.
Minha filiação à Igreja Católica não foi uma conversão paulina, como a ocorrida no caminho de Damasco. Embora seja certo que Deus pode fazer coisas assim, meu caminho para a fé romana foi uma experiência educativa e gradual. A conversão é, em suma, um assunto espiritual, porém, muitos fatores podem contribuir para que ocorra. Meu desagrado pela confusão em que se encontra a cristandade evangélica foi o ponto de partida. Creio que foi a graça de Deus que me permitiu discernir a debilidade desse sistema religioso.
Mas antes que a minha insatisfação se fizesse sentir, estava eu muito feliz no Cristianismo evangélico. Confiava em Cristo, acreditava que os meus pecados seriam perdoados e pensava que conhecia os Evangelhos e o Novo Testamento. Pensava também que todas as demais religiões estavam erradas e via a Igreja Católica como uma igreja apóstata, cheia de corrupção medieval, que obscurecia o Evangelho para a ruína das almas. Estava convencido que a Palavra de Deus na Bíblia era a única autoridade para o crente (Sola Scriptura) e que eu era justificado apenas por minha fé e nada mais que a minha fé (Sola Fide). Estes eram para mim os principais lemas da batalha da Reforma. Quando encontrava algum católico, ia logo mostrando a “verdade” e tentava levá-los ao conhecimento de Cristo. Eu era tão anticatólico que me negava a orar na capela existente na universidade onde dava aula. Sabia que a União Evangélica Cristã buscava converter os católicos e pensava, então, que todo assunto católico era nada mais que pura hipocrisia.
Porém, a graça de Deus começava a operar em meu coração. Tudo começou com o tema do batismo. Os cristãos evangélicos estão bastante divididos a este respeito. Alguns aceitam o batismo de crianças e outros crêem que o batismo é apenas para o crente adulto. Estudei os fatos e não encontrei nenhuma referência explícita ao batismo de crianças no Novo Testamento; assim, decidi investigar quanto tinha sido inserida esta prática entre os cristãos. Será que poderia remontar aos tempos dos Apóstolos ou tinha se infiltrado na Igreja durante os primeiros séculos? Ao seu tempo, descobri que o batismo de crianças era claramente apoiado pelo registro histórico. Se tivesse sido uma inovação, deveria então existir algum protesto contra a sua introdução na Igreja. Não pude encontrar nem um só grupo cristão anterior ao século XVI que rejeitasse o batismo das crianças. E até descobri que estes primeiros cristãos batistas apenas aspergiam a cabeça do adulto ao batizá-lo. Achei que a imersão (que também era um ponto importante para alguns evangélicos) não tinha sido iniciado até o século XVII. Descobri, então, que as igrejas batistas eram frágeis quanto ao rigor e a continuidade histórica.
Assim, rejeitei o batismo “apenas para adultos”. Para mim, isto era uma parte crucial da verdade e comecei a tentar convencer os evangélicos batistas agora que tinha conhecimento do erro de suas crenças. Alguns me disseram que eu estava obcecado por um assunto de importância secundária. Isto me chocou! Como poderia um mandamento solene de Jesus Cristo ser considerado como de importância secundária? Fiquei assombrado quando o renomado líder evangélico Martyn Lloyd-Jones, em seu livro “What Is an Evangelical?” (”O que é um Evangélico?”) comentou sobre o assunto da desunião das igrejas evangélicas, dizendo: “Outro assunto que devemos pôr na mesma categoria é a idade e o modo do batismo: a idade do candidato e o modo de administrar o rito do batismo. Devo pôr, então, na categoria das coisas que não são essenciais porque não se pode provar nem um nem outro usando apenas as Escrituras. Lí livros sobre o tema durante 44 anos e creio que sei menos agora do que sabia no começo. Portanto, enquanto afirmo - junto com todos nós - que creio no batismo, porque é evidentemente uma ordem de Deus, não devemos nos separar no que tange à idade do candidato e ao modo de administrá-lo”.
Aqui temos um homem que, crendo na autoridade da Bíblia como única condutora do crente, não pôde estabelecer o padrão bíblico para o Batismo. Isto é o que eu chamo de “aprender e não chegar ao conhecimento da verdade”. Ironicamente, na mesma obra, Lloyd-Jones ensina a suficiência da Escritura e que o Evangelicalismo é muito mais claro em sua lógica que o Catolicismo! Isto me fez olhar para outras discordâncias que existem entre os evangélicos. Se fossem apenas assuntos secundários, não haveria a necessidade de criar denominações separadas, cada qual esgrimando diferentes teorias para o retorno do Senhor, para o significado da Ceia do Senhor, se o crente pode ou não pode perder a sua salvação, ou as disputas sobre os dons carismáticos. A lista é longa.
A minha formação acadêmica é a de historiador e, como tal, me concentrei na História da Igreja. Não pude deixar de me assombrar quando vi que não podia encontrar nem um só registro do cristianismo evangélico na Igreja anterior ao século XVI. Nem mesmo os valdenses e os seguidores de Wyclif tinham idéia da salvação apenas pela fé. Ambos os grupos participavam dos sacramentos da Igreja Católica e passaram como movimentos de reforma dentro da Igreja e não como igrejas separadas. Nenhum dos Padres da Igreja pregou a salvação somente pela fé. O próprio Wyclif morreu enquanto participava de uma missa, sem ter sido batizado como crente e contente com seu batismo católico que recebera quando criança!
A teoria de que a conversão do imperador romano Constantino no século IV deu início à corrupção da Igreja é ainda mais inacreditável. Descobrí que a Igreja primitiva cria no batismo das crianças, na regeneração pelo batismo, nos bispos, na sucessão apostólica, na presença de Cristo na Eucaristia, no sacerdócio sacrificial, nas orações pelos falecidos e de um papel todo especial do bispo de Roma. Tudo isto se encontra claramente séculos antes de Constantino. Nas palavras do Cardeal Newman, “quem adentra na História, deixa de ser protestante”. Não pude achar um só registro dos evangélicos bíblicos, um grupinho de fiéis que se apegaram às crenças que caracterizam os evangélicos de hoje: somente a Bíblia e justificação apenas pela fé. O tratamento evangélico para a História da Igreja é superficial: nos fala de pessoas como Ambrósio, Agostinho e Atanásio como se fossem cristãos que apenas empregavam a Bíblia, ignorando completamente o contexto católico em que eles viveram. Classifico isto como intelectualmente desonesto.
Descobrí que a história dos evangélicos está assentada sobre mitos. A Igreja Católica - me afirmavam - tinha queimado as cópias da Bíblia. Pelo contrário, comprovei que a Igreja Católica preservou a Bíblia, definindo o seu cânon e só queimou e proibiu a leitura das edições que eram traduções inexatas e heréticas. Por exemplo, Bíblias como a tradução de Tyndale, que ostentava notas de rodapé atacando a Igreja e o Papa. Também descobrí versões traduzidas para os idiomas vernáculos vários anos antes da reforma alemã. Os Evangelhos foram traduzidos para o anglo-saxão muito antes que o idioma inglês fosse formado!
Também descobrí que o famoso “Livro dos Mártires”, de John Fox, um católico apóstata do século XVI, era impreciso. Muitos dos “martires” durante o reinado de Maria Tudor eram anti-ortodoxos, tendo sido queimados durante o reinado da rainha Isabel, que era protestante. De fato, Fox apoiou um regime que torturou e assassinou católicos que apenas queriam viver na fé dos seus antepassados. Apoiou também um regime que queimou cristãos evangélicos como os batistas! Foram cristãos protestantes os que perseguiram os pais do Puritanismo na Inglaterra do século XIX e esse grupo, por sua vez, já estabelecido na América, passou a perseguir os seus próprios companheiros de fé.
Eu tinha aceito a falsa idéia perpetuada por Lloyd-Jones e outros mestres evangélicos, que os católicos crêem na revelação contínua. Descobrí que, muito pelo contrário, a doutrina católica ensina que a revelação pública terminou com o que receberam os Apóstolos e que a fé foi entregue de uma vez aos santos. É dever da Igreja, como “coluna e fundamento da verdade” (1Timóteo 3,15), a interpretação e o discernimento do depósito original da fé. A Igreja Católica não inventou a transubstanciação no século XII, nem inventou o dogma trinitário no século IV. Como evangélico, fiquei perplexo ao me encontrar na mesma situação dos Testemunhas de Jeová que afirmam que a palavra “Trindade” não se encontra na Bíblia. Eu imaginava que a doutrina estivesse ali e o termo simplesmente a definia. Porém, acabava tendo por problema o fato de não poder usar este argumento para discutir a questão do Purgatório com um católico. Eu acabava respondendo que o caso do Purgatória não podia ser definido claramente. Mas esta era uma resposta bastante deficiente pois era subjetivamente evangélica. Além disso, Lutero, Calvino, Wesley e uma certa quantidade de outros reformistas “enxergavam” o batismo das crianças, enquanto que Spurgeon, Billy Graham e muitos outros não o encontravam na Bíblia. O ensinamento católico era mais lógico: Deus estabeleceu uma Igreja como árbitro final e não pode ela ser culpada pela confusão. O desenvolvimento da doutrina é como a revelação de um filme fotográfico: a imagem está no filme, mas à medida que o tempo e as circunstâncias mudam, a imagem se torna mais visível.
Não pude encontrar um só texto que afirmasse que apenas a Bíblia era suficiente. A famosa passagem que afirma que a Escritura é útil (2Timóteo 3,16) significa claramente que é um apoio, não que seja suficiente. Assim como é útil para mim beber água regularmente, mas não é suficiente como a alimentação completa. Não pude encontrar um só versículo que ensinasse que a Palavra de Deus deveria ser exclusivamente a palavra escrita. Mas encontrei Jesus honrando as tradições da fé judaica de sua comunidade, que não se encontravam na Escritura; sua condenação das falsas interpretações das tradições feitas pelos fariseus não era uma condenação da tradição em si mesma, já que a Igreja que Ele fundou sobre os Apóstolos aceitou tanto as tradições escritas [Escrituras] quanto as orais.
Nesse momento decidi reexaminar a minha crença em Cristo. Seria possível alguém ter sido enganado? Seria possível que Cristo fosse um falso Messias? Depois de todos os judeus O terem negado, poderia o povo mais brilhante e durador do mundo ter se equivocado? Portanto, comecei a ler apologética judaica contrária ao Cristianismo, que centrava seus ataques principalmente afirmando que as profecias sobre o Messias não tinham se cumprido; afirma ainda que Jesus nunca declarou ser Deus e que os seguidores gentios acrescentaram “conceitos pagãos” como o nascimento virginal e a Encarnação. Isto me fascinava porque se parecia muito com as acusações que os anticatólicos fazem, dizendo que essas mesmas coisas são acréscimos pagãos. Passei a ver isto como a culminância lógica da teoria evangélica: se o Paganismo contaminou o Cristianismo, então como pode um ensinamento divino e permanente ser comparável à incorruptível Torah? Outro livro anticristão me levou ainda mais para essa direção ao me questionar: se a religião de Cristo é a verdade, por que existem tantas igrejas cristãs diferentes? Assim enxerga o Cristianismo o intelectual judeu: como um fracasso.
Então voltei novamente a observar Cristo. Não poderia rejeitar sua divindade. Poderia ver que o Novo Testamento ensinava que Ele é Deus e isto não era um acréscimo pagão. O judaísmo moderno não é igual ao judaísmo da época de Nosso Senhor; é algo que se desenvolveu com o tempo e que também se dividiu em seitas. Inclusive, dentro do judaísmo ortodoxo há interpretações rabínicas que estão em conflito. Continuei me apegando fervorosamente à minha crença no Cristianismo “apenas com a Bíblia”. A forma de vida e a comunidade evangélicas são muito acolhedoras e, para mim, os cultos católicos pareciam frios quando comparados. Ao mesmo tempo, me desiludia cada vez mais da apologética anticatólica. Livros como “Catolicismo Romano”, de Loraine Boettner (um clássico anticatólico), apresentavam grosseiras distorções da realidade da doutrina e história [católicas]. Lembro-me de ter lido um livro evangélico que ridicularizava a doutrina católica da intenção sacramental. Na verdade, ridicularizava uma má representação dessa doutrina. A interpretação evangélica clássica dos textos petrinos cruciais, como Mateus 16, fundamenta-se em uma visão defeituosa e, então, eu já podia vê-la claramente. O jogo de palavras entre “Petros” e “petra” era periférico, uma vez que Nosso Senhor falava aramaico. A maioria dos eruditos evangélicos de hoje aceita a visão de que Pedro é a pedra e que recebeu as chaves da autoridade de uma maneira especial, pois assim como os antigos reis de Israel delegavam suas chaves de autoridade ao seu principal ministro ou vizir, Jesus designou Pedro como seu representante ou vigário. As chaves, em qualquer cultura civilizada, representam poder. Me dei conta que distorciam os escritos dos Padres da Igreja para fazê-los harmonizar com seus argumentos anticatólicos.
Há algumas pessoas que propõem a idéia de que os Padres da Igreja estão em desacordo com a idéia de Pedro ser a pedra de que fala Mateus 16. Um exame cuidadoso dos escritos patrísticos revela que se referem a diversos aspectos e significados das Escrituras; assim como uma casa é construída sobre uma série de alicerces, os escritores patrísticos observam os diferentes sentidos da Escritura sem se contradizer em absoluto.
Ao contrário do que anunciava o mito evangélico, encontrei aí evidência histórica abundante para a presença de Pedro em Roma e o estabelecimento de seu Bispado. Ao ouvir Nosso Senhor dizer [a Pedro] que a carne e o sangue não lhe tinham revelado sua divindade, podemos ver o dom de Deus que é o Papado em sua forma embrionária. Me surpreendeu encontrar, já desde o século I (quando o Apóstolo João ainda vivia), que o bispo de Roma escrevesse à igreja de Corinto, instruindo e advertindo seus membros que, se não considerassem o seu conselho, estariam em grave perigo. Com o passar dos séculos, a evidência do Papado aumenta. Então descobrí que havia respostas razoáveis para as objeções evangélicas. Lembro-me muito bem do comentário que lí em um “livro de visitas” de certa igreja anglicana; foi escrito, obviamente, por um visitante católico e dizia: “Onde está Pedro, aí está a Igreja”. Essas palavras que ficaram gravadas na minha mente, eram as palavras de Ambrósio, proferidas no século IV. A igreja angligana pode ter conservado os edifícios católicos erguidos antes da Reforma, porém, certamente, não conservou a antiga fé. Apesar de sua “cara de Catolicismo”, a igreja anglicana do século XIX é protestante. Isso se manifesta na ordenação de mulheres e outras aberrações que nela tomaram forma. O papel de Pedro chegou a estar tão claro para mim, que nem sequer conseguia considerar a pretensão das igrejas ortodoxas orientais de ser a verdadeira Igreja de Cristo. Nessas igrejas (ou, melhor dizendo, nessas comunhões) pude apreciar uma formosa liturgia, mas também uma falta de clareza magisterial. Por exemplo, até a década de 1930, as igrejas cristãs rejeitaram claramente a anticoncepção como uma coisa instrinsicamente imoral. Em 1930, a igreja anglicana a aprovou e outras [igrejas] a seguiram a partir de então. Isso inclui os ortodoxos, que também aceitam o divórico e as segundas núpcias. Apenas a Igreja Católica manteve uma posição firme nesses assuntos e isso sob o custo de perder a Inglaterra no século XVI.
Os ortodoxos abandonaram o sucessor de Pedro para se apegar ao poder imperial de Constantinopla. Depositando sua confinça nos príncipes, colheram finalmente um fracasso. Enquanto todas estas coisas me indicavam, sem sombra de dúvidas, que a pedra da Igreja Católica era firme, o liberalismo de algumas pessoas dentro da Igreja me pertubava. Então, ao ler a parábola da casa construída sobre a pedra, me dei conta que a chuva e o vento a ferem também. Os excêntricos e os dissidentes, porém, não podem demolir a casa; podem tirar-lhe pedaços da pedra, mas não a pode destruir. Assim foi que descobrí, pararalelamente ao que ocorreu com Nosso Senhor, que a oposição se concentra em três áreas principais. Durante o ministério terrestre [de Jesus], as autoridades religiosas se horrorizaram diante:
1. Das suas declarações de ser Deus;
2. Do fato de que perdoava os pecados; e
3. De sua declaração que, para ter a vida eterna, deve-se comer de Seu Corpo e Sangue.
Tudo isto continua sendo a razão de uma oposição virulenta entre os evangélicos. Lembro-me muito bem que, quando era evangélico, ironizava o ensinamento católico da confissão a um sacerdote, da crença na transubstanciação, na Missa, na infalibilidade do papa e da Igreja. Lembro-me de ter refutado, afirmando que apenas Deus poderia ser infalível.
Meu exame cuidadoso das Escrituras me mostrou também que a doutrina católica sobre Maria se fundamenta na Palavra de Deus e não é importada do Paganismo. O fato de os pagãos terem cultuado deusas não invalida a crença em Maria, assim como o fato de os pagãos terem realizado sacrifícios não invalida os sacrifícios ordenados na Bíblia. Pude perceber que os católicos não a adoram mais que os anglicanos adoram a Oliver Cromwell, quando estes colocam flores aos pés de sua estátua nos dias comemorativos.
A doutrina católica da comunhão dos santos chegou a ser para mim uma verdade estabelecida. Se “a oração do justo tem muito poder” então aqueles que morreram no Senhor, sendo espíritos perfeitos de homens justos, devem possuir um valor superlativo para nós. Isto é ilustrado perfeitamente em Apocalipse 5, em que os 24 anciãos representam os santos que oferecem suas orações a Deus. Antes de ingressar na Igreja Católica, uma das últimas linhas de resistência evangélicas é levantar as vidas de certos católicos que são bastante desastrosas. Essa objeção me foi dissipada ao ler Ronald Knox. Knox foi criado em um ambiente profundamente evangélico e logo se converteu ao Catolicismo. Uma vez disse que se ele esquecesse o guarda-chuva na entrada de um templo metodista, ao retornar encontrá-lo-ia ainda ali; porém, não seria possível assegurar que o mesmo ocorreria em um templo católico. Os metodistas usaram muitas vezes esta frase a seu favor; contudo, na realidade, é um testemunho contrário a eles. Cristo veio para salvar os pecadores e a rede da Igreja foi lançada para pescar todos os homens. A Igreja não é um clube para leitores da Bíblia de classe média; a Igreja de Jesus Cristo é uma poção misturada e o erro dos reformistas foi acreditar que a Igreja deve ser composta 100% pelos eleitos de Deus.
Nosso Senhor disse claramente que “muitos são chamados, mas poucos os escolhidos”. Ainda que seja certo que conheci alguns católicos bastante desviados da fé, também é certo que a grande maioria dos católicos são pessoas de bem que querem viver a vida em conformidade com os ensinamentos da Igreja. O fato de muitos católicos desobedecerem os ensinamentos da Igreja só confirma as palavras de Nosso Senhor: “A quem mais se dá, mais lhe será exigido”. São os católicos os que terão um juízo mais severo, iniciado pela Casa de Deus, quando o Senhor, no fim dos tempos, separar o trigo do joio.
Comecei a perceber que, tal como os fariseus do tempo de Jesus, os evangélicos tinham um ponto de vista superficial sobre a adoração de Jesus. Isto pode soar um pouco duro, mas de fato muitos cristãos “bíblicos” acumularam uma série de regras que condenam comportamentos certamente inofensivos, como se fossem anticristãos. Primeiro, se favorece a opinião de que ingerir algo é pecado e logo se ensina que Jesus bebeu apenas suco de uva, e que o vinho do milagre de Caná não tinha teor alcóolico. A outro pode parecer que dançar é abominável. Pode-se escrever uma longa lista de costumes semelhantes. Há evangélicos que pensam que fumar é evidência de que alguém não é crente, mas Spurgeon, comentarista batista do século XIX, fumava. Outros não jogam na loteria, mas investem seu dinheiro na bolsa. É quase impossível criar um estereótipo do crente evangélico, mas é possível dizer com segurança que a grande maioria aceita a anticoncepção. Pagam o dízimo de seu ganho a Deus (o evangelismo não custa barato a ninguém), mas não de seus corpos. Todo o sistema da “Sola Scriptura” é subjetivo. Foi-me contada uma história sobre uma senhora a quem alguém perguntou se acreditava realmente que ela e seu empregado eram os únicos cristãos, ao que ela respondeu: “Bom… Não estou muito segura se Jaime é”.
Não estou sozinho, pois nos últimos anos muitos evangélicos tradicionais converteram-se à fé católica. E o fizeram ainda que o caminho para a Igreja estivesse bloqueado por falsas representações semeadas pela oposição. Isto é seguramente uma graça de Deus, pois sempre haverá oposição para aqueles que quiserem cumprir perfeitamente as palavras de Nosso Senhor. A oposição provém das forças do secularismo, do materialismo, do modernismo e de outras filosofias. Tudo isto rejeita os ensinamentos que são peculiares à Igreja Católica. A Igreja é a pedra pequena predita pelo profeta Daniel, que destruirá a falsa imagem. É a semente que cresce até se tornar uma forte árvore. É o caminho que Isaías profetizou e que os homens não poderão deixar de encontrar. É a casa erguida sobre a rocha.
O Cardeal Herbert Vaughan (1832-1903) resumiu com palavras muito sábias o que usarei como corolário:
“É prática comum dos opositores da Igreja Católica tentar frear as almas apresentando-lhes uma multidão de dificuldades e objeções contra as doutrinas da Igreja. Sobre isto, podemos dizer duas coisas: Primeiro, seria muito fácil examinar esta lista de dificuldades e publicar um exame das mesmas, o que já foi feito por doutos católicos em grandes obras. Porém, é óbvio que para contender com tais problemas, deveria ser um teólogo ou passar toda a vida pesquisando, já que é necessário refutar todas as acusações. Por outro lado, temos as obras dos escritores anticatólicos, escritas para cegar ou confundir o caminho. Obras compostas por calúnias, citações adulteradas e uma mistura cuidadosamente dosificada de erro e verdade. Tais [obras] tentam, ao mesmo tempo, golpear e alienar tanto no sentido moral quanto no sentido intelectual. Se não conseguem total êxito assim, ao menos semeam perplexidade, ansiedade e o retardamento no caminho da busca de Deus. Porém, ao invés de ingressar em um labirinto cheio de dificuldades e quebra-cabeças de objeções, a via mais curta e satisfatória deverá ser eleita. Primeiro, encontrar o divino mestre, o pastor supremo, o vigário de Cristo. Concentre todas as suas faculdades mentais e morais na cabeça terrestre da Igreja de Deus. Essa é a chave para resolver esta situação”.
Publicado originalmente em inglês na revista “This Rock” Vol. 9, nº 3 em março de 1998. Robert Ian Williams, oriundo de Gales, é professor em Londres e publicou uma série de curtos tratados sobre a fé católica e sua história.