sábado, 12 de julho de 2008

Trabalho e Fraternidade

Tenho escrito pouco sobre o trabalho. Talvez é porque tudo ainda seja muito novo e eu só consiga mexer com os arquivos em inglês e escrever em inglês. Na verdade o Abuna (Sayidna que significa bispo em árabe) Chacour faz questão de responder pessoalmente - ou seja, assinar e não mandar assinatura eletrônica - a todas as pessoas, por exemplo, que mandam doações para o Instituto de Educação que ele fundou (já é uma faculdade), sejam 75 ou 5.000 dólares, ou ainda para todos os líderes de igrejas protestantes, ortodoxas, sei lá mais quanta gente, que escreve para ele. Eu 'sinto', pelo que entendi até agora e pelo que já fiz, que meu papel é responder a estas cartas. Ele me dita algumas idéias e eu as coloco no papel. É claro que existe control C, control V e a gente le e aproveita o que já foi escrito anteriormente, mas me parece que ele preza sobre todas as coisas, manter relações humanas pessoais com cada indivíduo que ele conhece, daí as respostas terem um toque pessoal. Já fiz algumas e até agora as que lhe apresentei passaram no teste. Tem muito material atrasado a ser respondido porque a quantidade de serviço diário, de solicitações, emails, pessoas que querem ir até Ibilim, onde fica a instituição de ensino, e todos os assuntos da Cúria, dos abunas (padres), paróquias de toda a arquidiocese são tratadas no escritório onde estou. Bendito seja Deus pela Lubna, sua assistente há quase nove anos e que, além de ser uma pessoa muito competente é, acima de tudo, uma mulher de Deus, do Caminho (Neo-Catecumenato), o que faz com que ela imprima um caráter de missão ao trabalho tão exigente que faz. Temos nos tornado boas amigas e a espiritualidade e o amor ao Senhor que temos faz com que nosso relacionamento seja construído em bases sólidas. Eu trabalho seis horas direto, de 9 às 15. Não é tão rígido assim, nem a chegada nem a saída, porque eu não estou na Dinamarca e sim em território árabe que tem muito a ver com o jeito meio brasileiro-italiano de não rigidez, que faz com que o ônibus não seja pontual nem na ida nem da vinda. Mas todo mundo sabe dessa realidade - até o bispo, talvez ele mais do que todos. Portanto as 9 horas pode ser 8:45 ou 9:30, vai depender do horário do ônibus e do tráfego em Haifa que nas horas do rush é sempre pesado.
O desafio da língua é inegável e há que se ter coragem para arriscar a falar o mínimo de frases que se sabe, sem se sentir abobalhado, e começar a estudar sistematicamente, o quanto antes. E haja disciplina! Eu, como professora de inglês, sei bem o empenho exigido para se aprender bem um idioma e creio que este conhecimento e experiência me ajudam. Ainda está em discernimento por causa de horário, grana, etc, o que vou estudar primeiro, se o árabe ou o hebraico. Está nas mãos de Deus. Seja como for, o hebraico será só a partir de 1 de setembro quando o ano letivo começa. Enquanto isso já me foi entregue hoje o Assimil do árabe - sem os cds que foram surrupiados - para começar a encarar o alfabeto, nushkorala (graças a Deus)!
Outra coisa que pouco comentei e que vale a pena lembrar, hoje, dia que toda a comunidade fez memória das grandes graças recebidas nesse ano jubilar, é a graça da Fraternidade. Não tenho dúvida que muita água ainda vai rolar debaixo da ponte, e que muito sal ainda precisa ser comido junto, como diz o provérbio árabe, para que estes irmãos com quem moro atualmente, se tornem verdadeiramente mais íntimos, ou seja, que as máscaras caiam. No entanto, há uma graça de fraternidade gerada pela comunnhão no mesmo batismo e no mesmo carisma que é sobrenatural! O que nos une é mais forte do que a morte, mesmo quando as arestas se tocarem. Tenho aprendido a amar e a conviver, brincar e observar os rapazes: Leonardo, Tales, Tennessee e Camilo (que daqui a 10 dias viaja para ser da turma de desbravadores que começam a missão na Tunísia, na África), e as moças: Silvânia, Andréa, Viviane, Lorena e Duca. Gente boa esse pessoal! Deixo aqui registrada a minha amizade crescente por cada um deles, a minha gratidão pela fraternidade vivida nas pequenas coisas da rotina tão intensa que cada um leva, e meu testemunho de sentir-me em paz, construindo relações abertas de ponte onde agora vivo, e que se torna 'minha casa e minha família'. Creio que existe uma graça própria quando se é missionário em terras distantes: fica mais evidente a unidade e a necessidade de que ela seja experimentada em concretude e na alegria. O Shalom de Haifa e de Isifya são assim. Obrigada irmãos por toda acolhida! Que juntos plantemos muitas sementes de mostarda (leitura do Evangelho de hoje no rito melquita), que escondam em seu núcleo a Paz do Senhor, o Shalom. Que essas sementes plantadas pelos quie já passaram por aqui e por nós que aqui chegamos e continuamos, se transformem, por milagre e graça do Espírito, em árvores frondosas onde muitos possas se abrigar e encontrar o amor do Pai. Um beijo para cada pessoa que visitar o blog. Que o Senhor abençoe a cada um! Amanhã tem mais novidade. Aguardem!

2 comentários:

Sheila Moura disse...

Oi Elena se não me engano a Camila vai estar em Haifa nesta segunda e terça, ela esta hoje em Jerusalem e segue na quarta para o Kibbutz Neot Samadar, enviei o telefone dela pro seu gmail.
bjs
Sheila

MARIA Nome do meio - opcional CASTRO disse...

ELENA EU NÃO SABIA QUE VC ESTAVA EM ISRAEL!QUANDO VC FOI? ADOREI O BLOG. UM BJO NO CORAÇÃO, ADÍLIA